Av. São João, 2650 - Jardim das Colinas, São José dos Campos - SP, 12242-000 - (12) 3928-3911
A Voz do Pastor › 04/06/2018

São Pedro e São Paulo: modelos de vida para os cristãos de hoje

Estamos em pleno mês de junho, mês das festas populares no Brasil, em honra de diversos santos, tão queridos pelo nosso povo: Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo. Também recordamos com muito carinho a figura do Papa, hoje Francisco, sucessor de Pedro e Vigário de Cristo. Proponho a vida e a obra de São Pedro e São Paulo como ensinamento para todos os cristãos de hoje.

Pedro, escolhido por Jesus para exercer uma particular missão: aquela de guiar e sustentar a primeira comunidade. “Eu creio Senhor que Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mateus 16, 13 – 19). E Jesus lhe confia sua Igreja: “Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 17-19).  É este mesmo primado que a Igreja reconhece no Papa, de cujos símbolos, as chaves e o anel do pescador, imediatamente remetem à figura do Apóstolo. Humaníssimo na sua fragilidade, Pedro é, como os outros Apóstolos, desanimado no momento terrível da condenação e agonia de Jesus, chegando à negação do Senhor. Mas depois de sua “conversão total a Jesus” faz com que receba, de Jesus, o abraço da misericórdia: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros…as minhas ovelhas…” (Jo21, 15ss).

Um chamamento e uma missão, a que, depois de Pentecostes, o apóstolo haverá de consagrar toda a sua vida, até o martírio em uma cruz.  A Pedro é atribuído o primeiro milagre depois da ressurreição de Jesus, na porta do Templo e ainda, é atribuída a ele, a primeira conversão de um pagão, o centurião Cornélio (At 11). Nas perseguições sofre a prisão por testemunhar Jesus e a sua salvação. Preside o Concílio de Jerusalém e toma a palavra em nome dos Apóstolos e dos anciãos. Foi missionário de Jesus e do seu Evangelho, em Jerusalém, na Palestina, em Antioquia, em Corinto, em Roma. No coração do império de então, o discípulo missionário vive por alguns anos, anuncia o Senhor, coordena a comunidade, organiza a Igreja. Morre mártir sob o imperador Nero, no ano de 67 d.C. e seus restos mortais foram depositados no cemitério que havia na colina do Vaticano. O imperador Constantino constrói a primeira igreja sobre o túmulo do Apóstolo. O Papa Dâmaso diz que Pedro e Paulo são cidadãos romanos por causa do martírio em Roma. São Pedro escreveu aos cristãos do seu tempo. Sua primeira carta é dirigida aos fiéis cristãos espalhados pelo “Ponto”, na Galácia, Capadócia, na Ásia e na Bitínia, províncias romanas. Suas palavras exortam as comunidades a viverem de modo digno o batismo que receberam e a sofrer com coragem as perseguições. Pedro, mártir, santo, Apóstolo, Papa, intercedei por nós que vivemos no século presente!

São Paulo, de perseguidor dos cristãos a Apóstolo das nações. Bem diferente é a vivência humana e espiritual de Paulo de Tarso, que diferentemente de Pedro, não se encontrou com o Jesus histórico ao longo das estradas da Palestina. Encontra Jesus de modo misterioso, depois de anos de perseguição contra a Igreja. Encontra Jesus no caminho de Damasco e depois de uma formação inicial cristã, torna-se o grande discípulo missionário do Mestre, em todos os lugares possíveis.

Paulo, agora apóstolo, compreende que a mensagem evangélica não pode limitar-se às comunidades judaicas, mas que tem uma dimensão universal. Com ele a Igreja se descobre, para todos os efeitos, missionária, aberta aos pagãos, aberta a todos os povos, raças e línguas. Homem convertido, trabalhador, corajoso, inteligente, de grande cultura, excelente orador, Paulo abandona as suas seguranças e coloca-se constantemente em missão. “Para mim viver é Cristo e o morrer é lucro” (1 Fp 1, 21) é o fundamento do seu agir e do seu evangelizar. Nada nem ninguém mais o seguram no seu trabalho evangelizador. Nem as intempéries, nem os perigos, nem as calúnias, nem as perseguições, nem as dificuldades, nem as prisões, nem os inimigos.

É todo e em tudo dedicado à missão evangelizadora. As suas viagens o levam à Arábia, Grécia, Turquia, Itália. Em Roma vem como prisioneiro, por causa da fé, mas continua a evangelizar, ainda que em meio a muitas dificuldades. Como Pedro, morre mártir, provavelmente no ano 67 d.C. Suas 13 cartas, inseridas no cânon do Novo Testamento, são bases doutrinais essenciais do Cristianismo e uma referência imprescindível para os cristãos de todas as épocas históricas e de todos os continentes. Foi condenado à morte por um tribunal romano, porque era cristão. Foi decapitado, diz-se que em 29 de junho do ano 67 d.C., porque era cidadão romano e por isso não podia ser crucificado. A sentença foi cumprida num lugar chamado “palude de Salvia” (mais tarde chamada “Tre Fontane”, por causa das três fontes que nasceram no lugar onde a cabeça de Paulo saltou três vezes), perto de Roma. Os cristãos recolheram seu corpo e o sepultaram na Via Ostiense, onde se encontra, hoje, a grande basílica de São Paulo fora dos muros (uma das quatro basílicas papais de Roma). São Paulo, mártir, santo, apóstolo, missionário, escritor, evangelizador corajoso e constante, é exemplo para cada um de nós, nos tempos que vivemos.

Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo Diocesano

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.


The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.