Av. São João, 2650 - Jardim das Colinas, São José dos Campos - SP, 12242-000 - (12) 3928-3911

Serão beatos 11 sacerdotes mártires do nazismo e comunismo. Pe. Angioni será Venerável

Trata-se de nove salesianos poloneses, mortos nos campos de concentração de Auschwitz e Dachau, e de dois sacerdotes diocesanos mortos por ódio à fé durante o regime comunista da tchecoslovaco. Também promulgados os decretos relativos a quatro novos Veneráveis: uma religiosa cisterciense espanhola, um sacerdote dominicano espanhol, um sacerdote sardo que exerceu seu ministério no Brasil e um frade carmelita da Ligúria.

A Igreja terá onze novos beatos. Durante a audiência concedida na manhã desta sexta-feira, 24 de outubro, ao prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, o Papa Leão XIV autorizou a promulgação dos decretos relativos ao martírio de nove salesianos poloneses, mortos por ódio à fé entre 1941 e 1942, nos campos de concentração de Auschwitz e Dachau, e de dois sacerdotes diocesanos da antiga Tchecoslováquia, assassinados entre 1951 e 1952 em consequência da perseguição à Igreja Católica pelo regime comunista que passou a controlar o país após a Segunda Guerra Mundial. Também foram promulgados os decretos que reconhecem as virtudes heroicas de quatro Servos de Deus, que assim se tornam Veneráveis: Maria Evangelista Quintero Malfaz, religiosa cisterciense; Angelo Angioni, sacerdote diocesano, fundador do Instituto Missionário do Imaculado Coração de Maria; José Merino Andrés, sacerdote dominicano; Joaquim da Rainha da Paz, frade da Ordem dos Carmelitas Descalços.

Mártires nos campos de concentração nazistas

Os salesianos Jan Świerc, Ignacy Antonowicz, Ignacy Dobiasz, Karol Golda, Franciszek Harazim, Ludwik Mroczek, Włodzimierz Szembek, Kazimierz Wojciechowski e Franciszek Miśka, religiosos comprometidos em atividades pastorais e educacionais, foram vítimas da perseguição nazista durante a ocupação alemã da Polônia, iniciada em 1º de setembro de 1939, desencadeada com particular veemência contra a Igreja Católica. Alheios às tensões políticas da época, foram presos simplesmente por serem sacerdotes católicos. O tratamento  a eles reservado reflete a particular implacabilidade reservada ao clero polonês, que foi perseguido e ultrajado. Nos campos de concentração, os religiosos ofereceram conforto espiritual aos companheiros de prisão e, apesar da humilhação e tortura sofridas, continuaram a expressar a própria fé. Insultados em função de seu ministério, foram torturados e mortos, ou mesmo levados à morte pelas condições desumanas de prisão. Conscientes de que seu ministério pastoral era considerado pelos nazistas como uma oposição ao regime, continuaram seu trabalho apostólico, permanecendo fiéis à sua vocação, aceitando serenamente o risco de serem presos, deportados e mortos.

Mártires sob o regime comunista da tchecoslovaco

Os sacerdotes da Diocese de Brno, Jan Bula e Václav Drbola, foram mortos em Jihlava por ódio à fé. Ambos, devido ao seu zelo pastoral, eram considerados perigosos pelo regime comunista que havia se instaurado então Tchecoslováquia desde 1948 e que havia iniciado uma perseguição aberta à Igreja. Preso em 30 de abril de 1951, vítima de uma conspiração da polícia secreta de Estado, Bula, apesar de estar preso, foi acusado de inspirar o assassinato de vários oficiais comunistas em Babice em 2 de julho de 1951. Julgado e condenado à morte, ele foi enforcado em 20 de maio de 1952, na prisão de Jihlava. Drbola, preso por fraude em 17 de junho de 1951, também acusado do assassinato de Babice enquanto estava detido na mesma prisão, foi condenado à morte e executado em 3 de agosto de 1951. Enganados e presos em uma armadilha armada por falsas testemunhas, os dois sacerdotes foram submetidos a violência e tortura que levaram a uma distorção dos acontecimentos e à assinatura forçada de falsas confissões de culpa. Portanto, vítimas de julgamentos de fachada, eles foram condenados à morte. Conscientes dos perigos que corriam no dramático contexto de aversão à Igreja, e apesar da dureza da prisão e das torturas sofridas, aceitaram o seu destino com fé e confiante abandono à vontade de Deus, como atestam as cartas escritas antes da sua execução e o testemunho do sacerdote chamado a ouvir a confissão de Jan Bula.

Os quatro novos veneráveis

Com os decretos promulgados nesta sexta-feira, são quatro os novos Veneráveis: Maria Evangelista Quintero Malfaz, que viveu entre os séculos XVI e XVII. Nascida em Cigales, Espanha, em 6 de janeiro de 1591, em uma família profundamente cristã. Órfã de ambos os pais, seguiu sua vocação religiosa e ingressou no Mosteiro cisterciense de Santa Ana, em Valladolid. Exemplar no cumprimento das tarefas que lhe foram confiadas, teve experiências místicas, que relatou por escrito, guiada por seus confessores, Gaspar de la Figuera e Francisco de Vivar. Em 1632, após a fundação de um mosteiro cisterciense em Casarrubios del Monte, na província de Toledo, foi enviada à nova comunidade e tornou-se sua abadessa em 27 de novembro de 1634, incentivando uma vida de oração e contemplação. Continua a ter experiências místicas, que deixam marcas visíveis em seu exterior. Em 1648, sua saúde piora. Acometida por uma doença grave, ela faleceu em 27 de novembro do mesmo ano. Sepultada na Sala Capitular do Mosteiro, cinco anos depois, após um exame, seus restos mortais foram encontrados incorruptos, enquanto sua fama de santidade crescia. O diálogo constante com Deus foi o elemento dominante de sua jornada espiritual, levando-a a perceber a necessidade de se oferecer como vítima com Cristo pela conversão de seus irmãos pecadores. Ela praticou ardentemente as virtudes teologais, confiando no Senhor para enfrentar as dificuldades da vida, e suportou pacientemente a adversidade e a fragilidade física. Ela também praticou a caridade para com Deus, comprometendo-se a cumprir Sua vontade em todas as circunstâncias com grande humildade.

