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Notícias da Diocese › 15/05/2017

Pinheirinho: o início de uma nova história

Cinco anos foi o tempo de espera para que o povo da comunidade Santa Teresa de Calcutá, no Residencial Pinheiro dos Palmares, pudesse participar novamente da Santa Missa juntos, agora pertencendo à Paróquia Santa Luzia, no bairro do Putim, em São José dos Campos.

Os moradores do novo bairro, localizado na região sudeste da cidade, receberam as chaves da casa em dezembro de 2016. De lá pra cá, muito está sendo feito para que a fé do povo não se perca frente às dificuldades. É que ainda não há um local para as celebrações da comunidade e as missas estão sendo celebradas em um bar.

O início. Quase em sua maioria, as famílias que residem hoje no bairro são as mesmas que foram expulsas de forma violenta e traumática da antiga ocupação conhecida como Pinheirinho em janeiro de 2012. O local ocupava em torno de 1500 famílias na região sul de São José.

Lá foi construída então, a capela Santa Teresa de Calcutá que foi demolida juntamente com a imagem da santa no dia da desocupação. Em dias de reza, moradores recordam que caminhavam à luz de vela pelas ruas do assentamento, pois não havia luz nas ruas.

Muitas famílias não tinham para onde ir e o pároco da Paróquia Perpétuo Socorro naquela época, Pe. Ronildo, os acolheu na igreja matriz, que fica no bairro Campos dos Alemães.

Ao longo desse tempo, as famílias estavam recebendo ajuda com o “aluguel social” e aguardavam a entrega das casas prometidas pelo programa de habitação do Estado.

Casa nova, novos paroquianos. No dia 22 de dezembro de 2016 as primeiras famílias receberam as chaves da casa do novo residencial. Uma semana depois, quase todas as casas já haviam recebido os proprietários.

Com a chegada dos novos “vizinhos”, a Paróquia Santa Luzia passa a contar com novas forças. A comunidade Santa Teresa de Calcutá é recebida de braços abertos pelo povo de sua nova paroquia.

Quem não perdeu tempo foi Pe. Antonio Silva França, que dois dias depois já era visto nas ruas do bairro conhecendo seus novos “filhos”.

Para Ana Líbia Ferreira, a dona Líbia, algo ainda fazia falta entre eles e logo já se uniu a uma amiga. “Um ‘surto bom’ que tive com minha vizinha. Falamos que precisava de missa aqui. No mesmo dia, ele [Pe. França] estava aqui nas ruas, conhecendo o bairro, e minha vizinha falou com ele. Em cinco minutos o padre estava lá em casa, e marcamos a primeira missa ainda naquela semana”, lembra a moradora.

No dia 15 de janeiro deste ano os missionários da paróquia fizeram a primeira visita à nova comunidade. A primeira missa foi celebrada no dia 22 de janeiro, na casa de dona Líbia, em um domingo chuvoso, como lembram eles.

A partir daquele dia, ganhava corpo a vida em comunidade daquele bairro.

“Cada semana celebrávamos em uma casa, mas desde a segunda quinzena de março celebramos em um bar. O Sr. João fecha o balcão e ali nos reunimos e celebramos. Desde o dia 5 de fevereiro a missa é celebrada todos os domingos às 18h”, afirma Pe. França. O pároco também informou que não há possibilidade de compra e construção de uma nova capela, pois os lotes não estão disponíveis para venda no momento.

A esposa de João (conhecido entre os moradores por Tonho – condinome que dá nome ao bar onde a missa é celebrada, provisoriamente), Maria de Sousa Lima, ficou muito feliz com o pedido do padre para que fosse cedido aquele espaço para a celebração da missa. “Já tinha quase um ano que não ia na missa, agora temos missa todo domingo”, comemora ela. “O padre escolheu aqui e eu gostei. Todo domingo, quando dá três horas a gente já avisa: ‘olha, vai ter a missa’”.

Não foi só a dona Maria que se alegrou com o encontro de fé semanal. Maria Aparecida sentia um vazio desde que ficou sem participar da Eucaristia. “Quando vim pra cá, fiquei quase dois meses sem a missa. Nossa, fiquei incomodada com isso. Era um pedaço de mim que tinham tirado”, desabafa.

A missão. Para que as celebrações aconteçam, as equipes de liturgia da paróquia se deslocam até o residencial Pinheiro dos Palmares.

Vera Alice Resende, coordenadora da liturgia na comunidade Nossa Senhora do Carmo, é ministra da eucaristia há 28 anos e para ela “é um enorme prazer poder servir onde precisam”.

O casal Doralice Oliveira e Alex Alves, da capela Santo Antonio, estão à frente dos trabalhos missionários na nova comunidade desde o início. Para eles, o principal desafio é a evangelização. Pois “através da evangelização você consegue fazer a sociedade evoluir”, destaca Alex. O missionário encontrou muitos casos em que as famílias sequer conhecem Jesus Cristo. “O principal desafio hoje dentro da comunidade é o trabalho de evangelização ainda na iniciação cristão”.

