Nós cremos na vida eterna e na feliz ressurreição
No dia de finados, 2 de novembro, a Igreja faz memória dos fiéis defuntos, e o convite é para oração pelos que já partiram, de modo especial pelas almas que padecem no purgatório, e também aos amigos e parentes falecidos. Esse ano, a data será marcada pela lembrança das mais de 1 milhão de pessoas que morreram vítimas da pandemia da COVID-19.
Desde os primeiros séculos, os cristãos já visitavam os túmulos dos mártires para rezar por eles e por todos aqueles que um dia fizeram parte da comunidade primitiva. No século XIII, o dia dos fiéis defuntos passou a ser celebrado em 2 de novembro, já que no dia 1º de novembro é comemorada a Solenidade de Todos os Santos. A Igreja sempre celebra aquilo que provém de uma tradição, daquilo que é fruto de uma experiência de fé no seio da comunidade cristã.
Nesse ano, muitos dos cemitérios estarão fechados para visitação e também para realização das tradicionais celebrações, mas as paróquias da Diocese realizarão as missas nas Igrejas, para que o cristão católico possa ter a oportunidade de rezar em comunidade pelos falecidos.
Dia de finados e purgatório
O purgatório que faz parte da doutrina escatológica da Igreja é a condição de purificação que as almas devem passar para apresentarem-se sem mancha diante de Deus. Ao contrário do que se pensa, não trata-se de um castigo, mas de uma intervenção da misericórdia de Deus. A doutrina do Purgatório veio definida no segundo Concílio de Lion em 1274.
“O purgatório nos transforma na figura sem mancha, ou seja, no verdadeiro recipiente da eterna alegria. No purgatório a alegria do encontro com Deus que acontecerá, supera a dor e o sofrimento. Só não acredita no purgatório quem duvida da misericórdia de Deus. O verdadeiro significado do dia de finados só pode ser encontrado no amor de Deus”. (Frei Ribamar Gomes)
Indulgências plenárias para os fiéis defuntos
“Este ano, nas atuais contingências devidas à pandemia da “Covid-19”, as Indulgências Plenárias para os fiéis defuntos serão prorrogadas para todo o mês de novembro, adequando as obras e condições a fim de garantir a incolumidade dos fiéis.” É o que afirma o Decreto da Penitenciaria Apostólica sobre as Indulgências Plenárias dedicado aos defuntos.
O documento responde às súplicas dos bispos que, por causa do coronavírus, pediram para “comutar as obras piedosas a fim de alcançar as Indulgências Plenárias aplicadas às almas do Purgatório, de acordo com o Manual de Indulgências”.
Rezar pelos falecidos
O organismo vaticano, por mandato especial do Papa Francisco, estabeleceu e decidiu que, este ano, para evitar aglomerações onde forem proibidas, a Indulgência Plenária para aqueles que visitam um cemitério e rezam pelos defuntos, ainda que apenas mentalmente, de norma estabelecida apenas de 1° a 8 de novembro, pode ser transferida para outros dias do mesmo mês até seu término. Tais dias, escolhidos livremente pelo fiel, também podem ser separados uns dos outros.
A Penitenciaria Apostólica decretou que a Indulgência Plenária de 2 de novembro, estabelecida por ocasião da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos para aqueles que visitam piedosamente uma igreja ou um oratório e ali rezam o “Pai-Nosso” e o “Credo”, pode ser transferida não apenas para o domingo precedente ou seguinte ou para o dia da Solenidade de Todos os Santos, mas também para outro dia do mês de novembro, à livre escolha de cada fiel.
Os idosos, os doentes e todos aqueles que por motivos graves não podem sair de casa, por exemplo, por causa das restrições impostas pela autoridade competente para o tempo de pandemia, a fim de evitar que um grande número de fiéis se aglomere nos lugares sagrados, poderão obter a Indulgência Plenária desde que, unindo-se espiritualmente a todos os outros fiéis, completamente distantes do pecado e com a intenção de cumprir o mais rápido possível as três condições habituais (confissão sacramental, Comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Santo Padre), rezem orações piedosas pelos falecidos diante de uma imagem de Jesus ou da Bem-aventurada Virgem Maria, como por exemplo, Laudes e Vésperas do Ofício dos Defuntos, o Rosário Mariano, o Terço da Divina Misericórdia, outras orações pelos mortos queridos dos fiéis, façam a leitura meditada de uma das passagens evangélicas propostas pela liturgia dos defuntos ou uma obra de misericórdia oferecendo a Deus as dores e dificuldades da própria vida.
Dom Cesar, deixa uma mensagem especial para o dia de finados
No dia de finados, queremos rezar pelos mortos, nossos parentes e amigos falecidos.
Motivados pela Palavra de Jesus que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11, 25), elevamos nossas preces a Deus, que tudo pode e que tudo sabe, nas intenções de nossos entes queridos que já foram chamados para a vida eterna. Neste ano de modo muito especial, rezemos pelas mais de 1 milhão de famílias que perderam seus entes queridos, vítimas da pandemia da COVID-19.
A ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus a seu povo. O criador do céu e da terra é também aquele que mantém fielmente a sua aliança com Abraão e sua descendência. Nas provações, os mártires Macabeus confessam: “o Rei do mundo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis (2Mac 7,9).
Assim, ser testemunha de Jesus Cristo é ser testemunha da sua ressurreição (At 1,22). A esperança cristã na ressurreição está toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos com Ele, como Ele, por Ele. Por isso, podemos e devemos rezar: “dai-lhes, Senhor, o descanso eterno e a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém”.
Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo Diocesano de São José dos Campos
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