Franz de Castro: Mártir da Pastoral Penitenciária
Franz De Castro Holzwarth, à época de seu assassinato, na cidade de Jacareí (SP), em 14 de fevereiro de 1981, era vice-presidente da APAC-mãe. Acompanhado do presidente da entidade, foi chamado para evitar derramamento de sangue, em face da rebelião de doze presos do regime fechado da Cadeia Pública da referida localidade.
O pedido da presença urgente de Franz e Mário Ottoboni no local dos acontecimentos era exigência dos presos rebelados, que acreditavam na medição de ambos para que o entrevero fosse concluído sem confronto com a polícia. A aceitação do pedido formulado pelas autoridades que estavam no local (juiz de Direito, autoridades militares e civis), não dizimou a certeza do perigo que ocorriam os dois advogados ao enfrentar aquela situação delicada. Tanto que Franz visitou o Centro de Reintegração Social da APAC, conversou com alguns presos, relatando a missão que iria enfrentar com risco de morte. Havia, portanto, plena consciência do perigo iminente que o aguardava, bem como o Sr. Mário Ottoboni. A tarefa não fora coroada de êxito, completou, porque houve desrespeito ao que fora combinado.
Também aqui a narração feita pelo repórter Carlos Nascimento, da TV GLOBO, vale como testemunho incontestável dos fatos, ao anunciar: “Atenção, a polícia prepara-se para atirar” – advertência feita antecedendo ao primeiro tiro, que deu causa ao inusitado tiroteio promovido pela polícia e que matou cinco presos e o Dr. Franz De Castro Holzwarth. Nessa oportunidade os três reféns já tinham sido afastados do perigo pelo senhor Mario Ottoboni, sendo o último deles um soldado da Policia Militar, que mal acabara de sair da linha de fogo quando a chacina teve início.
Franz foi a Jacareí atendendo ao chamado de Deus, acompanhado da presidência da APAC, e na condição de apaqueano cristão foi ao encontro do seu martírio.
Chesterton, escritor inglês, diz que “o mártir é alguém que, para preservar outras vidas, se esquece de cuidar da própria vida”. Por outro lado, o Padre Antônio Alves de Melo nos diz: “O mártir é um descuidado, um esquecido da própria vida, não por desamor e irresponsabilidade, mas pelo amor que faz dele alguém voltado para Deus e para os irmãos. Dr. Franz, em seu amor pelos presos, esqueceu-se de cuidar da própria vida”.
O Apóstolo Paulo (Rm 5,7) escreve: “Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores”.
Franz é o Mártir da Pastoral Penitenciária e, portanto, dos presos, e morreu para salvar os rebelados, e salvou sete deles na rebelião de Jacareí.
Extraído do livro “Franz de Castro Holzwart – Mártir da Pastoral Penitenciária”
Mário Ottoboni – Editora Paulinas, 2010, pág. 59 e 60
Em Volta Redonda a cadeia pública tem o nome de Franz de Castro, por curiosidade fui buscar quem era ele e fiquei emocionada.