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Repensar o primado em sentido ecumênico

É uma história de um caminho comum, séculos de unidade, mas também de cismas, excomunhões mútuas, divisões e lutas determinadas mais pela política do que por diferenças teológicas. Depois de quase dois milênios de história cristã, apesar de antigas e novas crises dentro das diferentes confissões, o caminho ecumênico está dando passos significativos. O documento sobre o “Bispo de Roma”, que acaba de ser publicado, atesta como a disposição e a abertura para discutir as formas de exercício do primado petrino manifestadas em 1995 por São João Paulo II não permaneceram letra morta. O diálogo avançou e o caminho sinodal que a Igreja católica está vivendo em todos os níveis faz parte dele. De fato, os católicos estão redescobrindo e aprofundando a importância da sinodalidade como uma forma concreta de viver a comunhão na Igreja, uma consciência já presente e experimentada por outras tradições cristãs.

Ao mesmo tempo, o papel do Bispo de Roma e seu primado não são mais considerados por outros cristãos apenas como um obstáculo ou um problema no caminho ecumênico: na verdade, a sinodalidade sempre contempla a presença de um “protos”, de um primado.

É claro que, para as outras Igrejas, o primado petrino, como exercido pelos Papas no segundo milênio e especialmente como sancionado pelo Concílio Vaticano I, permanece inaceitável. Mas também sobre isso o documento do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos mostra passos significativos: o trabalho nos diálogos ecumênicos sugeriu, de fato, distinguir o primado papal que exerce jurisdição sobre a Igreja latina (ou ocidental, como os orientais gostam de chamá-la) do primado na caridade da Igreja de Roma, “primeira Sé”. Uma primazia de “diakonia”, ou seja, de serviço, e não de poder. Um primado de unidade, exercido em sinodalidade para buscar o consenso de todos os bispos.

Portanto, existe, ou pelo menos poderia existir, uma forma de primado petrino aceitável para as outras Igrejas. É o que, há alguns anos, o Patriarca ecumênico de Constantinopla Bartolomeu chamou de primado “exercido com humildade e compaixão, e não como uma espécie de imposição sobre o restante do colégio episcopal”, como “um verdadeiro reflexo do amor crucificado do Senhor, e não em termos de poder terreno”. Um caminho concreto para trilhar em direção à realização do sonho expresso pelo Papa Wojtyla há quase trinta anos.

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