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Papa no Capitólio: que Roma continue a mostrar sua verdadeira face, generosa e nobre

“Que Roma continue a mostrar sua verdadeira face, uma face acolhedora, hospitaleira, generosa e nobre”: foi o que disse o Papa Francisco no seu discurso durante a visita desta manhã de segunda-feira ao Capitólio, a Prefeitura de Roma.

Francisco visitou pela última vez o Monte Capitolino em 26 de março de 2019. Era então prefeita de Roma Virginia Raggi, hoje, quem recebeu o Papa no Palazzo Senatorio foi o prefeito Roberto Gualtieri. Depois de um encontro em privado com Gualtieri o Papa se encontrou com a Assembleia Capitolina na Sala Júlio César, onde proferiu o seu discurso.

Após agradecer às autoridades presentes e ao prefeito pelo convite Francisco disse que ao voltar para visitá-los, tinha sentimentos de gratidão e alegria. “Venho encontrá-los e, por meio de vocês, toda a cidade, que, quase desde seu nascimento, há cerca de 2.800 anos, teve uma clara e constante vocação de universalidade. Para os fiéis cristãos, esse papel não foi fruto do acaso, mas correspondeu a um desígnio providencial, disse.

Francisco então disse que a aspiração daquela civilização, que havia atingido o auge de seu florescimento, oferece uma explicação adicional para a rápida disseminação da mensagem cristã na sociedade romana. “O testemunho brilhante dos mártires e o dinamismo da caridade das primeiras comunidades de crentes interceptaram a necessidade de ouvir novas palavras, palavras de vida eterna: o Olimpo – destacou – já não era suficiente, era necessário ir ao Gólgota e ao túmulo vazio do Ressuscitado para encontrar as respostas para o anseio por verdade, justiça e amor. Essa Boa Nova, a fé cristã, com o tempo permearia e transformaria a vida das pessoas e das próprias instituições”.

Essa Boa Nova, continuou o Papa “teria oferecido às pessoas uma esperança muito mais radical e sem precedentes”. O Papa citou o caso da escravidão, que é um exemplo muito significativo do fato de que mesmo civilizações refinadas podem ter elementos culturais tão profundamente enraizados na mentalidade dos indivíduos e da sociedade que não são mais percebidos como contrários à dignidade do ser humano. Um fato – disse Francisco – “que também ocorre em nossos tempos, quando, quase inconscientemente, às vezes corremos o risco de ser seletivos e parciais na defesa da dignidade humana, marginalizando ou descartando certas categorias de pessoas, que acabam se encontrando sem proteção adequada”.

O Santo Padre então recordou que a Roma dos Césares foi sucedida – por assim dizer – pela Roma dos Papas, os sucessores do Apóstolo Pedro, que “presidiam com caridade” toda a Igreja e que, em alguns séculos, também tiveram que desempenhar um papel de substituto dos poderes civis na progressiva desintegração do mundo antigo. Muitas coisas mudaram, mas a vocação de Roma para a universalidade foi confirmada e exaltada.

Francisco então recordou que após a unificação da Itália iniciou-se uma nova fase, na qual, depois de contrastes e desentendimentos com o novo estado unitário, no contexto do que foi chamado de “Questão Romana”, a Concordata entre o poder civil e a Santa Sé foi alcançada há 95 anos. Este ano, portanto, marca o 40º aniversário da revisão da Concordata.

Agora Roma está se preparando para sediar o Jubileu de 2025. Esse evento – disse o Papa – é de natureza religiosa, uma peregrinação de oração e penitência para obter da misericórdia divina uma reconciliação mais completa com o Senhor. No entanto, não pode deixar de envolver também a cidade em termos de cuidados e obras necessárias para acolher os muitos peregrinos que a visitarão.

Portanto, – acrescentou – o próximo Jubileu também pode ter um impacto positivo na própria face da cidade, melhorando seu decoro e tornando os serviços públicos mais eficientes, não apenas no centro, mas também aproximando o centro e os subúrbios.

É impensável que tudo isso pudesse ocorrer de forma ordenada e segura sem a cooperação ativa e generosa das Autoridades do Município Capitolino e das autoridades nacionais.

Francisco destacou então que Roma é uma cidade com um espírito universal. Esse espírito quer estar a serviço da caridade, a serviço da acolhida e da hospitalidade. “Que os peregrinos, os turistas, os migrantes, os que se encontram em sérias dificuldades, os mais pobres, os solitários, os doentes, os presos, os excluídos, sejam as mais verdadeiras testemunhas desse espírito”.

Francisco então comunicou que decidiu abrir uma Porta Santa em uma prisão. “E esses podem testemunhar que a autoridade é plenamente tal quando está a serviço de todos, quando usa seu poder legítimo para atender às necessidades dos cidadãos e, em particular, dos mais fracos, dos últimos. E isso não é apenas para vocês, políticos: é também para os padres, para os bispos. Proximidade, proximidade com o povo de Deus para servi-lo, para acompanhá-lo”.

“Que Roma continue a mostrar sua verdadeira face, uma face acolhedora, hospitaleira, generosa e nobre”.

O imenso tesouro de cultura e história que jaz nas colinas de Roma é a honra e o fardo de sua cidadania e de seus governantes, e espera ser adequadamente valorizado e respeitado. Que renasça em todos a consciência do valor de Roma, do símbolo que ela representa em todos os continentes; e que se confirme, ou melhor, cresça, a colaboração ativa recíproca entre todos os poderes que nela residem, para uma ação coral e constante que a torne ainda mais digna do papel que o destino, ou melhor, a Providência, lhe reservou.

E o Papa concluiu suas palavras pedindo a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, Salus Populi Romani, para que “vele sobre a cidade e o povo de Roma, infunda esperança e suscite caridade, para que, confirmando suas mais nobres tradições, continue a ser, também em nosso tempo, um farol de civilização e promotora da paz”.

Na conclusão da sua visita o Papa no Balcão do Palazzo Senatório saudou os presentes na praça diante da Prefeitura e rezou com os fiéis uma Ave Maria, por Roma “a nossa Roma”, disse.

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