Eles já realizaram missão junto a aproximadamente 550 casas. O equivalente a 30% do total de que reside no bairro.

 A catequese também já está acontecendo desde o mês de abril nas casas, com a ajuda de uma catequista de outra comunidade. O Pe. França já anunciou aos moradores na missa do último domingo, 30 de abril, que as atividades da catequese acontecerão na escola municipal, mas será preciso a colaboração de todos na preservação do espaço cedido pela direção da unidade.

Joelma Pinto participava na Paróquia Santa Cecília, em Jacareí, mas depois que se mudou para o residencial, começou se envolver com as atividades na comunidade, e está em formação para atuar na Pastoral da Criança. “Uma senhora aqui do bairro me perguntou se eu tinha o interesse e como eu já estava levando algumas crianças para a catequese, eu decidi ajudar mais. Aqui precisa muito, e peço a Deus que me ajude e que me dê forças”, referindo-se ao trabalho de preenchimento do livro usado pelas agentes da Pastoral.

Claudia Nobre de Oliveira também foi convidada para, junto com a mãe, dar início aos trabalhos com os encontros das CEB’s. A filha já é coroinha na matriz Santa Luzia, e ela diz que vai trazer a filha para participar mais na comunidade.

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A padroeira. Madre Teresa de Calcutá, hoje Santa Teresa de Calcutá, foi escolhida pelos moradores do antigo bairro, Pinheirinho, para ser patrona na comunidade.

Pouco se sabe sobre a infância da jovem de nome Agnes, porque ela não gostava de falar de si mesma. Quando completou dezoito anos, sentiu o chamado de consagrar-se totalmente a Deus na vida religiosa.

O seu sonho, no entanto, era o trabalho missionário com os pobres na Índia. Cientes disso, suas superioras a enviaram para fazer o noviciado já no campo do apostolado. Agnes então partiu para a Índia e, em maio de 1931, fez a profissão religiosa tomando o nome de Teresa. Houve na escolha deste nome uma intenção, como ela própria dissera: a de se parecer com Teresa de Jesus, a humilde carmelita de Lisieux.

Enviada a Calcutá, na Índia, foi professora durante muitos anos em uma escola para meninas de classe alta, antes de decidir servir a Deus através dos pobres. No início de 1948, se mudou para os bairros pobres de Calcutá, onde suas ex-alunas se tornaram, a seu lado, as primeiras Missionárias da Caridade.

No dia 10 de setembro de 1946, dia que ficou marcado na história das Missionárias da Caridade – congregação fundada por Madre Teresa – como o “Dia da Inspiração”, durante uma viagem de trem ao noviciado do Himalaia, Madre Teresa deparou com um irmão pobre de rua que lhe disse: “Tenho sede!”. A partir disso, ela afirmou ter tido a clareza de sua missão: dedicar toda sua vida aos mais pobres dos pobres.

Após um tempo de discernimento, com o auxílio do Arcebispo de Calcutá e de sua madre superiora, ela saiu de sua antiga congregação para dar início ao trabalho missionário nas ruas de Calcutá. Começou por reunir um grupo de cinco crianças, num bairro pobre, aos quais começou a ensinar numa escola improvisada. Pouco a pouco, o grupo foi crescendo. Dez dias depois, eram cerca de cinquenta crianças.

O início foi muito desafiador e exigente. Em outubro de 1950, a congregação fundada por ela foi aprovada pela Santa Sé, expandindo-se por toda a Índia e pelo mundo inteiro anos mais tarde.

No ano de 1979 recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Neste mesmo ano, o Papa João Paulo II a recebeu em audiência privada e a tornou sua melhor “embaixadora” em todas as nações, fóruns e assembleias de todo o mundo.

Com saúde debilitada e após uma vida inteira de amor e doação aos excluídos e abandonados – reconhecida e admirada por líderes de outras religiões, presidentes, universidades e até mesmo por alguns países submetidos ao marxismo – Madre Teresa foi encontrar-se com o Senhor de sua vida e missão no dia 5 de setembro de 1997. Sua despedida atraiu e comoveu milhares de pessoas de todo o mundo durante vários dias.

Foi beatificada pelo Papa João Paulo II no dia 19 de outubro de 2003, Dia Mundial das Missões.

No dia 04 de setembro de 2016, foi canonizada pelo Papa Francisco. A canonização da missionária foi decidida após a Igreja Católica ter aprovado seu segundo milagre, a “cura extraordinária” de um brasileiro.

Santa Teresa de Calcutá, rogai por nós!

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“Contamos com a intercessão, que muito trabalhou no meio dos pobres, para que a nova comunidade cresça cada vez mais na graça de Deus e que em breve tenha um local próprio para se reunir e fazer a sua capela.” – Pe. Antonio Silva França, Pároco da Paróquia Santa Luzia.

Confira a reportagem feita pela TV Canção Nova no local onde hoje os fiéis se reúnem:

 

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