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Notícias da Diocese › 05/12/2016

Testemunho do Pe Rodolfo Vasconcelos, que esteve em missão na Philadelphia/EUA (2013-2016)

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Padre Rodolfo Domingues Vasconcelos esteve em missão na Philadelphia, Estados Unidos, por três anos. Agora ele recebeu o convite do Monsenhor d’Arode, responsável pela Pastoral Internacional no Santuário de Lourdes na França, para um trabalho de capelania na língua portuguesa.

Confira o depoimento completo com a experiência do Padre Rodolfo:

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[dropcap]T[/dropcap]udo começou com uma inquietação interior num desejo de desinstalar-me de um lugar que para mim pouco sentido estava fazendo naquele período de minha vida em decorrência de certos fatores, tais como o início da enfermidade de Parkinson (com componente genético) e o falecimento de minha querida mãe Terezinha. Ao mesmo tempo, voltava-me ao coração um chamado antigo da missão, visto que por algumas vezes durante o período de formação, a vida franciscana missionária me chamava a atenção. Ademais, sentia que poderia realizar algo a mais no campo da psicoterapia clínica, na qual tive a oportunidade de me formar em 2003, já sendo sacerdote.

Certo dia do mês de julho de 2009, partilhei com Dom Moacir, a quem também agradeço, tal situação interna, citando-lhe inclusive a vida do missionário São José de Anchieta que sofria de tuberculose óssea e escoliose e que mesmo assim foi enviado ao Brasil e aqui realizou suas obras conhecidas até hoje por nós. Afirmei que não tinha a pretensão de imitá-lo, mas que nele me inspirava e D. Moacir orientou-me que procurasse o setor da Pastoral com Brasileiros no Exterior na CNBB e que colocássemos tudo em oração. Assim o fiz e após 3 anos preparando-me e esperando o chamado, fui designado para a cidade da Philadelphia nos Estados Unidos da América (EUA), para a Comunidade Brasileira na Saint Martin of Tours Parish e para a Comunidade Portuguesa na Resurrection of Our Lord Parish. No dia 19 de julho de 2013 despedi-me de meus familiares amados, de meus amigos sempre presentes e da querida Paróquia Santa Rita de Cássia, onde eu era vigário paroquial e rumei com fé e esperança para a missão, contando com a graça d’Aquele que me chamara e no desejo de continuar servindo-O naquelas Comunidades.

Fui alegre e ansiosamente recebido no aeroporto por alguns membros das Comunidades que estavam sem capelão há 10 meses, e lá estava também o Pe. Bruce, assessor arquidiocesano para as comunidades de imigrantes na Philadelphia que perfazem aproximadamente um total de 25, vindas dos 5 Continentes.

Encontrei uma pequena comunidade de portugueses documentados que chegaram há 30 ou 40 anos e que hoje começam a colher os frutos de seus esforços. Encontrei ainda uma comunidade de jovens brasileiros indocumentados em quase sua totalidade, trabalhando na carpintaria ou limpeza de casas, trabalhos muito simples e que trouxeram dignidade de vida a eles e seus parentes que ficaram no Brasil, normalmente no norte de MG e GO. Gente de fé e obras! Assim defino ambas comunidades. Trabalham muito, pois para isto foram aos EUA, muitos arriscando até a própria vida e chegando lá, se aproximaram ou retornaram à Igreja na qual nasceram e à qual amam e se dedicam.

Bem, posso afirmar que houve ali na cidade do Amor Fraternal (Phila-Delphia) uma verdadeira simbiose, onde se uniram a sede de amor das ovelhas pelas coisas de Deus e o meu coração aberto de pastor e irmão daqueles irmãos que viam em mim alguém que lhes correspondesse.

Iniciei o trabalho pastoral no contato com cada um, com os 9 grupos de pastorais e espiritualidades que estavam formados, priorizando as celebrações da Eucaristia como ponto referencial de fé e de cultura das comunidades em terras estrangeiras.

Fui muito bem acolhido pelos padres norte-americanos com os quais convivi na casa paroquial, procurando por meio deles, dos funcionários e voluntários, reforçar os laços com as outras 2 comunidades que se utilizavam da mesma Igreja, a saber, os norte-americanos e hispanos.

Tenho consciência de que, apesar de estar no berço do capitalismo, esforcei-me por não estar entre eles como administrador frio, calculista, interesseiro mas como alguém que se interessava realmente por eles, em suas questões bem pessoais, por sua saúde física, psíquica e espiritual. Neste sentido, várias foram as visitas aos hospitais e às casas, muitos atendimentos e aconselhamentos, reuniões pastorais, cursos e encontros, celebrações dos sacramentos do Batismo, da Eucaristia e do Matrimônio.

