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Artigos › 08/09/2014

Cristãos perseguidos no Iraque

Glauco de Souza Santos | Professor de História

O extremismo religioso vem sendo a característica marcante do século XXI. Se imaginávamos que este tipo de relação entre religião e violência tinha ficado no passado, os primeiros quatorze anos deste século nos mostram o contrário. Há uma série de conflitos ocorrendo pelo mundo neste momento e grande parte deles é movida por visões radicais de textos sagrados ou do uso da religião para atingir o poder político.

O Oriente Médio sempre foi espaço para este tipo de luta. Desde os idos tempos da Mesopotâmia, as lutas entre babilônicos e persas já envolviam as diferenças religiosas. Mas foram os embates entre o povo hebreu e os egípcios o maior símbolo dos conflitos religiosos daquele tempo. É de conhecimento de todos a fuga de Moisés do Egito, aquela onde ele recebeu os Doze Mandamentos no Monte Sinai. A famosa fuga dos hebreus se deu justamente por intolerância religiosa dos egípcios à religião judaica. Os hebreus teriam se negado a adorar vários deuses e ao faraó do Egito e por isso estavam sendo escravizados por décadas.

Muito tempo se passou e os conflitos religiosos na região foram sempre uma constante. Foi na Idade Média quando ocorreu a maior das lutas entre cristãos e muçulmanos. A religião islâmica vinha crescendo rapidamente e avançando rumo à Europa. Neste momento, os cristãos se organizaram em grandes caravanas para tentar reconquistar Jerusalém das mãos dos muçulmanos. As Cruzadas foram um dos mais violentos conflitos religiosos da história da humanidade, matando cerca de 3 milhões de pessoas.

Recentemente temos acompanhado uma série de idas e vindas nos conflitos entre Israel e Palestina. Além de motivos políticos, essa disputa também envolve as diferenças religiosas e perseguições daqueles que não confessam do mesmo credo. Essas perseguições têm se tornado algo comum na região, principalmente onde segmentos extremistas tomaram ou tentar tomar o poder à força.

Este é o caso do Iraque. Até 2003, o Iraque era governado pela facção sunita da religião islâmica. Os sunitas são maioria da religião de Maomé e representam a ala moderada, aliando os ensinamentos do Alcorão com as transformações que a sociedade muçulmana passou pela história. Esse grupo, liderado por Saddam Hussein foi derrubado naquele ano após a invasão dos Estados Unidos. De lá para cá, assumiram os xiitas, grupo que optou por uma interpretação radical dos escritos de Maomé e que defende a luta armada como forma de eliminar os dissidentes da doutrina islâmica.

Mas, são exatamente os sunitas, ditos moderados, que estão causando uma nova onda de terror no Iraque. Da Al Qaeda, grupo terrorista de Osama Bin Laden, saiu um braço sunita formando o EI (Estado Islâmico) que começou a atuar no norte do Iraque atacando aldeias e cidades para desestabilizar o governo xiita e formar um país independente. O Estado Islâmico passou de ações políticas para perseguidor religioso. Seu alvo principal são os xiitas, considerados infiéis ao Islã e, portanto, condenados à morte. Além deles, o EI tem perseguido, expulsado e assassinado minorias religiosas no Iraque, como os cristãos. Ao chegar em uma cidade, os militantes do EI marcam as casas dos cristãos com um “N” (de Nazara, cristão em árabe) para depois tortura-los, forçando-os a se converter ao islamismo ou fugir do país. Muitos têm se abrigado no Líbano em situações precárias, sem emprego ou moradia. Já os que se negam à conversão ou à fuga acabam perdendo a vida.

glauco

Glauco de Souza Santos,  é professor de história do colégio salesiano Instituto São José.

 

 

 

 

 

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