Obrigado, Bento XVI!
Nossa Diocese de São José dos Campos é muita grata a Deus, nosso Senhor, pelo rico pontificado de Bento XVI, encerrado no último dia 28 de fevereiro.
Em 19 de abril de 2005, Bento XVI se apresentou como o humilde trabalhador da vinha do Senhor. Nesses quase oitos anos de pontificado, nós constatamos que aquela apresentação não eram meras palavras de momento, mas um programa de vida.
Nossa Igreja foi enriquecida com o Magistério de Bento XVI. Basta lembrar-se das encíclicas. A primeira, Deus caritas est (Deus é amor), sobre o amor cristão, nos ajudou a compreender melhor o sentido do amor na vida e na missão de todos e cada um de nós; ele deixou claro que “para a Igreja, a caridade não é uma espécie de atividade de assistência social que se poderia mesmo deixar a outros, mas pertence à sua natureza, é expressão irrenunciável da sua própria essência” (DC, 25). Com a segunda encíclica Spe Salvi (É na esperança que fomos salvos) nos convidou a refletir sobre a esperança cristã. Depois de uma profunda reflexão ele apresenta “lugares” de aprendizagem e de exercício da esperança: a oração como escola da esperança; o agir e sofrer como lugares de aprendizagem da esperança; o Juízo como lugar de aprendizagem e de exercício da esperança. Ele conclui apresentando Maria, estrela da esperança. A terceira encíclica Caritas in Veritate (A caridade na verdade) sobre o desenvolvimento humano e integral na caridade e na verdade. Ele diz: “a Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação. […] Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável” (CV, 9).
Além das encíclicas destaco duas Exortações Apostólicas Pós-Sinodal. A Sacramentum Caritatis (Sacramento da Caridade) com a qual ele nos levou a refletir sobre a Eucaristia, mistério acreditado; Eucaristia, mistério celebrado e Eucaristia, mistério vivido. É uma grande riqueza para todos nós, mas de modo especial para os que trabalham com a Liturgia, em nossas comunidades. Depois vem a Verbum Domini (a Palavra do Senhor) sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Com esta Exortação Apostólica o Papa nos coloca, num primeiro momento, diante do Deus que fala; depois chama nossa atenção para a Palavra de Deus e a Igreja; por fim, apresenta a missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus ao mundo.
Bento XVI nos enriqueceu com suas homilias, seus discursos, suas catequeses nas audiências gerais de quarta-feira; já estou sentindo saudade das catequeses sobre o Ano da Fé que ele iniciou no dia 17 de outubro passado. Como é gostoso ler e saborear esses ensinamentos!
Não posso deixar de mencionar os três anos especiais que Bento XVI convocou: o Ano Paulino, o Ano Sacerdotal e o Ano da Fé que estamos vivendo. Quanta riqueza de graças para toda a Igreja esses anos possibilitaram!
Por fim, posso dizer que Bento XVI nos enriqueceu com sua pessoa, sua simplicidade, sua humildade, sua fé, seu amor a Igreja, seu amor à verdade. Guardo no coração a feliz lembrança de meus encontros com ele, especialmente aquele encontro pessoal por ocasião da visita ad limina em 2009, quando ele demonstrou um grande interesse e carinho de pastor pela nossa Diocese, pela vida de nosso povo, nas perguntas que me fez.
Deus seja louvado pelo Pontificado de Bento XVI, que tanto nos enriqueceu.
Dom Moacir Silva
Bispo Diocesano