Com a chegada de mais brasileiros, foi possível aumentar o número de grupos e pastorais para 27 e aumentar a contribuição financeira na Paróquia e àqueles que necessitavam, constituindo para isto os 2 Conselhos da Comunidade: Pastoral e Financeiro. Permanecendo lá além do tempo previsto a pedido da Arquidiocese, encerramos com a bonita festa na chegada do novo padre e com a inauguração do portal na internet.

Dificuldades em todo este processo aconteceram, porém quando o coração se abre ao dom missionário, elas não são intransponíveis e com o passar do tempo, se diluem tanto, que cedem lugar à saudade daqueles que deixamos e dos projetos construídos em parceria e parcialmente realizados.

Dias antes de deixar os EUA, fui ao Arcebispo Charles Chaput interceder pela comunidade portuguesa e despedir-me; ele me agradeceu pelo período missionário bem como a Dom Cesar e à Diocese de São José dos Campos e disse que as portas sempre estariam abertas.

A meu ver, um dos grandes desafios missionários da Igreja no mundo hoje é o de torná-la sempre uma Comunidade de irmãos, isto é, fraternal a fim de que se cumpra a constatação profética do Apóstolo nos Atos: “… e viviam como irmãos porque tinham tudo em comum” (cf. At 2), respeitando-se nas diferenças contra toda indiferença, preconceito e discriminação e apoiando-se nas adversidades, sem utopias irrealizáveis, mas buscando juntos caminhos concretos de ajuda mútua na vivência da fé, na humanidade concreta de cada indivíduo.

O próprio Papa Francisco no último Consistório dia 19 de novembro, lembrava aos senhores Cardeais esta necessidade premente, pois “… quantas feridas se alargam devido a esta epidemia de inimizade e violência, que se imprime na carne de muitos que não têm voz, porque o seu clamor foi esmorecendo até ficar reduzido ao silêncio por causa desta patologia da indiferença! Quantas situações de precariedade e sofrimento são disseminadas através deste crescimento da inimizade entre os povos, entre nós! Sim, entre nós, dentro das nossas comunidades, dos nossos presbitérios, das nossas reuniões. O vírus da polarização e da inimizade permeia as nossas maneiras de pensar, sentir e agir. Não sendo imunes a isto, devemos estar atentos para que tal conduta não ocupe o nosso coração…” (site do Vaticano em Francisco/Homilias/2016).

E o Papa diz que continuam valendo as 4 expressões que Jesus nos ensina com os amigos e inimigos: ama-o, faz-lhe o bem, abençoa-o e reza por ele. E que Deus não quis filhos para ver-Se livre deles. Se o Papa lembrou aquela máxima cristã àqueles que se revestiram da cor do martírio para serem as primeiras testemunhas, quanto mais a nós vale a mesma recordação. Penso que neste sentido missionário ainda temos um longo caminho e nos EUA, sobretudo onde a presença de imigrantes e’ imensa, ha’ o desafio das chamadas Paróquias multiculturais, integrando de direito e de fato todos os fieis, nativos ou não, numa mesma e única realidade paroquial.

Para mim, a principal mensagem deste período missionário que fiz, é de que apesar de tudo o que provocamos ou do que recebemos de negativo ou positivo da história, da vida ou das pessoas, ainda se é possível fazer uma experiência genuína de AMAR e ser AMADO dentro da Igreja de Jesus, pois nos afastando um pouco do nosso ambiente tão seguro e confortável, experimentamos a riqueza da universalidade da Igreja onde Deus Pai está e age e que vai bem além das visões e caminhos que tão estranhamente muitas vezes estreitamos, pois que, como nos ensina o Papa Francisco na homilia supra citada, “… o nosso Pai não espera pelo momento em que formos bons, para amar o mundo; para nos amar, não espera pelo momento em que formos menos injustos, ou mesmo perfeitos; ama-nos porque escolheu amar-nos, ama-nos porque nos deu o estatuto de filhos. Amou-nos mesmo quando éramos seus inimigos (cf. Rm 5, 10). O amor incondicional do Pai para com todos foi, e é, uma verdadeira exigência de conversão para o nosso pobre coração, que tende a julgar, dividir, contrapor e condenar. Saber que Deus continua a amar mesmo quem O rejeita, é uma fonte ilimitada de confiança e estímulo para a missão. Nenhuma mão, por mais suja que esteja, pode impedir a Deus de colocar nela a Vida que nos deseja oferecer”.

Agora descortina-se diante de mim um convite do Monsenhor d’Arode, responsável pela Pastoral Internacional no Santuário de Lourdes na França, para um trabalho de capelania na língua portuguesa naquele lugar de fé e devoção, durante um período de 2017, estando em sintonia com as seguintes celebrações nos Santuários Marianos: os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora em Aparecida (Brasil) e os 100 anos das Aparições de Maria em Fátima (Portugal).

