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Palavra do Pastor › 05/12/2011

Sacerdote, homem de Deus em meio aos homens.

“Te Deus laudámus: te Dominum confitemur”. “A Vós, ó Deus, louvamos, a Vós, Senhor, cantamos”  pelos meus vinte e cinco anos de vida e ministério sacerdotal. Vem a minha memória os primeiros sinais do chamado que o Senhor me fez ainda na infância: o gosto de ver o padre rezar a Missa em nossa comunidade rural, ainda que isso acontecesse apenas quatro vezes ao ano, pois minha residência estava a 18 quilômetros da igreja matriz e não havia ônibus. Aí senti o primeiro desejo de ser padre. A decisão de entrar para o Seminário se deu já na idade adulta; aos 21 anos de idade ingressei na formação inicial para o sacerdócio, completando o ensino básico e, depois a Filosofia e a Teologia. Foram exatamente dez anos e dez meses o meu tempo de Seminário. No dia 6 de dezembro de 1986 fui ordenado presbítero para ser “homem de Deus em meio aos homens”.

No período da Filosofia, diante do desafio da formação presbiteral e da necessidade de formadores, nasceu em mim uma disposição para, no futuro e se fosse necessário, colaborar na formação presbiteral. Ao longo da formação teológica esta disposição continuou e por isso decidi elaborar minha “Síntese Teológica”, trabalho conclusivo do Curso de Teologia, sobre o ministério sacerdotal com o tema: “Sacerdote, homem de Deus em meio aos homens”. Este tema se tornou o lema de minha vida sacerdotal. Com menos de um ano de ordenado, comecei a colaborar na formação presbiteral em nossa Diocese e não parei mais; hoje tenho o grave encargo de ser o primeiro responsável de tal formação.

Nos dois primeiros anos de minha vida e ministério sacerdotal exerci a função de vigário paroquial da Catedral São Dimas; em seguida exerci a função de pároco da Paróquia Coração de Jesus, por quatro anos; depois, retornei para a Catedral São Dimas, na função de pároco, função que exerci por doze anos, até minha ordenação episcopal.

Ao longo de minha vida e ministério sacerdotal, além de colaborar na formação presbiteral, tive também a oportunidade e graça de colaborar na coordenação diocesana da Pastoral da Juventude, na Pastoral da Saúde, na Pastoral Vocacional, na Pastoral Familiar, na Comissão Diocesana em Defesa da Vida, no Colégio Diaconal Diocesano, na Escola Diaconal Maria Mãe da Igreja, no Conselho Presbiteral, no Colégio de Consultores, no Tribunal Interdiocesano de Aparecida. Tudo isso me proporcionou uma boa experiência na missão eclesial. Por tudo isso, Deus seja louvado.

Ao longo desses anos, procurei viver o meu lema sacerdotal, consciente de que “consagrado para agir ‘in persona Christi’, o sacerdote é homem de Deus em meio aos homens. Ele é chamado a revelar aos homens, pelo exercício de seu ministério e pela sua vida, o Deus rico em misericórdia que quer salvar todos os homens. Ele não só revela como também traz este Deus para o homem” (Conclusão da Síntese Teológica, pg. 35).

“O sacerdote tem a missão não só de trazer Deus aos homens, mas de levar os homens à comunhão com Deus. Para isso, ele deve ser o primeiro a viver a comunhão com Deus; assim, sua palavra não será simplesmente palavra, mas fruto da sua experiência de Deus; assim ela terá força de conquistar os homens para a intimidade com Deus” (idem).

“O sacerdote não é somente o homem de Deus, mas também, o homem da Igreja, que é de Deus. Em união com os pastores da Igreja, ele é pastor junto ao povo a ele confiado. O seu ministério está ordenado ao sacerdócio comum dos fiéis. Por isso, ele é o presidente, o servidor primeiro da comunidade” (idem).

“Na comunidade, ao mesmo tempo em que ele é chamado a se fazer um com os demais elementos da comunidade ele é também chamado a ser diferente, é chamado a ser sinal, pois o povo, ao mesmo tempo em que quer o sacerdote junto de si, participando de sua vida, o quer também como homem de Deus, como alguém que tem algo a mais para oferecer-lhe. Aqui o sacerdote vai buscar na pessoa e nas atitudes de Jesus Cristo o modelo de estar junto com os homens, ser com e, ao mesmo tempo, ter algo mais” ( idem, pg. 36).

A todos que me ajudaram e me ajudam a ser padre, a viver como homem de Deus em meio aos homens, minha profunda gratidão e minha bênção.


Dom Moacir Silva

Bispo Diocesano de São José dos Campos 

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