Fraternidade e Juventude
A Campanha da Fraternidade (CF) que iniciaremos com toda a Igreja no Brasil na Quarta-feira de Cinzas, mais uma vez traz o tema da juventude para nossa reflexão; assim ela se torna um grande momento evangelizador antecedendo o grande acontecimento da Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Rio de Janeiro.
A CF 2013 tem como objetivo geral: “Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz.” (Texto-base da CF 2013, nº 4) Este objetivo geral desdobra-se em três objetivos específicos: a) “propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulos missionários e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida; b) possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sustento em sua caminhada, para que eles possam contribuir com seus dons e talentos; c) sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum”.
Na primeira parte, o Texto-base (TB) começa chamando a atenção para o impacto que a mudança de época que estamos vivendo atinge fortemente a juventude. Na sequência apresenta a realidade da cultura midiática na qual os jovens entram de cheio, na qual eles têm o protagonismo, que “se realiza por meio de conexão com outros jovens e com a esfera pública, quando manifestam uma atitude colaborativa, expressam suas opiniões, mostram competência dentro de uma sociedade global e complexa” (TB, 42). Em seguida, trata do fenômeno juvenil, lembrando que “os jovens são notícia quase que diária em veículo de comunicação” (TB, 65); chama a atenção para formação da subjetividade, isto é, “modos de existência produzidos nos diversos contextos em que a pessoas se encontram” (TB, 66) e pergunta: “o que temos oferecido aos nossos jovens, a que experiência são submetidos em suas famílias, instituições de ensino, comunidades eclesiais, agrupamentos sociais?” (TB, 68). Apresenta também o fenômeno das “tribos”, que “são agrupamentos com costumes, aparência, estilo musical e moda peculiares e atraem a associação espontânea de jovens simpatizantes” (TB, 78): grupos religiosos, ecológicos; grupos de afirmação da identidade; grupos que se posicional frente à globalização; grupos folclóricos e artísticos; grupos pelas redes sociais. Ainda nesta parte chama-se a atenção para as desigualdades juvenis, a exclusão social e a violência; e aponta para a necessidade de políticas públicas para a juventude.
A segunda parte do Texto-base aprofunda o tema da juventude à luz das Sagradas Escrituras, da Tradição e do Magistério da Igreja. Apresenta os testemunhos de jovens na Sagrada Escritura (no Antigo Testamento: Rebeca, José do Egito, Davi, Salomão, Daniel e outros; no Novo Testamento: Jesus, Maria, os discípulos: João, Marcos, Paulo…). Na história da Igreja temos os testemunhos dos santos jovens tais como: Santa Inês, São Domingos Sávio, Beata Albertina (Brasil), Beata Laura Vicuña (Chile). Em seguida, trata dos jovens seguidores de Jesus Cristo, hoje, seguimento a partiu de uma experiência de encontro com Jesus. “O encontro real com Jesus responde às buscas existenciais, provoca entusiasmo, é uma experiência que suscita o discípulo missionário: o Senhor despertava as aspirações profundas de seus discípulos e os atraia a si, maravilhados. O Seguimento é fruto de uma fascinação que responde ao desejo de realização humana, ao desejo de vida plena. O discípulo é alguém apaixonado por Cristo…” (TB, 175). Os jovens vivem o seguimento de Jesus no coração da Igreja.
A terceira parte do Texto-base começa chamando a atenção para a necessidade da conversão pastoral, para um converter-se aos jovens. “Todo o corpo eclesial é chamado a essa conversão pastoral e a uma renovada compreensão da missão apostólica: é necessária uma firme atuação de todos os seguimentos da Igreja no sentido de garantir o direito dos jovens à vida digna e ao pleno desenvolvimento de sal potencialidades” (TB, 246). Existe um forte apelo para abrir-se ao novo, com diversas indicações práticas. Para a evangelização da juventude, a CF indica linhas de ação e pistas práticas (cf TB 274-355) nos âmbitos pessoal, eclesial e social.
A quarta parte do Texto-base apresenta o gesto concreto da CF 2013, ou seja, a Coleta da Solidariedade, que realizaremos nas missas do Domingo de Ramos. Vivamos intensamente nossa quaresma, inspirados pela Palavra de Deus e pela Fraternidade e Juventude.
Dom Moacir Silva
Bispo Diocesano