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Vacinar as crianças, um ato ético e de amor

Desde que nascemos, tomamos vacinas; o conhecimento atrelado à informação, juntamente com campanhas bem sucedidas, fizeram com que a população se imunizasse e erradicasse muitas doenças. Desde 2020, estamos vivendo uma pandemia: a COVID-19. Claro que estamos falando de uma realidade atípica, pois a pandemia do COVID-19, vivenciada pelo mundo inteiro, já fez milhares de vítimas.

É preciso apoiar-nos na realidade, encarar o que estamos vivendo. Não podemos deixar de lado a gravidade dos acontecimentos e muito menos negá-los. É preciso um agir ético, ou seja, pensar em condutas e valores que, honestamente, possam nortear nossas ações e decisões. Dessa forma, a situação da pandemia que vivemos é um momento de refletir eticamente sobre a nossa realidade, sem perder a esperança e confiar, principalmente, nas vacinas!

Papa Francisco, aos 85 anos de idade, faz parte do grupo de risco e não hesitou em receber as doses da vacina contra o novo coronavírus. Recentemente, em uma mensagem em vídeo para os povos da América Latina, o Papa os convidou a vacinar-se contra o coronavírus: um gesto simples, mas profundo, para um futuro melhor. Em sua mensagem, Francisco acrescenta que “Graças a Deus e ao trabalho de muitos, hoje temos vacinas para nos proteger da Covid-19. Elas dão a esperança de acabar com a pandemia, mas somente se elas estiverem disponíveis para todos e se colaborarmos uns com os outros.”

Diante desse contexto, somos convocados a assumir nossa postura ética frente à crise da COVID-19 e vacinar a todos e todas. A vacinação agora tem o foco nas crianças de 5 a 11 anos. Infelizmente, diante de um negacionismo sem precedentes, estamos encarando o retorno de diversas doenças. Nos dias atuais, a queda na imunização infantil em vários países, incluindo o Brasil, tem deixado os médicos em alerta. O número de bebês sem a vacina contra sarampo é o maior em 20 anos, o que aumenta a possibilidade de surtos. Esse é apenas um caso de queda na imunização, o que compromete o bem-estar da população, afeta o bem comum e nos leva a ter o retorno de doenças antes erradicadas.

Já com relação à realidade de vacinar as crianças contra COVID-19, que iniciou na segunda quinzena de janeiro, tem gerado grandes debates e inclusive fake news comprometendo ainda mais o sucesso da imunização. Papa Francisco afirma que “Vacinar-se, com vacinas autorizadas pelas autoridades competentes, é um ato de amor. E ajudar a fazer de modo que a maioria das pessoas se vacinem é um ato de amor. Amor por si mesmo, amor pelos familiares e amigos, amor por todos os povos. O amor também é social e político, há amor social e amor político, é universal, sempre transbordante de pequenos gestos de caridade pessoal capazes de transformar e melhorar as sociedades”.

Destarte, precisamos observar que vacinar-se é cuidar, agir com coerência, preocupar-se com o outro e, acima de tudo, ter amor para que possamos viver dias melhores. Francisco já apelou para a ética social exortando-nos a “lutar para que todos no mundo tenham o mesmo acesso à vacina, para que não haja ‘caprichos’ na escolha da dose mais famosa e sobretudo que seja gratuita para quem precisa e não algo do qual obter um lucro fácil”, para tanto, é necessário que o acesso às vacinas seja de forma completa, atingindo a todos e todas e que ainda possamos observar nossas crianças sendo vacinadas e respirando mais aliviadas, mesmo mantendo os protocolos sanitários, seguindo a vida.

Pediatra e professora da Faculdade de Medicina da USP, Ana Escobar falou em entrevista à CNN no dia 05 de janeiro de 2022. Ela fez um alerta aos pais e responsáveis sobre a importância da vacinação de crianças: “Essa vacina é segura, é eficaz, o mundo inteirinho está usando, não tem razão nenhuma para terem medo ou desconfiança. Vacinem seus filhos, não há nenhum efeito colateral que justifique a não vacinação”, disse a pediatra.

A professora Ana continua  ao alertar os pais sobre as informações que leem e compartilham, pois a vacina só colabora para o bem de todos. “Não fiquem com medo desse e de outros efeitos colaterais. Tem muitas fake news. O que o mundo está mostrando é que a vacina é segura e eficaz, vacinem seus filhos assim que chegar a hora deles”.

Ao se comprometer com a saúde de seus filhos, diversos pais postaram nas redes sociais fotos de seus filhos sendo vacinados e o comprometimento ético com a vida. Papa Francisco apela aos cardeais latino-americanos ao afirmar em seu vídeo que vacinar-se é uma forma simples, mas profunda de promover o bem comum e de gerar um cuidado para com todos, especialmente os mais vulneráveis. “Peço a Deus que cada um possa contribuir com seu pequeno grão de areia, seu pequeno gesto de amor. Por menor que seja, o amor é sempre grande. Contribua com estes pequenos gestos para um futuro melhor.”

Por isso, vacinar é um ato de amor, como nos afirma Francisco, um compromisso ético com os outros e com o bem comum. Uma pessoa vacinada, por mais que tenha contraído o vírus da COVID-19, pode apresentar sintomas leves e ter mais chances de se recuperar do que os que não se vacinaram. Sendo assim, acreditemos na ciência, acreditemos nos cientistas que dedicaram tempo e estudos na realidade das vacinas, tanto em adultos quanto em crianças.

Francisco, no dia 10 de janeiro, reforçou o pedido feito desde o início da campanha de vacinação e exortou à comunidade internacional para “continuar os esforços” para vacinar a população e combater a desinformação sobre o coronavírus. O Papa condena as mensagens falsas ou a desinformação: “Infelizmente, cada vez mais constatamos como vivemos em um mundo de fortes contrastes ideológicos. Muitas vezes nos deixamos influenciar pela ideologia do momento, geralmente baseada em notícias sem fundamento ou em fatos pouco documentados”. Que possamos ser propagadores da boa notícia, do bom momento vivido com a queda drástica das mortes e a real possibilidade de ganhar a batalha contra este vírus. Portanto, como nos diz Francisco: “Vacinar é um ato de amor!”

Robson Ribeiro de Oliveira Castro Chaves – Teólogo e Professor

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