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Artigos › 02/05/2016

Um mal chamado hipocrisia

Supõe-se, geralmente, que a melhor maneira de um indivíduo se tornar popular é dizer coisas que não sente ou colocar uma separação entre o pensamento e os lábios, ou ainda colocar uma grande distância entre o pensamento e os lábios, ou ainda divorciar o pensamento das ações. Dizem que os lábios que pronunciam palavras doces estão no mesmo corpo das mãos que empunham facas; as palavras são para os ouvidos e as facas são para as costas do semelhante.

Hoje, Deus está nos convidando a desenvolvermos um estilo de vida, onde nosso agir seja todo ele pautado por verbos que evoquem nosso envolvimento real com as pessoas e com suas coisas, grandes e pequenas.

Parece-me que, de fato, não podemos deixar passar isso despercebido de nossa realidade cristã, sem culpa. Na verdade, não estamos aqui para fazer de conta e timidamente amarmos, cheios de fingimentos e superficialidade. Numa palavra, podemos dizer que nossa vida cristã deve estar à “flor da pele”. Isso tem um significado muito bem compreendido por todos.

Li em algum lugar que, psicologicamente, aqueles que são manifestantes fingidos conhecem-se através de um simples processo. Primeiro, apertam-nos as mãos quase até o cotovelo e chegam o seu rosto ao nosso, com um sorriso que parece dizer “Veja como eu sou feliz e simpático” ou então gritam a saudação a plenos pulmões para substituir a sinceridade pela força da expressão. Atitude totalmente oposta a das crianças. Elas não têm dupla “personalidade”, elas são naturais, às vezes são naturalmente desconcertantes. Se a mãe disser: “Menino, se alguém ligar para mim, diga que eu não estou”, com certeza o garoto diria: “Minha mãe manda dizer que ela não está em casa”.

Há momentos em que é realmente muito difícil exprimir um ponto de vista com sinceridade, sem se correr o risco de ser grosseiro ou desagradável. Isto sucede, por exemplo ao marido a quem a esposa pergunta se gosta de seu novo penteado e ele responde: “Parece macarrão emaranhado”, nada gentil! As mulheres quando veem alguma coisa que não gostam, em vez de criticar, encobrem com elogios aquilo que realmente pensam.

A lisonja é uma variante da hipocrisia e manifesta-se sob dois aspectos: Adulação leve e adulação descarada. A primeira é a verdade envernizada, a segunda é a mentira sem polimento. A adulação leve agrada, a adulação descarada chega a ser odiosa. Alguém disse certa vez, a um cardeal que acabara de ser eleito Papa “A partir de agora Santidade, o senhor não vai mais ouvir a verdade”, querendo dizer que todos o adulariam a partir daquele momento.

A falta de sinceridade menos grave é aquela que nos leva constantemente coisas que não tencionamos cumprir. Disso entende bem a um grupo numeroso de políticos, toda campanha é a mesma coisa, já estamos cansados de tanta promessa falsa, e o pior é que muitos ainda acreditam.

No extremo oposto destas formas de hipocrisia estão aquelas que implicam insultos, grosseria, desprezo; que falam tudo o que querem e pensam, que transformam opositores em inferiores, estas gabam-se de que não receiam a opinião pública, nem tão pouco temem o que possam pensar. Afirmam que procedem assim “Para o nosso bem” e são tão “ousados” que não se importam de dizer aquilo que nossos melhores amigos nos escondem. Sua prontidão para criticar é máscara para esconder suas fraquezas, por isto atacam com medo de serem atacados.

É claro que compreender a vida dos outros na nossa e nos sensibilizarmos, torna-nos mais vulneráveis e comprometidos, massacra nosso orgulho e “posição”, no entanto, é libertador e curativo.

Sinceros são aqueles que possuem um conjunto de virtudes igualmente honestas quando falam e quando escutam. Estes falam sabendo que algum dia hão de ser julgados por Deus e obrigados a dar contas de todas suas palavras vãs.

Padre Luis Fernando Soares
Pároco da Paróquia Espirito Santo, no Jd. Satélite, em São José dos Campos

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