Animação Bíblica

Já faz bastante tempo que o mês de setembro é conhecido e vivido na Igreja, aqui no Brasil, como mês da Bíblia, como um momento forte da pastoral bíblica.

O Sínodo de 2008 sobre a Palavra de Deus na vida e na missão de Igreja “convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que se incremente a pastoral bíblica… como animação bíblica da pastoral inteira” (VD, 73).

As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) 2011-2015, faz eco a este convite do Sínodo quando na apresentação das urgências da Evangelização (Capítulo IIII) e nas perspectivas de ação (Capítulo IV) nos apresenta a “Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral”.

Dentro das urgências precisamos ter presente que “o atual momento da ação evangelizador convida o discípulo missionário a redescobrir o contato pessoal e comunitário como a Palavra de Deus como lugar privilegiado de encontro com Jesus Cristo” (DGAE, 45). Redescobrir “que o contato profundo e vivencial com as Escrituras é condição indispensável para encontrar a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo e aderir ao Reino de Deus (DGAE, 46). Não podemos nos esquecer que é “no contato eclesial com a Palavra de Deus que o discípulo missionário, permanecendo fiel, vai encontrar forças para atravessar um período histórico de pluralismo e de grandes incertezas” (DGAE, 47). Somos bombardeados a todo o momento por questões que desafiam a fé, a ética e a esperança.

Dentro ainda das urgências as Diretrizes constam: “nosso tempo traz em si uma ambigüidade. Estamos num tempo de muitas falas, muitos ruídos, muito barulho, incertezas e crise de referência. O mundo fala, mas tem sede de palavra que guia, tranqüiliza, impulsiona, envolve, ajuda a discernir. O mundo tem sede, portanto da Palavra de Deus. Nosso tempo carece de conhecer verdadeiramente a Palavra, deixar-se apaixonar por ela…” (DGAE, 48). Tudo isso mostra a necessidade de uma animação bíblica de toda pastoral que vá além de uma pastoral bíblica especializada; uma animação que nos conduza “a uma iluminação bíblica de toda a vida, por que é um caminho de conhecimento e interpretação da Palavra, um caminho de comunhão e oração com a Palavra e um caminho de evangelização e proclamação da Palavra” (DGAE, 53).

Nas perspectivas de ação, as Diretrizes enfatizam que “todos os serviços eclesiais precisam estar fundamentados na Palavra de Deus e serem por ela iluminados” DGAE, 92). Diante disso, uma primeira postura é colocar a Bíblia nas mãos de todos, mas só isso não basta. “É necessário que a pessoa seja ajudada a ler corretamente a Escritura, chegar à interpretação adequada dos textos bíblicos e empregá-los como mediação de diálogo com Jesus Cristo” (DGAE, 93). Aqui louvo a iniciativa de diversas paróquia de nossa Diocese que não medem esforços nem sacrifícios para colocar a Bíblia nas mãos e nos corações de seus fiéis.

As Diretrizes mostram que “dentre as diferentes formas de animação bíblica da pastoral, sobressaem, em particular, aquelas que reúnem grupos de famílias, círculos bíblicos e pequenas comunidades em torno à meditação e vivência da Palavra, em estreita relação com seu contexto social” (DGAE, 95).

No podemos nos esquecer que “dentre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura, existe uma privilegiada: o exercício de leitura orante, usando métodos apropriados. Um método muito reconhecido pela Igreja é o da Lectio Divina com seus quatro momentos – leitura, meditação, oração, contemplação/ação – que favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo, o Verbo de Deus” (DGAE, 95).

Aproveitemos este mês de setembro para nos aproximarmos mais da Palavra de Deus, deixando-nos envolver mais profundamente por ela, interiorizando-a, para que, a exemplo de Maria, nossa vida seja uma vida modelada pela Palavra.

Dom Moacir Silva
Bispo Diocesano