O legado dos Papas São João XXIII e São João Paulo II
Domingo dia 27 de abril, os Papas João XXIII e João Paulo II entraram no catálogo dos santos, devendo ser venerados como tais por toda a Igreja. Foi uma cerimônia histórica e muito esperada por católicos de todo o mundo.
Na Praça de São Pedro pudemos ver a figura de quatro Papas, dois “in memoriam” e dois ainda entre nós. A presença do nosso Papa emérito Bento XVI deu ainda mais peso histórico à cerimônia. Foi a primeira vez em que um Papa em exercício e um Papa emérito celebraram a Eucaristia juntos para o público.
Estes dois Papas, juntamente com os Papas canonizados, condensam quatro décadas de pontificado, num período de grande importância na história da Igreja. Isto sem contar o tempo que ainda resta de pontificado do Papa Francisco que não sabemos de quanto será. Somos chamados a louvar a Deus pelo bonito legado que os Papas São João XXIII e São João Paulo II deixaram na Igreja.
São João XXIII, o Papa bom
No dia 28 de outubro de 1958, logo depois da chaminé da Capela Sistina emitir a fumaça branca e ser anunciado do Balcão da Basílica o tradicional “Habemus papam”, muitos se perguntavam “quem era Giovanni Roncalli”? Rapidamente os meios de comunicação social começaram a tecer comentários acerca do seu perfil e da sua trajetória episcopal. Era um eclesiástico de grande simpatia e com muita capacidade de relacionar-se com o diferente, mas considerado por alguns excessivamente prudente e cauteloso.
A julgar pelo seu perfil, ninguém imaginava que em menos de três meses de pontificado, ele tivesse a ousadia de convocar, nada menos do que um Concílio Ecumênico. Os observadores supunham que o seu pontificado fosse de transição e sem grandes mudanças na estrutura eclesial.
O pontificado do Papa São João XXIII se deu num período delicado da guerra fria. No cenário eclesial e no aspecto sócio-político era um tempo de mudanças. A Igreja se via diante de um ateísmo avassalador, por outro lado o mundo naquele período já não era dividido geograficamente entre fiéis e infiéis.
O bom Papa São João XXIII soube captar a necessidade da Igreja aprofundar o seu chamado a uma maior abertura para o mundo que favorecesse o cumprimento da sua missão. Assim ele proporcionou à Igreja através da convocação do Concílio Vaticano II, um grande impulso de renovação que perdurou até o término do segundo milênio e deve continuar sendo a bússola da Igreja no novo milênio.
São João Paulo II, o Papa das multidões
São João Paulo II exerceu o pontificado durante 26 anos, sendo o terceiro pontificado mais duradouro da história. Somente São Pedro (37 anos) e São Pio IX (31 anos), tiveram mais tempo no pontificado do que ele. Só este fato já demonstra a importância que o legado de São João Paulo II tem para a Igreja do nosso tempo.
Oriundo da Polônia, Karol Józef Wojtyla conheceu de perto a tirania do nazismo e do comunismo, sistemas que se apresentaram afirmando a autonomia do ser humano, mas no fundo negavam o direito de liberdade àquele que é diferente ou mesmo lhe privava do direito de existir. O antropocentrismo de Woityla se identifica com o teocentrismo, por isso garante ao ser humano o verdadeiro sentido de sua existência e afirma o valor da vida como algo sagrado.
Desde o início do seu pontificado o Papa São João Paulo II inaugurou um estilo novo de exercer o ministério petrino, pondo em marcha para visitar países dos cinco continentes. Com isso ele demonstrou grande capacidade de relacionar-se com as massas, atraindo assembleias de grande magnitude.
Ele é considerado um dos líderes mundiais mais influentes do século XX. Teve um papel fundamental na derrocada do comunismo na Polônia e em toda a Europa. Além disso, no cenário religioso, ele possibilitou uma melhor relação da Igreja Católica com o Judaísmo, com o Islã, bem como com a Igreja Ortodoxa e as comunidades que surgiram da reforma protestante.
O projeto eclesial que norteou o pontificado do Papa São João Paulo II foi a nova evangelização. Percebendo que a Europa estava perdendo a sua identidade cristã e a fé nos outros continentes necessitava também de ser revitalizada, São João Paulo II propôs uma nova evangelização com novo ardor, novos métodos e nova expressão.
Padre Djalma Lopes de Siqueira
Administrador Diocesano