Tal convite ocorreu pelo inesperado e providencial encontro com o Monsenhor em maio passado quando lá estive acompanhando o Diácono Manoel, acometido de um agressivo câncer estomacal, e sua esposa Becky, da Philadelphia, a fim de rezarmos no Santuário de Lourdes implorando de Deus, por meio de Nossa Senhora, a cura dele. Porém, a continuidade desta história poderá ficar para uma outra edição deste Jornal se assim o desejarem.

A todos, aos de perto e aos de longe, agradeço de coração, invocando a bênção do Senhor, merecedor de todo louvor e glória, pela fraterna intercessão de Santa Teresinha, padroeira das Missões!

pe-rodolfo-vasconcelos

Padre Rodolfo Domingues de Vasconcelos
Diocese de São José dos Campos, ordenado em 29 de dezembro de 1990.

 

10 Comentários para “Testemunho do Pe Rodolfo Vasconcelos, que esteve em missão na Philadelphia/EUA (2013-2016)”

  1. Maria do Socorro Fernandes Vichi disse:

    O Amor de Deus é assim, comunicação a todas as nações, e com o Pe Rodolfo não poderia ser diferente, na Comunidade São José Operário, lembro-me como se fosse hoje nossos trabalhos da Pastoral da Catequese, sua presença iluminada de Deus enriquecia nossos dias, exigente do cantar ao falar, nos trouxe muito crscimento.
    Parabéns por sua missão, peço ao Senhor Jesus muita saúde e vida, pois Pe Rodolfo a humanidade carece de Homens como o senhor, que se coloca a serviço.
    Obrigada sempre!!!!

  2. nilda moreira de Sousa dias disse:

    Pe. Rodolfo o senhor cumpre sua missão com tanta alegria e amor que contagia a todos. Obrigado meu Deus por te-lo chamado. Obrigado Pe. Rodolfo pir ter ouvido e aceitado o chamado. Saudades. Continuarei sempre rezando pela sua linda vocação e pela sua vida.

  3. Francisca Ribeiro de Vasconcelos disse:

    Parabéns pelo seu aniversário Padre Rodolfo! Deus tem muitas surpresas e vitórias aguardando … pela sua escolha em ser um Filho exemplar e segui-Lo com simplicidade, solidariedade, respeito e amor ao próximo. Sua missão deixou marcas por todas as Paroquias e lugares onde passou…e deixará por onde fores. Ele assim o ditou. Abraços e Obrigada pela sua presença na minha vida espiritual!

  4. Terezinha Barbosa disse:

    Padre Rodolfo que linda matéria e sábias palavras, agradeço a Deus por ter nos dado a oportunidade de conhecê-lo e aprender do Senhor da maneira mais simples a amar verdadeiramente a Jesus.Estamos distante mas Unidos de coração e oração.Sua bencao

  5. Pe. José Vieira Pinto. disse:

    Pe. Rodolfo, lindo testemunho e ótimo trabalho missionário que você fez aí em Philadelphia e
    em Lourdes.
    O trabalho missionário é muito gratificante, eu digo com propriedade, porque estive no Mato Grosso do Sul por quatro anos, e pude experimentar o amor de Deus no povo simples do assentamento Nova Casa Verde.
    Na Missão a gente pode ser Cristão de verdade. Apesar de deixar muita coisa e ter que inculturar-se em outra terra o calor humano e carinho das pessoas falam mais alto.
    Vai firme e conte com o meu apoio e orações.
    Desejo a você e toda a sua comunidade e família um santo Natal abençoado com o nascimento espiritual do menino Jesus em seu coração e um ano de 2017 com novas perspectivas de trabalho, saúde e muita alegria.
    Abraços!
    Pe. Vieira.

  6. Camila disse:

    Pe. Rodolfo, fico muito feliz com a sua missão.
    O senhor sabe o quanto o admiramos, o senhor fez minha crisma, participou da minha adolescência e do meu marido, celebrou meu casamento…sentimos sua falta aqui, mas sei que em qualquer paróquia, cidade e país que o senhor estiver vai tocar o coração e alma de todos com os ensinamentos de Deus.
    Felicidades! Sua bênção

  7. Maria Elvira Arantes disse:

    lindo testemunho, que Deus continue te abençoando em suas missões,abraços nossos, Elvira e Zé Carlos

  8. Rodolfo Domingues de Vasconcelos disse:

    Mais uma vez gostaria de agradecer as manifestações de carinho e amizade de pessoas que sempre permanecerão em meu coração certamente continuarei contando com suas orações grande abraço e que Deus seja louvado Padre Rodolfo

  9. Mirian Soares disse:

    Sua benção Pe.Rodolfo,..Parabéns pela linda missão,que Deus continue te abençoando nas missões!!Nós da Paróquia Santa Cecília te amamos!!

  10. Iraci Sardela disse:

    Parabéns Pe. Rodolfo. A missão deve continuar sempre seguindo os desígnios de Deus. Abraço fraterno.

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