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A Voz do Pastor › 01/10/2023

Outubro: Mês missionário na Igreja do Brasil

A Igreja no Brasil celebra em outubro o Mês Missionário. Em âmbito universal, o Papa Francisco oferece uma mensagem para o Dia Mundial das Missões, no terceiro domingo do mês. Neste ano, a reflexão do pontífice parte do versículo 8 do primeiro capítulo do livro dos Atos dos Apóstolos: «Sereis minhas testemunhas» (At 1, 8).

Inspiração bíblica

Antes de subir aos céus, Jesus ressuscitado proclama as palavras de envio aos seus discípulos, conforme a descrição nos Atos dos Apóstolos. «Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (1, 8). É daí que foi colhida a inspiração bíblica para a reflexão da mensagem do Papa para este ano. Francisco destaca que a reflexão, por ocasião do Dia Mundial das Missões, “nos ajuda a viver o fato de a Igreja ser, por sua natureza, missionária”.

Sereis minhas testemunhas

“A essência da missão é testemunhar Jesus Cristo, isto é, a sua vida, paixão, morte e ressurreição por amor do Pai e da humanidade”, resume o Papa.

Na mensagem, o Papa Francisco aprofunda aspectos dessa missão confiada por Jesus Cristo aos seus discípulos. O primeiro é o caráter “comunitário-eclesial”. Assim, “todo o batizado é chamado à missão na Igreja e por mandato da Igreja: por isso a missão realiza-se em conjunto, não individualmente”. A missão é realizada em comunhão com a comunidade eclesial e não por iniciativa própria. “E ainda que alguém, numa situação muito particular, leve avante a missão evangelizadora sozinho, realiza-a e deve realizá-la sempre em comunhão com a Igreja que o enviou”, salienta o pontífice. O outro pedido de Jesus no envio missionário dos discípulos é que construam a vida pessoal “em chave de missão”: “são enviados por Jesus ao mundo não só para fazer a missão, mas também e sobretudo para viver a missão que lhes foi confiada; não só para dar testemunho, mas também e sobretudo para ser testemunhas de Cristo”. Além do testemunho de vida evangélica, Francisco destaca a necessidade de anunciar a pessoa de Jesus e a sua mensagem: “na evangelização, caminham juntos o exemplo de vida cristã e o anúncio de Cristo. Um serve ao outro. São os dois pulmões com que deve respirar cada comunidade para ser missionária. Este testemunho completo, coerente e jubiloso de Cristo será seguramente a força de atração para o crescimento da Igreja também no terceiro milénio”.

Ide! Da Igreja local aos confins do mundo

“Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” é o tema da Campanha Missionária de 2023, cuja inspiração bíblica, baseada no texto dos discípulos de Emaús, é “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,13-35). Após três anos refletindo sobre a natureza missionária da Igreja e sobre o “ser missão”, o tema deste ano ajuda a aprofundar a relação entre Igreja-local e a missão ad gentes, enquanto o lema bíblico permanece em sintonia com a realização do 3º Ano Vocacional que a Igreja do Brasil está celebrando. No ano passado, foi celebrado o Ano Jubilar Missionário que animou a caminhada missionária da Igreja do Brasil. Em 2023 as ações missionárias estão voltados para a preparação do 5º Congresso Missionário Nacional, que acontecerá em Manaus nos dias 10 a 15 de novembro de 2023, tendo como horizonte o 6º Congresso Missionário Americano (CAM6) que será realizado em Puerto Rico em 2024.

Pés e coração: a construção da arte do cartaz

“Corações ardentes, pés a caminho” é o lema da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões. O texto focaliza a atenção sobre o encontro com Jesus Ressuscitado como a motivação central do ser e agir missionários. Os pés dos discípulos – fincados em uma realidade bem determinada – se põe a caminho somente porque antes, os corações se inflamaram no encontro com Jesus que os ouviu, caminhou com eles, explicou-lhes a Escritura e ficou com eles para a partilha do pão. A Campanha Missionária deste ano, põe em evidência que cada Igreja local tem o dever de evangelizar toda pessoa e todos os povos até os confins da terra. Destaca-se que este élan missionário nasce da experiência do amor de Cristo que cativa e impulsiona cada cristã, cada cristão. O mês missionário nos recorda que todos podem colaborar concretamente com o movimento missionário através da oração e da ação, com ofertas de dinheiro e de sofrimento, com o próprio testemunho. Por isso, em todas as Igrejas do mundo no penúltimo domingo de outubro (21 e 22) realiza-se a coleta missionária, destinada integralmente para a missão universal.

Queremos lembrar aqui apenas algumas passagens significativas do documento Ad Gentes (Aos Povos) do Vaticano II que trazem de maneira significativa esse impulso missionário.

A origem. Antes de tudo, o Concílio sentenciou sem rodeios que “a Igreja peregrina é por sua natureza missionária” (AG 2). A palavra “natureza” quer dizer “essência”, e a palavra “essência” remete à natureza divina: Deus é por sua essência missionário, porque Deus é Amor, um amor que não se contem, um amor que transborda e que se autoenvia ao mundo. A missão brota do “amor fontal” do Pai, que envia o Filho, que envia o Espírito, que envia a Igreja. Antes de ser tarefa, a missão é uma essência divina, um impulso gratuito: não é a Igreja que tem uma missão, mas é a missão que tem uma Igreja. Pois ela é chamada a ser “missionária”, “enviada” e não “enviante”, porque quem envia é o Pai.

A razão da missão, portanto, é participar da vida de Deus: Deus chama todos os homens e as mulheres a participar de sua vida, que é vida eterna. Participar da vida de Deus é participar da sua missão: o Pai chama todos a se tornarem missionários, quer todos e todas envolvidos no seu dinamismo de amor gratuito! Esse é o caminho de salvação que torna as pessoas mais fraternas e mais humanas uma com as outras, porque se reconhecem filhas do mesmo Pai, irmãs entre elas. O rosto de Deus revelado em Jesus diz “aos homens a genuína verdade da sua condição e da sua integral vocação, pois Cristo é o princípio e o modelo da humanidade renovada e imbuída de fraterno amor, sinceridade e espírito de paz, à qual todos aspiram” (AG 8).

O caminho para a Igreja concretizar essa sua participação na missão de Deus, é seguir o exemplo de Jesus que “sendo rico, se fez pobre por nós para que nos tornássemos ricos da sua pobreza: o Filho do Homem não veio para que o servissem, mas para ser ele a servir e para dar até a sua vida em redenção por muitos, isto é, por todos” (AG 3). Da mesma forma a Igreja “movida pelo Espírito Santo, deve seguir o mesmo caminho de Cristo: o caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação própria até à morte” (AG 5). Com efeito, Jesus envia seus discípulos a dar essencialmente um simples testemunho de vida, despojado e desarmado (cf. Mc 6,7-11), cheio de compaixão para com as pessoas (cf. Mc 6,34). O anúncio e a conversão nascem do desejo de tornar partícipes os outros também dessa vida divina. Por isso que a Igreja não é chamada a fazer proselitismo: ela cresce por atração, como luz das nações, “quando vive em comunhão, pois os discípulos de Jesus serão reconhecidos se amarem uns aos outros como Ele nos amou” (Documento de Aparecida, 159).

Vivamos com alegria o mês de outubro, mês missionário.

Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB

Bispo Diocesano

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