Pe. Angelo Angioni

Angelo Angioni, sacerdote diocesano, nasceu em 14 de janeiro de 1915, em Bortigali, Sardenha, em uma família numerosa. Passou a infância em um ambiente caracterizado por uma forte fé religiosa. Finalizados os estudos no seminário, foi ordenado sacerdote em 31 de julho de 1938. Após servir por 10 anos como vigário e depois pároco, em 1948 foi nomeado reitor do Seminário diocesano de Ozieri e trabalhou para estabelecer uma comunidade diocesana de sacerdotes oblatos, consagrados às missões populares e estrangeiras, seguindo o exemplo do Beato Paolo Manna.

Como sacerdote fidei donum é enviado a São José do Rio Preto, onde realiza seu ideal missionário, empenhando-se não apenas na pastoral, mas também nos campos social e educacional, favorecendo a criação de uma escola paroquial e fundando o Instituto Missionário do Imaculado Coração de Maria, formado por sacerdotes, diáconos, religiosas contemplativas e leigos.

Graças à sua iniciativa, foram construídas igrejas, capelas, casas de retiro, residências religiosas, espaços para idosos e para atividades paroquiais. Produziu também muitos opúsculos informativos, impressos na gráfica que havia organizado no Instituto Missionário por ele fundado. Entre suas últimas atividades apostólicas e missionárias, destaca-se a criação de um Instituto de Ciências Religiosas.

Sua intensa atividade pastoral foi interrompida por dois derrames, em 2000 e 2004, que o deixaram gravemente debilitado. Sua vida terrena terminou em 15 de setembro de 2008. Seu apostolado refletia seu amor ao Senhor e seu zelo em transmiti-lo àqueles confiados aos seus cuidados pastorais. Ao longo de sua vida, viveu a pobreza, segundo o exemplo evangélico, possuindo apenas o mínimo necessário.

José Merino Andrés

José Merino Andrés desenvolveu sua vocação por meio da vida paroquial e da Ação Católica. Nasceu em Madri, Espanha, em 23 de abril de 1905, e ingressou no convento dominicano de San Esteban, em Salamanca, em 22 de julho de 1933. Seis anos depois, foi ordenado sacerdote e enviado ao convento de La Felguera, nas Astúrias, e posteriormente ao convento de Nuestra Señora de Atocha, em Madri. Dedicou-se intensamente à pregação da Palavra de Deus e à celebração dos sacramentos e, em 1949, foi enviado ao México, onde se dedicou às missões populares. Chamado de volta à sua terra natal para assumir o cargo de mestre de noviços, estabeleceu-se em Palência e ali iniciou a fase mais longa e frutífera de seu ministério sacerdotal, formando mais de 700 jovens entre 1950 e 1966. Apesar de sua saúde cada vez mais precária, dedicou suas energias restantes à pregação popular. Faleceu em 6 de dezembro de 1968. Religioso exemplar, destacou-se nas missões por sua pregação vibrante e espiritualmente poderosa, além do tempo dedicado à oração. Em seu apostolado, sempre demonstrou firme esperança e constante confiança na misericórdia divina, demonstrando sua fervorosa devoção à Virgem Maria. Praticou a caridade para com os outros e sempre viveu a obediência aos seus superiores com humildade e espírito de pobreza.

Gioacchino della Regina della Pace (Joaquim da Rainha da Paz)

Batizado Leone Ramognino, Gioacchino della Regina della Pace, é originário de Sassello, província de Savona, onde nasceu em 12 de fevereiro de 1890. Seu nome de batismo foi dado em homenagem ao então Papa Leão XIII. Cresceu em uma família muito religiosa e se envolve bastante na paróquia. Trabalhou como carpinteiro e, mais tarde, serviu como cabo na Primeira Guerra Mundial, destacando-se na construção de pontes e canais nos rios Isonzo e Piave, o que lhe rendeu a honraria de Cavaleiro de Vittorio Veneto. Ao retornar a Sassello, colaborou com o pároco na fundação do Circolo San Luigi para a educação de crianças, tornou-se membro ativo da Sociedade de Socorros Mútuos de Santo Afonso Maria de Ligório e ajudou a fundar um grupo de exploradores católicos em sua cidade natal. Trabalhou na construção do Santuário em homenagem à Rainha da Paz no Monte Beigua e, em 1927, tornou-se seu guardião. Viveu aqui por cerca de dez anos como eremita, mas sempre disponível para acolher peregrinos, e foi aqui que sua vocação religiosa se desenvolveu. Em 1951, ingressou no convento dos Carmelitas Descalços do Deserto de Varazze e continuou a se dedicar ao Santuário da Rainha da Paz, onde permaneceu como custódio até sua morte em 25 de agosto de 1985, aos 95 anos. Passava muitas horas em oração e meditação diante do Sacrário e cultivava uma profunda devoção a Nossa Senhora, considerando uma bênção ser custódio de um santuário a ela dedicado. Caridoso para com todos, dava exemplo aos jovens noviços com sua intensa vida de oração, seu sorriso acolhedor e sua bondade, e o povo o chamava de “Ninu u santu”.

 

 

 

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.


O período de verificação do reCAPTCHA expirou. Por favor, recarregue a página.