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Artigos › 02/09/2019

Semana da Pátria: O Grito dos Excluídos

No feriado da Independência, dia 7 de setembro, acontece o Grito dos Excluídos, um evento nacional que celebra neste ano a sua 24ª edição. O ponto alto deste evento é a concentração em Aparecida, no pátio da Basílica Nacional, simultâneo à Romaria dos Trabalhadores. Muitas pessoas vêm a pé para este evento, outros em caravanas que saem dos mais diversos lugares do país.

Durante a Semana da Pátria, chamada nas comunidades de Semana Social, ocorrem várias iniciativas nas Dioceses e Paróquias, seja para refletir o tema do Grito, que este ano é “Este sistema não Vale!”, em referência ao crime ambiental ocorrido em Brumadinho e que vitimou centenas de pessoas.

Esta tragédia humanitária e ambiental, que está no centro do Grito deste ano, nos faz pensar no desrespeito que o grande capital tem para com a vida, seja dos humanos quanto da natureza, pois para ele o que interessa é o lucro, que deve ser obtido acima de tudo, mesmo que às custas da morte de inocentes, que é olhada como acidente, não como crime.

Infelizmente o deus dinheiro tem os seus servidores fieis, insensíveis aos pequenos, aos humildes e ao meio ambiente. Aliás, as questões ambientais são compreendidas por eles como se fossem entraves aos que querem produzir e postulam um afrouxamento das leis e da fiscalização, em nome do aumento ou manutenção de postos de trabalho.

Fiel ao Deus da vida, a Doutrina Social da Igreja tem como essência a eminente dignidade da pessoa, bem como também a defesa da natureza. Uma tragédia lamentável como esta demonstra como o poder econômico está longe do projeto de Deus para o mundo. Como disse o Papa Francisco, “esta economia mata”.

Esta edição do Grito dos Excluídos, retomando a tragédia de Brumadinho, portanto, nos convida a pensar em outra economia possível. O Papa Francisco afirma que não se pode mais confiar na mão invisível e nas forças cegas do mercado para a consecução da justiça social e indica os princípios da dignidade da pessoa humana e do bem comum como norteadores de uma nova economia, onde decisões, programas, mecanismos e processos são orientados para uma melhor distribuição de renda e criação de oportunidades de trabalho, visando uma promoção integral dos pobres (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium 202-203).

O desafio da Doutrina Social da Igreja hoje é contribuir, com suas indicações éticas, para a construção de um novo modelo econômico a serviço da vida e, por isso, o Papa Francisco está convocando para 2020 um Simpósio Internacional no Vaticano para pensar outro modelo econômico.

Esta mobilização popular por meio do Grito dos Excluídos, que se repete todo ano desde 1995 durante a Semana da Pátria, chama a população a denunciar as exclusões e a lutar pelos direitos de todos, sobretudo dos mais vulneráveis.

Pe. Antônio Aparecido Alves
Pároco da Paróquia São Benedito, no Alto da Ponte, em São José dos Campos

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