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Notícias da Diocese › 01/11/2012

Entrevista – Falando sobre o Luto

[dropcap]E[/dropcap]m dia de Finados, o coração se aperta ainda mais de saudade. Flores e orações são dedicadas aos entes queridos que já partiram. Para nós, cristãos, Finados é o dia de celebrar por todos os fiéis que nos precederam e que concluíram sua caminhada terrena, especialmente por nossos filhos, filhas e entes queridos que já se encontram em Cristo.

“Se nós reduzirmos nossa vida exclusivamente à sua dimensão humana, ela perde todo sentido. Viver sem a esperança da eternidade torna a vida um imenso vazio. Sem a esperança o desespero predomina, a dor arrasa e o vazio inunda a existência,” afirma Regina Araújo, do Grupo de Reflexão Filhos no Céu.  De sua experiência, com a partida precoce de sua filha Renatinha, aos 17 anos, Regina, junto com Padre Rogério Augusto das Neves, a irmã Lucinéia, das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada e mais alguns pais, fundaram o Grupo, que reúne mensalmente, pais e mães de filhos que já estão no Céu, para refletir, rezar, compartilhar suas dores e suas alegrias. Confira a entrevista, com Regina sobre como enfrentar essa situação e como lidar com as pessoas e familiares.

Jornal Expressão – O que é o luto? Como lidar com essa experiência?

Regina- Embora a morte seja a experiência mais dolorosa e angustiante que passamos, ela é o caminho da esperança.

Em nossa cultura ocidental, falamos e pensamos muito pouco acerca da morte, por isso cada vez mais se torna difícil aprendermos a lidar com o luto.

O luto é um processo que acontece logo após a morte de alguém que amamos. É um conjunto de sentimentos e emoções que precisa de um tempo para ser “digerido” e resolvido. Cada um de nós tem seu tempo e sua forma de aceitação. Viver o luto requer um mergulho na fé.

Jornal Expressão – A dor de perder um(a) filho(a) é para sempre?

Regina – De certa forma sim, pois embora a saudade amenize, ela nunca vai passar. A perda de um filho é um tipo muito particular de luto.  Além dos pais terem que enfrentar particularmente essa profunda dor, é preciso dar continuidade à família, ao trabalho, à criação de outros filhos, se houver, e isso requer um grande esforço por parte de cada membro da família. Aos poucos se reaprende a viver, mas a pessoa nunca mais será a mesma. Cada um tem um tempo para a aceitação, e isso deve ser respeitado. Geralmente, depois da perda de um(a) filho(a) os pais repensam valores e a forma em que vivem.

Jornal Expressão – O que acontece com a família?

Regina – Com a perda de um(a) filho(a), a família sofre um grande impacto. Cada um tem uma maneira de expressar sua dor. Quando a família é cristã, e tem sua fé firmada no Cristo Ressuscitado, embora esteja sofrendo muito, sempre busca forças para enfrentar a situação sem se permitir desanimar. É um momento para amadurecimento da fé e de uma aproximação com Deus.

Jornal Expressão – Como agir com os outros filhos, ainda crianças, que ficaram?

Regina – Através das experiências dos encontros do Grupo “Filhos no Céu” temos aprendido que a conversa franca sobre o assunto com a criança é o melhor caminho, porém numa linguagem mais apropriada. Esconder ou maquiar a situação pode trazer consequências futuras. É importante sempre falar a verdade, numa linguagem que ela entenda, e sempre respeitando seus limites, até porque dependendo da proximidade com o familiar que partiu, será necessária uma mudança radical de vida, que certamente afetará a todos.

Jornal Expressão – Como o adulto que também está sofrendo a morte consegue conversar com a criança?

Regina – É uma missão muito difícil, mas nós pais não devemos esconder dos nossos filhos um fato tão sério, e que em muitos casos mudará radicalmente a vida da criança. É importante falar com franqueza, mas com cuidado, para que a criança não crie traumas e tabus futuros a respeito da morte.

A criança também precisa ter contato com a dor, com o sofrimento, afinal ela está sendo preparada para a vida, e esconder situações tão sérias como essa, certamente prejudicará sua formação.

Geralmente, o adulto está muito fragilizado, por isso o cuidado deve ser redobrado, e se necessário, pedir o auxílio de um parente ou amigo próximo, em que ela também confie.

A criança precisa se sentir parte da família nas alegrias, tristezas, nas lutas e nas vitórias. Sentir-se como família, mesmo sob seu olhar infantil e puro, será decisivo nos momentos em que ela enfrentar dificuldades na vida.

A fé em Deus faz toda a diferença nessa hora tão difícil.

Grupo de Reflexão “Filhos no Céu”
www.filhosnoceu.org.br

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