A preocupação do arcebispo de Porto Alegre com o frio e a saúde dos gaúchos: o que não falta é doação!
São mais de 15 dias de resistência dos gaúchos diante dos fortes temporais que aumentaram o volume das águas dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Gravataí e Sinos, e elevaram o nível do Lago Guaíba, em Porto Alegre. Água que já está chegando na Lagoa dos Patos, no sul do Rio Grande do Sul, colocando as cidades ribeirinhas em risco. Um evento climático extremo que é resultado, como afirmam os especialistas, principalmente do aquecimento global.
Cidades arrasadas, resgates difíceis, famílias alojadas em abrigos improvisados. As enchentes no RS já afetaram 450 dos 497 municípios, causando 147 mortes. De acordo com o boletim da Defesa Civil Estadual, divulgado na manhã desta terça-feira (14/05), há pelos menos 125 desaparecidos e 806 são os feridos; quase 540 mil desalojados e cerca de 76 mil pessoas estão sendo acolhidas em abrigos.
O arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, comenta ao Vatican News sobre esse sobe-e-desce das águas, gerando muita preocupação dos gaúchos tanto das cidades do interior como da região metropolitana:
“Durante o final de semana choveu muito forte e o Guaíba voltou a subir. A previsão é que ultrapasse o nível mais alto da semana passada. Não sabemos se isso vai se realizar ou não. Em todo caso, o Guaíba continua subindo e aí se pode imaginar o que isso está significando já há uma semana, regiões inteiras debaixo da água, sobretudo aqui na região metropolitana. No interior do estado a água subiu, desceu e subiu de novo. E agora já está descendo. Os estragos são inúmeros, as cidades aqui que foram arrasadas, destruídas, as imagens são muito fortes. Na região metropolitana, a água subiu, mas não tinha correnteza. Então invadiu casas, comércio, ruas, etc, mas não destruiu com a força da água. É claro que as casas que estão dentro da água, sobretudo as casas de alvenaria, vão demorar muito para secar e poder serem usadas novamente.”
Os problemas com o frio, água potável e saúde mental
A situação agora se complica com as temperaturas baixas desta época de outono no Brasil. Dom Jaime disse que em algumas regiões os termômetros chegaram a marcar 3°C nesta terça-feira (14/05) no Estado, preocupando o acolhimento a milhares de pessoas nos abrigos que ainda têm roupas molhadas que não conseguiram secar:
“Até ontem praticamente não havia possibilidade de secar a roupa usada por essas pessoas. Então, se pode imaginar também a situação. A acesso à cidade continua por um único caminho. O aeroporto continua fechado até o final do mês, provavelmente, se não mais. O próprio aeroporto está dentro da água. Não tem faltado doações, muita coisa está chegando. A solidariedade tem se manifestado de uma forma muito forte e muito bonita. Há preocupação com a água potável. E agora também há uma preocupação muito forte: primeiro com a questão do frio que pode trazer uma série de consequências para a saúde de muitas pessoas, mas também a tuberculose e a leptospirose. São situações doenças que começam a se manifestar.”
Essas seriam as doenças mais frequentes após o contato com a água das enchentes e o contato próximo em locais de aglomeração, como alojamento e abrigos. Mas o arcebispo de Porto Alegre ainda alerta para os cuidados relacionados à saúde mental, já que tem presenciado manifestações de alteração emocional:
“Ontem aqui numa paróquia nossa tivemos o caso de um pai de família que surtou e queria matar a família inteira. Foi chamada a polícia, foi chamado o padre e enfim se resolveu a situação, mas é um pouco o desespero, por assim dizer, que se manifesta em alguns também. Já tivemos nos abrigos também pessoas que de repente começam a perder o controle pessoal.”
Fonte: Vatican News