Uma prática política, para além das eleições!
[box_light]O Jornal Expressão está publicando um artigo a cada mês sobre o cenário político atual, com enfoque nas Eleições Municipais, preparado pela padre Antônio Aparecido Alves. A coluna ”De olho das eleições” ajudará o leitor a enxergar com olhos críticos os candidatos às cadeiras no Poder Executivo e Legislativo.[/box_light]
Confira o artigo publicado no JE de julho.
Novamente, eleições. E isto é bom, pois faz parte do jogo democrático. No entanto, se não nos cuidamos, acabamos identificando “política” com “eleições”, “candidatos” e “partidos”. Aliás, há políticos que identificam estas duas realidades, pois começam a trabalhar desde o primeiro dia do mandato, pela sua reeleição. Por outro lado, alguns cidadãos também fazem esta identificação, e omitem-se em participar ativamente da vida política, achando que basta apenas pressionar o “confirma” a cada dois anos, e pronto. São duas atitudes extremamente danosas à democracia!
Infelizmente, é necessário admitir que, em geral, a própria Igreja reforça esta identificação. A cada dois anos (ano eleitoral!) faz-se cartilha política, divulgam-se cartazes, realizam-se debates, organizam-se encontros, escrevem-se artigos, fala-se na Rádio, entre outros. Infelizmente, não há um trabalho continuo e progressivo de “educação política” de nossos fiéis leigos, nas diversas comunidades, pastorais, grupos, movimentos e espiritualidades. Esta temática acaba ficando restrita às Pastorais sociais, à Comissão sociopolítica, à Escola de Política, e nada mais, sendo que o documento de Aparecida salienta que esta dimensão deveria perpassar transversalmente toda a vida pastoral da Igreja.
Precisamos “rever nossos conceitos”, e praticar uma política que estenda para além das eleições. Esta é apenas um momento da vida democrática. Depois, vem o mais importante: participar dos eventos políticos de seu bairro, condomínio, ou categoria profissional; filiar-se a algum grupo que se empenha pelo bem comum; acompanhar o trabalho dos eleitos em todos os níveis, e outras iniciativas populares.
Enfim, é urgente sair desta “ciranda eleitoral”. É este o momento para fortalecer o engajamento de todos, criando uma “cultura política da participação”. Esta é a hora. Pensemos grande. Pensemos no amanhã. Como diz o refrão de uma música conhecida, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Pe. Antonio Aparecido Alves (Pe. Toninho)
Teólogo; Assessor do Centro Fé e Política da CNBB;
Pároco na Paróquia São Benedito do Alto da Ponte.