Semana da Família
Neste mês de agosto, em comunhão com a Igreja no Brasil, realizaremos a Semana da Família. O subsídio Hora da Família, da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB nos apresenta um rico conteúdo para esta Semana, retomando a temática do VII Encontro Mundial das Famílias: “A família, o trabalho e a festa”. Família, trabalho e festa são um trinômio que começa com a família, que através do trabalho e da festa ocupa o espaço social e vive o tempo humano.
O subsídio Hora da Família apresenta os temas de reflexão, partindo de um texto bíblico. “O segredo de Nazaré” é o primeiro tema e parte de Lc 2, 51-52. No povoado da Galileia, Jesus viveu o período mais longo da sua vida. Foi aí que Ele viveu trinta anos como filho numa família humana. Na família de Nazaré Jesus se fez um de nós, fazendo a experiência de ser humano. Jesus, a Palavra de Deus em pessoa habita-se na nossa humanidade.
Outro tema é: “A família gera a vida” e parte de Gn 1,27; 2,23-25. Nas primeiras páginas da Bíblia explica-se o bem que Deus pensou e desejou para suas criaturas. Deus criou o homem e a mulher iguais em dignidade, no entanto diferentes em gênero: um é masculino e o outro é feminino. A semelhança unida à diferença sexual permite aos dois entrar em diálogo criativo, estabelecendo uma aliança de vida. No relacionamento homem e mulher, ambos se apoiam, compartilham e comunicam vida, excluindo qualquer forma de inferioridade ou superioridade. A família natural nasce do casal: homem e mulher, na sua própria diferença sexual, à imagem do Deus da aliança.
“A família e a superação das dificuldades” é outro tema; ele parte Mt 2, 13-21. Mais cedo ou mais tarde e de vários modos, a família é colocada à prova. O sofrimento, o limite e a morte fazem parte da nossa condição de criaturas, assinalada pela experiência do pecado, ruína de toda beleza, corrupção de toda bondade. Mas isso não significa que somos vencidos; pelo contrário, a consciência e a aceitação desta condição estimulam-nos a confiar na presença bondosa de Deus, que sabe renovar todas as coisas.
“Família geradora de uma sociedade justa e fraterna” é mais um tema de reflexão, e ele parte de Mt 5, 43-45; 6, 1-5. Jesus quer libertar o casal e a família de se fecharem em si mesmos: “Se amais somente aqueles que vos amam… se saudais…, que fazeis de extraordinário?” Com palavras revolucionárias, Jesus recorda aos seus ouvintes a “antiga” semelhança com Deus, convidando-os a dedicar-se aos outros segundo o estilo divino, para além dos temores e dos receios, dos cálculos e das garantias de uma própria vantagem. Jesus convida a superar uma visão egoísta dos vínculos familiares e sociais, a ampliar os afetos para além do círculo limitado da própria família, a fim de que se tornem fermento de justiça para a vida social. A família é a primeira escola dos afetos, o berço da vida humana, onde o mal pode ser enfrentado e superado. A família é um recurso precioso de bem para a sociedade.
Outro tema é: “O trabalho na família”; e este parte de Gn 1, 26-31; 2, 1-3. Como coparticipante da criação, o ser humano não está submetido ao trabalho, mas submete a “terra” pelo trabalho. Isto é, todo o globo terrestre está à disposição do ser humano, a fim de que ele, mediante a sua criatividade e o seu compromisso, descubra os recursos necessários para viver e fazer deles o devido uso. Através do trabalho as pessoas nutrem as suas relações familiares; da narração da criação sobressai uma estreita ligação entre o amor conjugal e a atividade de trabalho: com efeito, a bênção de Deus diz respeito à fecundidade do casal e à dominação da terra. Depois deste tema vem mais dois: “O trabalho, recurso para a família” e “Trabalho, desafio para a família”.
O tema “A festa, tempo para a família” parte de Ex 20, 8-11. O sétimo dia conserva o tempo de cada ser humano, o seu espaço de gratuidade e de relação. O sétimo dia é o momento do descanso e comunica a bênção a toda criação. Não apenas interrompe a atividade humana, mas confere a fecundidade ligada ao descanso de Deus. Assim, o culto e a festa dão sentido ao tempo humano. Através do culto, o tempo põe o ser humano em comunhão com Deus, e Deus entra na nossa história. O homem e a mulher, mas, sobretudo a família, devem inscrever no seu estilo de vida o sentido da festa, de maneira a viver não só como sujeitos em necessidade, mas como comunidade do encontro.
O tema da festa desdobra-se ainda em “A festa, tempo para o Senhor” (Mc 2, 23-28; Jo 21, 4-6.9-14) e “A festa, tempo para a comunidade” (At 2, 46.47;4, 33; 13, 1-5).O Dia do Senhor faz viver a festa como um tempo para os outros, dia da comunhão e da missão.
Exorto a todos os fiéis a participarem ativamente da semana da família nas suas comunidades.
Dom Moacir Silva
Bispo Diocesano