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Artigos › 03/07/2012

Nhá Chica proveio do povo

É incrível como uma mulher solteira, destituída de cultura, francamente analfabeta, tenha atraído a si homens cultos, e até políticos, que vinham discretamente consultá-la. E mais notável ainda é o fato de ela, não seguir nenhuma escola de espiritualidade conhecida, não ter nenhuma devoção erudita ou um mestre de santidade, alcançar níveis de fé e de caridade tão elevados.

A sua piedade era de corte popular: terço, devoção a Nossa Senhora da Conceição, respeito para com as Escrituras, oração pela conversão dos pecadores, intercessão pela saúde das pessoas, aconselhamento para as pessoas que lhe pediam orientações. Tudo isso na vida dela estava envolto em profunda contemplação, e de ambiente de amor para com o semelhante. “O Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples”  ( Sl  19, 7). Conseguiu viver, no melhor sentido da palavra, o que o povo no século XIX chamava de beata.  Ela é uma vitória de Cristo, que a amou com amor de predileção.

Tive a graça de ser Bispo Diocesano da Campanha. Já ouvira falar muito da santidade de Nhá Chica, e conhecia o fluxo de romarias que se faziam para Baependi, onde se encontram seus restos mortais.  Todos diziam que logo logo ela seria canonizada. Mas quando fui ver em que situação estava a tal canonização, vi que as coisas estavam no marco zero. Tudo não passava de pios desejos. Deus me deu a graça de acreditar nessa Santa, e por isso, com a participação do Conselho de Presbíteros e com a criação de uma competente Comissão pró Beatificação, começamos a trabalhar.

Foi um agrupamento excelente, composto por médicos, professoras, padres, religiosas e alguns devotos. Para encurtar a história, quando o processo ficou pronto, levei-o a Roma, para a Congregação para os Santos. A documentação pesava 28 quilos. E neste mês de junho/12 o Santo Padre Bento XVI assinou o decreto de beatificação.  Há muita gente que tem motivo de se alegrar muito, entre os quais me incluo. Eu até diria que me sentiria feliz se ela rezasse um terço nas minhas intenções, diante de Maria, mãe de Jesus.

Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)

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