Av. São João, 2650 - Jardim das Colinas, São José dos Campos - SP, 12242-000 - (12) 3928-3911
Sínodo Pan-Amazônico › 07/10/2019

Papa Francisco: o Espírito Santo é o protagonista do Sínodo

Os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia tiveram início na manhã desta segunda-feira, 7, com um momento de oração diante do túmulo de Pedro, na Basílica Vaticana, intercalado com um canto da região amazônica, seguido pelo Ven’i Creator.

Os participantes seguiram em procissão até a sala sinodal levando cartazes com imagens de mártires e frases da encíclica Laudato Si’ e símbolos da região amazônica, como o barco, a rede e objetos indígenas. O Pontífice fez a saudação inicial, agradecendo a todos pelo trabalho realizado desde sua visita a Puerto Maldonado, no Peru.

Dimensão pastoral

“O Sínodo para a Amazônia tem quatro dimensões”, explicou o Papa: pastoral, cultural, social e ecológica. “A primeira é essencial porque abarca tudo e vemos a realidade da Amazônia com olhos dos discípulos, porque não existem hermenêuticas neutras, ascéticas, sempre estão condicionadas a uma opção prévia, e a nossa opção prévia é a dos discípulos. Mas também com olhos missionários, porque o amor que o Espírito Santo colocou em nós nos impulsiona ao anúncio de Jesus Cristo”.

Francisco advertiu para as colonizações ideológicas, que fazem ver a realidade com programas pré-confeccionados com o afã de domesticar os povos originários. “As ideologias são uma arma perigosa”, afirmou, porque levam a visões redutivas, a entender sem admirar, sem assumir, sem compreender.

A realidade é absorvida com categorias “ismos”. O lema “civilização e barbárie” serviu para dividir, aniquilar os povos originários, demonstrando todo o desprezo por eles. O Pontífice citou a experiência que a própria Argentina viveu com estes povos e as atitudes depreciativas que continuam até hoje, expresso inclusive na linguagem.

Contra o risco de medidas pragmáticas, o Papa propõe a contemplação dos povos, a capacidade de admiração e um pensamento paradigmático. “Se alguém veio com intenções pragmáticas, converte-se para atitudes paradigmáticas, que nasce da realidade dos povos”, afirmou.

Francisco alertou ainda para os riscos da mundanidade, “que sempre se infiltra e nos faz distanciar da poesia dos povos”. “Viemos para contemplar, compreender, servir os povos e fazemos percorrendo um caminho sinodal, não numa mesa-redonda, em conferências ou em discursos, mas em sínodo. Porque um Sínodo não é um parlamento, um locutório, é um caminhar juntos sob a inspiração do Espírito Santo e o Espírito Santo é o protagonista do Sínodo”.

O martírio do Instrumento de trabalho

Quanto ao Instrumento de trabalho, o Papa o qualificou como “mártir”, destinado a ser destruído, pois é o ponto de partida. “Vamos caminhar sob a guia do Espírito Santo, deixar que Ele se expresse nesta assembleia, entre nós, conosco, através de nós e se expresse apesar da nossa resistência”.

Para assegurar que a presença do Espírito Santo seja fecunda, o Santo Padre indicou antes de tudo a oração – “rezemos muito”. “É preciso também refletir, dialogar, escutar com humildade, sabendo que eu não sei tudo e falar com coragem, com paresia, “mesmo que tenha que passar vergonha”, discernir e tudo isso dentro, custodiando a fraternidade que deve existir aqui dentro.”

Para favorecer essa atitude de reflexão, oração, discernimento, depois das intervenções haverá um espaço de quatro minutos de silêncio. “Pois estar no Sínodo é entrar num processo, não é ocupar um espaço na sala, e os processos eclesiais têm necessidade de ser custodiados, cuidados com delicadeza, com o calor da Mãe Igreja.”

O Pontífice então indicou prudência ao falar com os jornalistas, para não se criar a impressão de que exista um “Sínodo dentro” e um “Sínodo fora”. “Uma informação impudente leva a equívocos”. “Obrigado por aquilo que estão fazendo, obrigado por rezar uns pelos outros e ânimo, não perdamos o sentido de humor”.

CN Notícias

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.

[bws_google_captcha]