Quinquagésima Assembleia da CNBB
[dropcap]O[/dropcap] título já indica o tom jubilar da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizada de 18 a 26 de abril, em Aparecida. Foram diversos os motivos do júbilo. Primeiramente, o fato dos Bispos do Brasil se reunirem 50 vezes em Assembleia Geral para refletirem sobre a vida e a missão da Igreja em nosso país; muitos e ricos frutos foram produzidos por essas Assembleias. Outro grande motivo é os 60 anos de existência de nossa Conferência Episcopal: a CNBB foi fundada em 14 de outubro de 1952. O terceiro grande motivo do júbilo foi a abertura da comemoração dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II; ele foi inaugurado no dia 11 de outubro de 1962, pela Papa Joao XXIII, hoje Beato.
Toda Assembleia Geral da CNBB tem um tema central; o tema desta foi: “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. Este tema foi estudado longamente pelos Bispos. Depois, o texto final foi votado e aprovado por unanimidade e será publicado como documento da CNBB com o título: “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja”.
Este documento divide-se em três partes: “a Palavra de Deus”; “nossa resposta à Palavra”; “a Palavra e os caminhos da missão”. Na primeira parte, nosso documento retrata o ensinamento do Concílio Vaticano II e da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini do Papa Bento XVI sobre a Palavra de Deus. Ao Deus que fala, que Se revela, que Se comunica com os homens é preciso dar a nossa resposta; este é o conteúdo da segunda parte. “A iniciativa é do Senhor que quer revelar-se. Ele, no entanto, aguarda a abertura e a adesão do ser humano, do qual se requer a ‘obediência da fé’ (cf Rm 1, 5; 16,26) que significa submeter-se livremente à palavra escutada” (nº 35 do Documento). Nesta parte, o Documento aprofunda a questão da animação bíblica da pastoral, tendo como pano de fundo o texto de At 8, 26-40. A terceira parte apresenta as diversas linhas de ação para a animação bíblica de toda pastoral: linhas de ação para o Caminho de Conhecimento e Interpretação da Palavra; linhas de ação para o Caminho de Oração com a Palavra e Comunhão; linhas de ação para o Caminho de Evangelização e Proclamação da Palavra. Na conclusão, os Bispos dizem: “Exortamos a todos para que estas linhas de ação influam eficazmente na vida e na missão da Igreja, particularmente na Catequese, na Liturgia e no Testemunho da caridade, contribuindo, assim, para a vivência da Fé, pois sabemos que a Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela” […] “Que por intercessão de Maria e dos santos e santas, a escuta da Palavra faça crescer nossa fé; pela fé, esperemos e esperando, amemos” (161 e 167).
Ainda durante a 50ª Assembleia aconteceu a celebração especial de abertura das comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II, na qual foram recordadas a convocação do Concílio, o objetivo e finalidade do mesmo; além desta celebração foi elaborada uma “Mensagem dos Bispos do Brasil sobre a celebração do 50º aniversário do Concílio Vaticano II” destinada “ao clero, consagrados e consagradas na Vida Religiosa e em outras formas de consagração a Deus, ao querido povo de Deus em nossas Dioceses”.
A 50ª Assembleia Geral produziu também duas Notas. Uma Nota em defesa dos territórios e dos direitos dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais populações tradicionais, na qual “Conclamamos o Governo Brasileiro ao cumprimento da Constituição Federal e dos instrumentos internacionais dos quais o Brasil é signatário, especialmente a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT; à proteção dos direitos dos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e das demais populações tradicionais, como forma de pagamento da dívida histórica que o Brasil tem com esses povos, demarcando e homologando os seus territórios, impedindo sal invasão, em defesa dos mais pobres e vulneráveis em nosso País”. A outra Nota refere-se a Reforma do Código Penal; nesta, a CNBB “expressa, por missão e dever, seu interesse em acompanhar o processo em marcha e declarar seu compromisso de corresponsabilidade da consolidação da democracia”. A Assembleia elaborou também uma Mensagem sobre as eleições municipais.
Muitos outros assuntos foram tratados na Assembleia tais como: assuntos de Liturgia, com aprovação da tradução de mais uma parte do Missal Romano; assuntos da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé; a 13ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos; reflexão sobre a decisão do STF a respeito de fetos anencefálicos. A 50ª Assembleia Geral foi um rico momento para o Episcopado brasileiro e para a Igreja no Brasil. Aguardemos a publicação do Documento “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja” que muito nos ajudará em nossa missão.
Dom Moacir Silva
Bispo Diocesano