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Artigos › 08/09/2018

Por uma Política que esteja a serviço do povo

A Diocese de São José dos Campos, seguindo o mandato de Jesus: “ide e evangelizai” (Mateus 28, 18-20) apresenta algumas orientações, para os católicos e pessoas de boa vontade, tendo em vista as eleições de 2018.

Podemos compreender o porquê da Igreja, orientar, a partir da sua Doutrina Social, a dimensão Política, com “P” maiúsculo, como missão de Evangelizar. A Palavra de Deus deve ecoar na plenitude da vida das pessoas e em todas as suas dimensões, inclusive na ação política.

Diante dessa realidade, o cristão não deve se deixar levar pela apatia e pelo desânimo e sim entender que é momento propício para possibilitar melhoras à nossa realidade, visando à busca do bem comum e a construção de uma sociedade justa e solidária, onde a dignidade humana seja o princípio fundamental de todas as nossas ações.

A não participação no processo eleitoral ou mesmo a indiferença ao tema é um risco, pois tais posturas favorecem os “aventureiros” e as “escolhas inadequadas”. Está nas mãos dos eleitores a oportunidade de exigir dos políticos posturas novas.

É preciso ultrapassar o sistema político em que alguns candidatos têm compromisso somente com grupos que os financiaram ou financiam, tendo sua atuação política concentrada na defesa de interesses do poder econômico ou de outra natureza. Esse modelo político defende o interesse de poucos e alimenta a corrupção e o sofrimento de muitos, o que leva a uma grave crise ética.

Precisamos de pessoas que construam uma Política que esteja a serviço do povo; que coloque o bem comum em primeiro lugar, a vida em primeiro lugar; que não se deixe intimidar pelos poderes financeiros e midiáticos; que seja construída no diálogo democrático e na busca da justiça com misericórdia e reconciliação.

Disse o Papa Francisco: “Para o cristão, é uma obrigação envolver-se na Política. Nós cristãos, não podemos fazer como Pilatos: lavar as mãos… Os leigos cristãos devem trabalhar na política… É um dever trabalhar para o bem comum”. (Papa Francisco, sala Paulo VI – Vaticano, 7 de junho de 2013).

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou uma série de orientações para as eleições deste ano, que você pode ler nos órgãos de comunicação da Igreja do Brasil.

“A Igreja Católica não assume nenhuma candidatura em particular, mas incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos”.

“Sonhamos e nos comprometemos com um país próspero, democrático, sem corrupção, socialmente equilibrado, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem violência, discriminação e mentiras; e com oportunidades para todos. Só com a participação dos cidadãos brasileiros é possível realizar este sonho”.

Para escolher e votar bem é imprescindível conhecer os candidatos e suas propostas de trabalho. Do poder executivo, espera-se “conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes econômicos”. Dos legisladores, requer-se “uma ação correta de fiscalização e legislação que não passe por uma simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao executivo”.

Por isso, exortamos as pessoas a aprofundarem seu conhecimento e buscarem informações sobre os candidatos, analisando sua história, propostas e compromissos.

A Igreja Católica não tem partido político, mas tem explícita e decidida posição que expressa o valor da dignidade humana, o respeito intransigente da vida desde a sua concepção à morte natural, de justiça social, de combate à corrupção e tantos outros valores que norteiam a nossa rica Doutrina Social. Em tempos eleitorais, é preciso particular vigilância para que nem o poder econômico e nem a manipulação midiática (notícias mentirosas e inventadas) tome o lugar da consciência de cada cidadão.

A Diocese de São José dos Campos, ao falar das eleições e orientar sobre elas, inspira-se nos documentos da Igreja Católica. Lembra, ainda, a atenção que deve ser dada à Lei 9.840, que dá as indicações eleitorais para as eleições e apresenta as penalidades para o descumprimento da legislação em vigor.

Deixemo-nos tocar pelo que nos ensina o Papa Francisco sobre os leigos e a política: “Peço a Deus que cresça o número de políticos capazes de entrar num autêntico diálogo que vise efetivamente a sanar as raízes profundas e não a aparência dos males do nosso tempo… Rezo ao Senhor para que nos conceda mais políticos que tenham verdadeiramente a peito a sociedade, o povo, a vida dos pobres” (EG 205).

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Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo Diocesano

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