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Artigos › 16/11/2020

O mundo precisa de mais fraternidade

No início do mês de outubro, nas festividades do Santo de Assis, o Papa Francisco publicou uma carta encíclica – reflexão dirigida aos fiéis católicos e também a todos que se dispuserem ao diálogo – sobre a fraternidade e a amizade social. Nas suas palavras, trata-se de uma “humilde contribuição para a reflexão, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras”. Uma contribuição interessante desse texto nasce justamente de seu contexto: enquanto estava sendo preparado, eclodiu a pandemia que estamos vivendo. Assim, ele acaba por envolver também essa situação em suas considerações, oferecendo-nos uma análise rica e atual.

De fato, a pandemia escancarou a ambiguidade do ser humano: capaz de realizar coisas realmente muito boas e, infelizmente, capaz de realizar o mal até mesmo aproveitando-se da tragédia alheia. Quantos não foram os gestos de extrema humanidade que vimos, ora através dos meios de comunicação, ora bem ao nosso lado, na vizinhança onde acontece a vida. Quanto carinho dispensado a idosos e outras pessoas que fazem parte do grupo de risco. Quantos gestos de solidariedade para com aqueles que já eram e ficaram ainda mais vulneráveis do ponto de vista econômico. Ainda assim, vimos, com consternação, pessoas totalmente despreocupadas, fazendo pouco caso do sofrimento alheio e pensando apenas em si mesmas, para não falar de posturas institucionais que tem sido uma verdadeira tragédia. De fato, é preciso reafirmar uma vez mais: a fraternidade continua sendo uma tarefa, e uma tarefa urgente!

Ciente disso, o Papa expressa suas esperanças: “Oxalá [a pandemia] não seja mais um grave episódio da história, cuja lição não fomos capazes de aprender. Oxalá não nos esqueçamos dos idosos que morreram por falta de respiradores, em parte como resultado de sistemas de saúde que foram sendo desmantelados ano após ano. Oxalá não seja inútil tanto sofrimento, mas tenhamos dado um salto para uma nova forma de viver e descubramos, enfim, que precisamos e somos devedores uns dos outros, para que a humanidade renasça com todos os rostos, todas as mãos e todas as vozes, livre das fronteiras que criamos”. Certa vez, Jesus advertiu seus discípulos justamente num contexto de falta de solidariedade e consciência quanto ao outro, e suas palavras nos recordam um grande potencial da nossa existência, que nos aponta para a esperança e também para a responsabilidade: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). O mundo precisa de mais fraternidade!

 

Pe. Éverton Machado dos Santos

Pároco da Paróquia São João Batista, em Jacareí

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