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A Voz do Pastor › 01/08/2019

Vocações na Igreja

Celebramos com grande fervor e alegria o Mês Vocacional, como todos os anos na Igreja Católica do Brasil. É um tempo especial e forte para pedir ao “Senhor da Messe e Pastor do rebanho” operários para sua messe. Operários e operárias segundo o coração de Deus e com as atitudes do Bom Pastor.

De acordo com a Doutrina Católica, ao receber o dom do Batismo, a pessoa também recebe um “chamado” de Deus. Esta doutrina se funda na Palavra de Deus que diz: “porque irrevogáveis são os dons e o chamado de Deus” (Rm 11, 29).

Ao buscar entender o chamado de Deus, a pessoa deverá buscar entender que tipo de papel deve cumprir na Igreja Católica. Assim saberá eleger aquilo que poderá viver e experimentar como batizado e batizada na dimensão vocacional de sua vida. Claro que nenhuma vocação é mais importante que as demais, porque Deus chama pessoas diferentes para diferentes vocações e cada uma destas vocações serve para ajudar a Igreja a manter-se saudável e vibrante no seguimento do único e mesmo Senhor.

Costumamos, no mês de agosto rezar a cada semana, de forma especial, pelos bispos, sacerdotes, diáconos, pela vida religiosa e consagrada, pela vida matrimonial, pelos leigos e leigas e todos os vocacionados em nossas comunidades.

Relembremos o que disse o Papa Francisco sobre a importância da oração e do trabalho da animação vocacional no Documento Conclusivo do Sínodo sobre os Jovens e a Vocação: “Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, é preciso escutar, discernir e viver a Palavra, que nos chama do alto e, ao mesmo tempo, nos permite render nossos talentos, fazendo de nós instrumentos de salvação no mundo e orientando-nos à plenitude da felicidade”.

Francisco afirmou que “o chamado do Senhor não é evidente, como tantas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração”.

“Ler os sinais dos tempos com os olhos da fé”, nos convida Francisco, é “preparar-se à uma escuta profunda da sua Palavra, prestar atenção aos seus detalhes diários e aprender a ler os sinais dos tempos com os olhos da fé, sempre abertos às surpresas do Espírito”.

Porém, frisou o Papa, “cada um de nós pode descobrir a própria vocação através do discernimento espiritual. Hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, para superar as tentações da ideologia e do fatalismo. Todo cristão deveria desenvolver a capacidade de ler os acontecimentos da vida e identificar o que o Senhor quer de nós, para continuarmos a sua missão”.

Francisco destacou a necessidade de assumir a própria vocação: “A vocação realiza-se hoje! A missão cristã é para o momento presente! Cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimônio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – a ser testemunha do Senhor, aqui e agora”. Respondamos a Ele com o nosso generoso ‘sim’ e ‘Eis-me aqui’”.

Sobre o tema vocacional, continua o Papa Francisco, “Para isso é preciso implementar em todas as comunidades, uma “cultura de fé”, a oração e o trabalho de animação vocacional”.

Alertando sobre possíveis estratégias fracassadas, o Pontífice contou que conhece “algumas comunidades que optaram por não pronunciar a palavra ‘vocação’ em suas propostas para os jovens, porque acreditam que têm medo dela e não participam em suas atividades. Eliminar a palavra vocação do vocabulário da fé significa mutilar o léxico, correndo o risco, mais cedo ou mais tarde, de não nos entendermos uns aos outros. Precisamos, por outro lado, ser homens e mulheres consagrados e apaixonados, ardentes pelo encontro com Deus e transformados em sua humanidade, capazes de anunciar com a vida a felicidade que vem da própria vocação.”

Segundo Francisco, essa visão quanto à vocação “renova a consciência de que na Igreja nada se faz sozinho”. Por isso, indicou, “a pastoral vocacional não pode ser tarefa de apenas alguns líderes, mas da comunidade: ‘toda a pastoral é vocacional, toda a formação é vocacional e toda a espiritualidade é vocacional’”, completou.

“A vocação, esclareceu o Pontífice, se reconhece a partir da realidade, escutando a Palavra de Deus, e da história, escutando os sonhos que inspiram decisões, na maravilha de reconhecer, em um dado momento, que o que realmente queremos é também o que Deus quer de nós”.

Por fim, o Pontífice reforçou que a vocação “nunca é apenas ‘minha’”, pelo contrário, “é sempre para e com os outros. O Senhor nunca chama apenas indivíduos, mas sempre dentro de uma fraternidade para compartilhar seu projeto de amor, que é plural desde o princípio, porque ele mesmo é Trindade misericordiosa”.

É importantíssimo animar e sustentar os que demonstram claros indícios de chamada à vida sacerdotal e à vida consagrada, para que sintam o calor de toda a comunidade ao dizer “sim” a Deus e ao serviço eclesial, no árduo e sincero caminho de seguimento do Senhor.

A proposta que Jesus faz a quem Ele diz “Segue-me” é árdua e exultante: os convida a entrar em sua amizade, a escutar de perto sua Palavra e a viver com Ele e como Ele; lhes ensina a entrega total a Deus e a difusão do seu Reino segundo a lei do Evangelho.

A quem chama para seu serviço, o Senhor os convida a sair de si mesmos e de sua vontade fechada em si mesma, de sua ideia de autor realização, para mergulhar em outra vontade, a de Deus, e deixar-se guiar por ela; os faz viver uma fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus, e que chega a ser a marca distintiva da comunidade de Jesus: “o sinal” pelo qual conhecerão que sois meus discípulos.

A vocação é, pois, encontro com a Palavra de Deus e com a vida de comunidade. A Palavra Divina foi o tesouro de Maria.

A Mãe do Senhor foi nutrida e educada pela Palavra de Deus. Assim viveu o seu itinerário vocacional e tudo o que aconteceu em sua vida e na vida de seu filho Jesus, o Cristo de Deus.

A experiência vocacional de Maria deve ser tomada como exemplo e modelo para toda pessoa que quer fazer um caminho de discernimento e de opção por Deus e por seu plano de salvação na Igreja e no mundo.

Rezemos e trabalhemos arduamente pelas vocações.

Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB

Bispo Diocesano

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