Papa fala de ilações na mídia durante Audiência Geral
CNBB
Bento XVI recebeu peregrinos de diversas partes do mundo que lotaram a Praça S. Pedro nesta quarta-feira de sol , 30 de maio, para a Audiência Geral. Pela primeira vez em público, ele se referiu às notícias e comentários da mídia internacional sobre fatos ocorridos com um de seus auxiliares e prosseguiu suas catequeses sobre o tema da oração, falando em especial das Cartas de São Paulo.
Para o Apóstolo Paulo, a oração é um reencontro pessoal com o Senhor. As tribulações nada podem contra aquele que é amparado pela graça divina. São Paulo é um exemplo exímio dessa proximidade de Deus, seja nas provas que teve que suportar, seja na força e no valor que o Senhor lhe infundiu para enfrentá-las. “O consolo do qual o Apóstolo nos fala não é um mero lenitivo à dor, mas um estímulo para que não nos deixemos vencer pelas dificuldades.”
Unidos a Cristo nas fadigas que Ele carrega sobre si, não somente somos capazes de enfrentar qualquer prova, mas, inclusive, de consolar os outros em suas lutas. A oração e a fé em Sua presença nos alentam, e no meio das contrariedades, sentimos o consolo de Deus. Assim, a fé se reforça pela experiência concreta do amor fiel de Cristo, que se entregou na Cruz. A esse enorme «sim» que o Espírito Santo faz perene e universal, responde o “amém” da Igreja, que ressoa na liturgia e na oração pessoal. Nele devemos expressar nossa adesão total ao “sim” de Deus, pois unindo-nos ao Senhor, participamos de sua consolação.
Eis o resumo que o Papa fez de sua catequese em português, seguida de sua saudação aos fiéis dos países lusófonos:
[box_light]Queridos irmãos e irmãs, a oração é um verdadeiro encontro com Deus Pai, em Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo. Assim se encontram o «sim» fiel de Deus, que vem em nosso auxílio e nos conforta, e o «ámen» dos fiéis que, nas provas da vida, se abandonam à vontade divina. A oração perseverante e diária faz-nos sentir, de forma concreta, a consolação do Pai do Céu e a fidelidade do seu amor que foi ao ponto de nos dar o seu Filho na cruz. Por nossa vez, somos chamados a corresponder com o «ámen» duma adesão fiel de toda a nossa vida à sua vontade. Esta fidelidade não se pode alcançar só com as nossas forças, mas vem de Deus e está fundada sobre o «sim» de Cristo, cujo alimento é fazer a vontade do Pai. É neste «sim» que devemos entrar, até podermos repetir, com São Paulo, «já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim». Então o «ámen» da nossa oração pessoal e comunitária envolverá e transformará toda a nossa vida. Amados peregrinos de língua portuguesa, em particular os participantes no curso de formação dos Capuchinhos e demais grupos do Brasil e de Portugal: a todos dou as boas-vindas, encorajando os vossos passos a manterem-se firmes no caminho de Deus. Tomai por modelo a Virgem Mãe! Fez-Se serva do Senhor e tornou-Se a porta da vida, pela qual nos chega o Salvador. Com Ele, desça a minha Bênção sobre vós, vossas famílias e comunidades eclesiais.[/box_light]
No final da Audiência, Bento XVI se pronunciou a respeito dos fatos publicados pela mídia que envolvem seus colaboradores. A seguir, a íntegra das palavras do Papa:
“Os fatos ocorridos nesses dias acerca da Cúria e dos meus colaboradores provocaram tristeza no meu coração, mas jamais se ofuscou a certeza convicta de que, não obstante a fraqueza do homem, as dificuldades e as provações, a Igreja é guiada pelo Espírito Santo e o Senhor nunca deixará de oferecer a sua ajuda para ampará-la no seu caminho. Todavia, multiplicarem-se ilações amplificadas por alguns meios de comunicação completamente gratuitas e que foram para além dos fatos, oferecendo uma imagem da Santa Sé que não corresponde à realidade. Por isso, desejo renovar a minha confiança e o meu encorajamento aos meus mais estreitos colaboradores e a todos aqueles que cotidianamente com fidelidade, com espírito de sacrifício e no silêncio, me ajudam na realização do meu ministério.”
O Santo Padre também deu destaque ainda ao sismo que abalou novamente ontem o centro da Itália. Ele manifestou sua solidariedade às vítimas com essas palavras:
“Expresso meu afeto na oração aos feridos, como também àqueles que sofreram danos, e manifesto meus vivos sentimentos aos familiares daqueles que perderam a vida. Faço votos de que com a ajuda de todos e a solidariedade de toda a nação aquelas terras tão duramente provadas possam retomar o mais rápido possível uma vida normal.”