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Artigos › 15/06/2012

Presbíteros a partir de Jesus Cristo

Jesus Cristo é nossa razão de ser, origem de nosso agir, motivo de nosso pensar e sentir.

É a partir de nossa relação pessoal e profunda com Ele que vamos fazer diferença na vida dos outros. Somos todos ovelhas do rebanho de Cristo, mas, em virtude do sacramento da Ordem, trazemos como que um sininho no pescoço para ajudar as outras ovelhas a caminhar na direção certa.

Somos ponto de apoio, de segurança, de referência para o povo. Por isso, “não podemos permitir que as pessoas continuem a ser as mesmas depois de terem se encontrado conosco” (Madre Teresa de Calcutá).

Por isso, precisamos estar entusiasmados.

A palavra entusiasmo tem sua raiz na língua grega: Entheos – que significa “em Deus”, (estar em Deus, mergulhado no divino, cheio de Deus).

Como está nosso entusiasmo vocacional? Apesar das tantas dificuldades que encontramos pelo caminho, tanto na realidade social, quanto na própria estrutura eclesial precisamos estar entusiasmados.

“Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos”(Lc 10, 3).

Somos diferentes! Temos de oferecer algo novo aos outros. Não podemos perder o entusiasmo.

“Estamos perdidos”, “Onde vamos chegar?”, “Não sabemos o que fazer”: expressam bem a nossa situação atual.

Frente a elas assume valor iluminativo provérbio africano: “Se você não sabe para onde ir, você sabe de onde veio”.

Embora não saibamos para onde ir, sabemos de onde viemos, a quem seguimos e, em decorrência disso, qual é nossa identidade, da qual deriva nossa missão (o agir segue o ser).

Uma luz preciosa nos é oferecida pelas DGAE, quando, em seu primeiro capítulo, nos falam de “Partir de Cristo”.

Não temos respostas ou soluções para tudo, mas temos o Evangelho como experiência a ser vivida e partilhada.

O Evangelho não é um conjunto de regras, mas é Cristo: é o seu jeito em nós, para resolver o que pode ser resolvido, mas também para assumir uma postura quando não há o que fazer.

Para concretizar isso devemos viver intensamente uma experiência de ENCONTRO, GRATUIDADE e ALTERIDADE no nosso ministério, conforme nos fala o Cap. I, das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.

ENCONTRO: não se trata de algo realizado por nós, mas da experiência fundamental da fé que é ter sido “alcançado pelo Cristo Jesus”(cf. Fl 3,12), ter sido visto pelo Senhor com um olhar único e especial no meio dos discípulos e ter sido escolhido como Apóstolo (cf. Lc 6,13), ser chamado “amigo” e não “servo” (cf. Jo 15, 15).

Essa experiência, revivida a cada instante, deve despertar em nós admiração constante e gratidão em forma de prontidão para o que Ele quer de cada um de nós. Desde essa experiência somos chamados a realizar a ação evangelizadora como um ato de louvor perene.

Sentir-nos tocados pelo inaudito, cuidados por Deus, objeto de seu amor, de sua bondade, de sua misericórdia é o fundamento para cuidar, mostrar seu amor, sua bondade, sua misericórdia aos que nos são confiados. Isso levará os outros a fazerem também a mesma experiência de encontro.

GRATUIDADE: é o ser do cristão e deve ser visível no exercício de nosso ministério.
Sem a GRATUIDADE perdemos a alma do Evangelho. Tornamo-nos função. Somos o sal que se tornou insosso (só o pó!).

Ela se manifesta em nosso entusiasmo pela missão; na coragem de abrir mão do que é valioso para nós, pessoalmente; na alegria de florescer onde formos plantados; no deixar por menos as ofensas, críticas, injustiças, ingratidão, elogios ou falta deles; na empolgação de continuar colaborando e participando mesmo quando o programa é diferente daquele que nós traçamos; no ânimo de recomeçar sempre que necessário.

GRATUIDADE é um modo de questionar profeticamente, através de atitudes e escolhas, o mundo que se constrói a partir da mentalidade do lucro e do mercado.

A GRATUIDADE precisa ser a nossa marca e, assim, será também o caminho para nossa realização mais profunda.

ALTERIDADE: é a consideração do outro como realidade que me ajuda a ser eu mesmo.
Vivemos num tempo em que a alteridade está em crise. O TU me obriga a sair de mim mesmo, me desafia, é resposta e também pergunta, mas, como não vemos mais a possibilidade do OUTRO me converter/amadurecer (por causa da supervalorização da subjetividade) prefiro ficar na minha.

O outro é aquele que em Jesus Cristo é meu irmão ou minha irmã, mesmo estando do outro lado do planeta.

O cristianismo é ALTERIDADE, porque é viver como Jesus viveu e Jesus era o “Homem-para-os-outros”.

A alteridade se constrói no diálogo.

GRATUIDADE e ALTERIDADE são fontes de paz, reconciliação e fraternidade. São sementes da atitude cristã mais radical (o perdão). Essa atitude deve ser incessantemente testemunhada e transmitida a um mundo que se caracteriza pelo crescimento da vingança e da violência como soluções às dores da vida. São modos de compreender o que há de mais decisivo em Jesus Cristo.

O Coração de Jesus é a expressão encarnada da bondade e da misericórdia divinas e a divinização dos sentimentos humanos mais nobres. Nossa participação no sacerdócio de Cristo é tradução do jeito divino na experiência humana, para fazê-lo compreensível às pessoas. É também elevação de nossos sentimentos para que ultrapassem o limite humano e sejam, de fato, reflexos do divino. Busquemos, pois, afinar sempre mais nossa vida e ministério com o que é caracteristicamente cristão, a fim de ajudar mais o povo que nos foi confiado. Isto é santificar-se e isto nos torna sempre mais ministros da santificação.


Padre Edinei Evaldo Batista
Coordenador Diocesano de Pastoral e
Administrador Paroquia da Paróquia
Santa Teresinha do Menino Jesus 

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