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O Papa: dos católicos na China uma importante contribuição para a paz

O Papa Francisco falou através de uma mensagem de vídeo aos participantes da conferência “100 anos do Concilium Sinense: entre história e presente”, organizada pela Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma, em colaboração com a Agência Fides e a Comissão Pastoral para a China.

Concilium Sinense foi o primeiro e até agora o único Concílio da Igreja Católica na China que se realizou, em Xangai, entre 15 de maio e 12 de junho de 1924, exatamente cem anos atrás. Foi realmente um passo importante no caminho da Igreja Católica na China.

Experiência sinodal

Na mensagem de vídeo, o Papa ressalta que, em Xangai, “os padres reunidos no Concilium Sinense viveram uma experiência autenticamente sinodal e juntos tomaram decisões importantes”.

O Espírito Santo os reuniu, fez crescer a harmonia entre eles, conduziu-os por caminhos que muitos deles não imaginariam, superando até mesmo suas perplexidades e resistências.

Matteo Ricci, os grandes missionários, Celso Costantini

O Papa cita, na mensagem videomensagem, o padre Matteo Ricci – Lì Mǎdòu: os padres do Concílio seguiram as pegadas dele e dos outros grandes missionários e “seguiram o caminho aberto pelo apóstolo Paulo, quando pregou que é necessário fazer tudo para todos a fim de anunciar e testemunhar Cristo ressuscitado”. Uma “contribuição importante” na promoção e orientação do Concilium Sinense, recorda o Papa, foi dada pelo arcebispo Celso Costantini, o primeiro delegado apostólico na China, que por decisão do Papa Pio XI foi também o grande organizador e presidente do Concílio.

Costantini aplicou um olhar realmente missionário à situação concreta. Ele valorizou os ensinamentos da Maximum illud, a Carta Apostólica sobre as missões publicada, em 1919, pelo Papa Bento XV. Seguindo o impulso profético daquele documento, Costantini simplesmente repetiu que a missão da Igreja era «evangelizar, não colonizar».

Frutos fecundos

Graças ao trabalho de Celso Costantini, no Concílio de Xangai “a comunhão entre a Santa Sé e a Igreja na China também manifestou seus frutos fecundos, frutos de bem para todo o povo chinês”, diz o Papa na mensagem de vídeo. Assim, o grande evento eclesial “não serviu apenas para fazer cair no esquecimento as abordagens erradas que prevaleceram em tempos anteriores. Não se tratava de “mudar de estratégia”, mas de seguir caminhos que estavam mais de acordo com a natureza da Igreja e sua missão. Confiando apenas na graça de Cristo e na Sua atratividade”.

Estradas de paciência e provação

Neste século, afirma o Papa na mensagem de vídeo projetada na Aula Magna da Universidade Urbaniana, “o caminho da Igreja ao longo da história passou e passa por caminhos imprevistos, incluindo tempos de paciência e de provação”. “O Senhor, na China”, diz ainda o Pontífice, “conservou a fé do povo de Deus ao longo do caminho. E a fé do povo de Deus foi a bússola que indicou o caminho durante todo esse tempo, antes e depois do Concílio de Xangai, até hoje”.

Os católicos chineses, em comunhão com o Bispo de Roma, caminham no tempo presente. No contexto em que vivem, testemunham também a sua fé com obras de misericórdia e caridade, e no seu testemunho dão uma contribuição real para a harmonia da convivência social, para a construção da casa comum.

“Quem segue Jesus ama a paz e se une a todos aqueles que trabalham pela paz, num tempo em que vemos agir forças desumanas que parecem querer acelerar o fim do mundo”, diz ainda o Papa na videomensagem.

Em peregrinação a Sheshan

Francisco recorda que “os participantes do Concílio de Xangai olharam para o futuro” e poucos dias depois do final do Concílio fizeram uma peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Sheshan, perto de Xangai. “Também nós, como os Padres conciliares de Xangai, podemos olhar para o futuro. Recordar o Concílio de Xangai pode também hoje sugerir a toda a Igreja novas estradas e caminhos abertos a percorrer com audácia para anunciar e testemunhar o Evangelho no presente”.

Nestes dias, no mês de maio, muitos fiéis chineses vão em peregrinação ao Santuário de Sheshan, “para confiar suas orações e esperanças à intercessão da Mãe de Jesus. No dia 24 de maio, festa de Nossa Senhora Auxiliadora, a Igreja em todo o mundo rezará com os irmãos e irmãs da Igreja na China, conforme solicitado pelo Papa Bento XVI em sua Carta aos católicos chineses”, recorda Francisco.

“Idealmente, também subo a colina Sheshan. Todos juntos confiemos a Nossa Senhora Auxiliadora, os nossos irmãos e irmãs na fé que estão na China, todo o povo chinês e todo o nosso pobre mundo, pedindo a sua intercessão, para que a paz vença sempre em todos os lugares”, conclui o Papa.

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