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Artigos › 27/02/2014

Quaresma: caminho para a paz

Casos de violência têm crescido assustadoramente em nosso país. Assaltos a pessoas e instituições, crimes bárbaros e coisas do gênero são conteúdos constantes dos noticiários. Essa situação descortina aos olhos de todos uma série de misérias às quais as pessoas estão expostas: econômica, cultural, política, familiar, religiosa, humana. Ao lado disso, e como reação desesperada a um quadro que parece sem controle, cresce também o número de iniciativas pessoais de defesa ou de ataque, que em muitos casos, termina em tragédia. Vê-se com tristeza a violência gerando violência e forçando pessoas de bem a se tornarem criminosas. É como ver ressurgir a Lei de Talião, que prega “Dente por dente, olho por olho”;

O que fazer diante disso?

Parece que não há uma resposta decisiva a essa pergunta. Mas questionar-se acerca do que fazer diante de situação tão complexa é dispor-se a atitudes que, se não resolvem instantaneamente os problemas que rodeiam a sociedade brasileira, ao menos não os tornam cada vez mais frequentes.

Ainda que não se possa acabar com a violência da noite para o dia, as pessoas de bem podem contribuir para diminuí-la. Para tanto, ouvir e praticar a palavra de Jesus: “Não enfrenteis quem é malvado, conforme” (Mt 5, 39), pode ser um bom começo e isso pode ser assumido no cotidiano da vida familiar, nos círculos de amigos ou companheiros de escola e trabalho, para se formar os semeadores da paz, que irão atuar onde ela está ausente.

O Tempo Quaresmal, que está para iniciar, apresenta-se como ocasião privilegiada para que cada pessoa se questione acerca do que pode fazer não só em vista de uma melhoria pessoal, mas também em vista de contribuir para a diminuição da violência e para a construção da paz.

A Quaresma pode ser oportunidade de exercitar-se para um maior autocontrole das atitudes instintivas e agressivas, a fim de que não contribuam para que se tenha uma sociedade de violentos.

Esse tempo também convida a priorizar a reflexão como momento propício de refazer-se interiormente, de curar feridas da alma, de reconhecer as próprias fraquezas e de preparar-se para agir com responsabilidade. Oferece ainda condições para o cultivo da esperança, que faz enxergar além das dificuldades e, por isso, dá força para continuar caminhando.

Quaresma é também tempo de exercitar-se na prática da fraternidade, um grande escudo que defende o ser humano de ver os outros, mesmo aqueles que são problemáticos, como adversários. A fraternidade preserva de cair no desespero e na revolta e estimula a ver os outros como lugar de encontro com Deus e consigo mesmo.

No tempo que está para iniciar, se poderá aprofundar a experiência da fé como encontro com uma realidade maior, dentro da qual o ser humano se percebe conduzido não para o caos, mas sim para a liberdade, a verdade e a felicidade.

Que a riqueza do Tempo Quaresmal seja aproveitada para transformar interiormente as pessoas e habilitá-las a fazer diferença na sociedade, contribuindo para que seja menos violenta e se mostre campo fértil da paz.

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Pe. Edinei Evaldo Batista
Coordenador Diocesano de Pastoral e
Pároco da Paróquia Santa Teresa do Menino Jesus

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