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A Voz do Pastor › 06/06/2023

Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo

Desde os inícios dos anos de mil e duzentos, a Igreja Católica tem dedicado uma festa especial, todos os anos, ao Corpo e Sangue de Cristo, festa conhecida na história como a solenidade de “Corpus Christi”.

Sabemos e cremos que a Eucaristia é o Sacramento Central de nossa Fé. Desde a quinta-feira Santa, quando Jesus, ceando com os seus Apóstolos, INSTITUIU A SANTA ENCARISTIA, a Igreja celebra com alegria esta fonte inesgotável de amor e de graças da nossa Fé. Jesus tomando o pão disse: “…Isto é o meu Corpo…” e tomando o cálice com vinho disse: “…Este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna Aliança…” Assim, pelas próprias palavras do Senhor Jesus nós comungamos do seu Corpo e Sangue, e adoramos sua PRESENÇA REAL, na Santa Hóstia.

Não existe oração melhor nem mais completa que a SANTA EUCARISTIA. Nela está presente a Palavra de Deus, nela estão presentes o Corpo e o Sangue do Senhor e nela se fazem presentes os que têm a mesma Fé, foram marcados pelo santo Batismo e vivem unidos, a vida da Santa Igreja. Participemos sempre que pudermos da Santa Missa, em nossas comunidades, mesmo que isso nos custe esforço e sacrifício e adoremos o Santíssimo Sacramento, pão dos anjos, pão do céu, alimento santo para nossa salvação e força espiritual que garante nosso seguimento a Jesus Nosso Senhor. Comungar e Adorar são atos que nos fazem estar em comunhão com Deus e com os Irmãos. Digamos com fé e alegria: “Graças e louvores sejam dados a todo momento, ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento”.

Os enfeites nas ruas, as procissões, as celebrações, as manifestações populares de fé são mostra externa do amor e da adoração ao Senhor Jesus que carregamos em nossas mentes e em nossos corações.

Sejamos verdadeiros amigos de Jesus Cristo sendo seus discípulos e missionários, portadores do seu amor e do seu Evangelho.

Todas as quintas-feiras, depois da oitava de Pentecostes, a Igreja celebra a festa de Corpus Christi, mas nem sempre foi assim. Vejamos, então, como essa festa tomou a proporção que ela tem hoje.

Uma primeira coisa a saber é que não existe registro do culto ao Santíssimo Sacramento fora da Missa no primeiro milênio. Nesse período, a Eucaristia ministrada fora da Missa era somente para os doentes. A partir do segundo milênio, no entanto, por meio de um movimento eucarístico, cujo centro foi a Abadia de Cornillon, fundada em 1124, pelo Bispo Albero em Liége, na Bélgica, podemos constatar costumes eucarísticos: exposição e bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante sua elevação na Missa e, consequentemente, a festa do Corpus Christi. A Solenidade em honra ao Corpo do Senhor – “Corpus Christi” –, que hoje celebramos na quinta-feira após a oitava de Pentecostes, mais precisamente depois da festa da Santíssima Trindade, é oficializada somente em 1264 pelo Papa Urbano IV. Como bem sabemos, Deus costuma se revelar aos humildes e pequenos, e Ele se utilizou de uma simples jovem para lhe revelar a festa de Corpus Christi. Segundo os registros da Igreja, Santa Juliana de Cornillon, em 1258, numa revelação particular, teria recebido de Jesus o pedido para que fosse introduzida, no Calendário Litúrgico da Igreja, a Festa de Corpus Domini.

Dessa forma, a festa foi crescendo cada vez mais, e outros bispos faziam a mesma coisa em sua diocese. Tomou tal proporção, que veio a tornar-se não só uma festa do território da Bélgica, mas sim de todo o mundo. Sendo que, a festa mundial de Corpus Christi foi decretada oficialmente somente em 1264.

Depois da morte do Papa Alexandre IV, foi eleito o novo Papa, o cardeal Jacques Panteleón. Naquela época, a corte papal estava em Orvieto, um pouco ao norte de Roma. Muito perto dessa localidade fica a cidade de Bolsena, onde, em 1264, aconteceu o famoso Milagre de Bolsena.

Em que consiste esse milagre? Um padre da Boemia, Alemanha, que tinha dúvidas sobre a verdade da transubstanciação, presenciou um milagre. Durante uma viagem que fazia da cidade de Praga a Roma, ao celebrar a Santa Missa na tumba de Santa Cristina, na cidade de Bolsena, Itália, no momento da consagração, viu escorrer sangue da Hóstia Consagrada, banhando o corporal, os linhos litúrgicos e também a pedra do altar, que ficaram banhados de sangue.

O sacerdote, impressionado com o que viu, correu até a cidade de Orvieto, onde morava o Papa Urbano IV, que mandou a Bolsena o Bispo Giacomo, para ter a certeza do ocorrido e levar até ele o linho ensanguentado. A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264. O Pontífice foi ao encontro do Bispo até a ponte do Rio Claro, hoje atual Ponte do Sol. O Papa pegou as relíquias e mostrou à população da cidade.

O Santo Padre, movido pelas visões de Santa Juliana, pelo prodígio de Bolsena e também a partir da petição de vários bispos, fez com que a festa do Corpus Christi se estendesse por toda a Igreja por meio da bula “Transiturus de hoc mundo”, em 11 de agosto de 1264.

A morte do Papa Urbano IV, em 2 de outubro de 1264, um pouco depois da publicação do decreto, prejudicou a difusão da festa. Mas o Papa Clemente V tomou o assunto em suas mãos e, no concílio geral de Viena, em 1311, ordenou mais uma vez a adoção desta festa. Em 1317, foi promulgada uma recompilação das leis por João XXII e assim a festa foi estendida a toda a Igreja.

A Festa de “Corpus Christi” é a celebração em que solenemente a Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia; sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas. Nesta festa os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda a vida cristã. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.

Após a Missa de Corpus Christi se faz a Procissão Eucarística. Estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugênio IV, e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV. Com toda a honra possível ao Rei Jesus.

Finalmente, o Concílio de Trento (em 1.500) declara que: “…seja celebrado este excelso e venerável sacramento com singular veneração e solenidade; e reverente e honradamente seja levado em procissão pelas ruas e lugares públicos”. Assim nasceu esta maravilhosa Solenidade de Corpus Christi.

Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo de São José dos Campos

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