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Papa no Angelus: desmascarar as tentações que instrumentalizam Deus em função do poder e dos próprios interesses

Rádio Vaticano

A Quaresma nos ensina que a fé em Deus é “o critério-base” da vida da Igreja. Foi o que afirmou o Santo Padre no Angelus deste domingo, da janela de seus aposentos que dá para a Praça São Pedro, o primeiro após o anúncio da sua renúncia ao ministério petrino.

Falando aos milhares de fiéis e peregrinos que o saudaram com afeto e comoção, Bento XVI ressaltou que, se estivermos unidos a Cristo, não devemos ter medo de combater o mal. Muitas faixas e cartazes levados pelos fiéis e peregrinos para a Praça São Pedro atestavam proximidade e gratidão ao Pontífice. Na saudação aos presentes Bento XVI agradeceu aos que estão rezando por ele, pela Igreja e pelo próximo Papa.

A Quaresma, iniciada com o Rito das Cinzas, é “tempo de conversão e penitência” que deve reorientar-nos “decididamente a Deus, renegando o orgulho e o egoísmo para viver no amor”. O Santo Padre iniciou assim a sua meditação sobre o Evangelho dominical que narra as tentações de Jesus no deserto. E ressaltou que a Igreja, mãe e mestra, “convida todos os seus membros a se renovarem no espírito”:

Neste Ano da Fé a Quaresma é um tempo favorável para redescobrir a fé em Deus como critério-base da nossa vida e da vida da Igreja. Isso comporta sempre uma luta, um combate espiritual, porque o espírito do mal naturalmente se opõe à nossa santificação e busca fazer-nos desviar do caminho de Deus.

Em seguida, Bento XVI observou que Jesus é conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo no momento de “iniciar o seu ministério público”. Portanto, não um momento casual:

Jesus teve que desmascarar e repelir as falsas imagens de Messias que o tentador lhe propunha. Mas essas tentações são também falsas imagens do homem, que em todos os tempos insidiam a consciência, travestindo-se de propostas convenientes e eficazes, até mesmo boas.

Os evangelistas Mateus e Lucas, observou, apresentam as tentações diversificando-as por ordem, mas a sua natureza não muda:

O núcleo central delas consiste sempre no instrumentalizar Deus em função dos próprios interesses, dando mais importância ao sucesso ou aos bens materiais. O tentador é astuto: não impele diretamente em direção ao mal, mas em direção a um falso bem, fazendo crer que as verdadeiras realidades são o poder e aquilo que satisfaz as necessidades primárias.

“Desse modo – acrescentou – Deus torna-se secundário, se reduz a um meio, definitivamente, torna-se irreal, não conta mais, desvanece”:

Nos momentos decisivos da vida, mas, olhando bem, em todos os momentos, encontramo-nos diante de uma bifurcação: queremos seguir o eu ou Deus? O interesse individual ou o verdadeiro Bem, aquilo que realmente é bem?

As tentações, prosseguiu, fazem parte da “descida” de Jesus à nossa condição humana, “ao abismo do pecado e das suas conseqüências”. Uma descida que Jesus fez até os “infernos do extremo distanciamento de Deus”. Desse modo, afirmou, Jesus é, portanto, “a mão que Deus estendeu ao homem, à ovelha perdida para reconduzi-la a salvo”:

Portanto, também nós não temos medo de enfrentar o combate contra o espírito do mal: o importante é que o façamos com Ele, com Cristo, o Vencedor. E para estar com Ele dirigimo-nos à Mãe, Maria: invoquemos Nossa Senhora com confiança filial no momento da provação, e ela nos fará sentir a potente presença de seu Filho divino, para repelir as tentações com a Palavra de Cristo, e assim recolocar Deus no centro da nossa vida.

No momento das saudações em diversas línguas, Bento XVI agradeceu àqueles que estão rezando por ele e pela Igreja nestes dias, manifestando afeto e proximidade. Em espanhol, pediu que continuem rezando pelo próximo Papa. Em alemão, pediu aos fiéis que estejam próximos a ele e à Cúria Romana, sobretudo por ocasião desta semana de Exercícios espirituais. Por fim, fez uma calorosa saudação aos presentes de língua italiana, com um pensamento especial aos fiéis e cidadãos de Roma – dos quais é pastor qual Bispo de Roma:

O brigado por virem tão numerosos! Também isso é um sinal do afeto e da proximidade espiritual que vocês estão me manifestando nestes dias. Saúdo, em particular, a administração de Roma Capital, conduzida pelo prefeito, e com ele saúdo e agradeço a todos os habitantes dessa amada Cidade de Roma.

Num twett, por volta das 12h30 deste domingo, o Pontífice reiterou que a “Quaresma é um tempo favorável para redescobrirmos a fé em Deus como base da nossa vida e da vida da Igreja.”

O Santo Padre concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica.

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