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A Voz do Pastor › 01/11/2019

Pastoral Urbana: O desafio da Cidade

Uma das grandes obras do grande teólogo Santo Agostinho é “A cidade de Deus”, onde aborda os desafios da evangelização nos tempos da Igreja dos primeiros séculos do cristianismo. Santo Agostinho apresenta os desafios da cidade de Deus em contraponto com a cidade dos homens.

Este tema tem retornado com força nos últimos decênios, pelo menos há 50 anos e aparece em diversos documentos eclesiais, desde o Concílio Vaticano II, passando pelas Conferências Episcopais da América Latina, pelos documentos da Igreja no Brasil e por tantos estudos e propostas de teólogos, pastoralistas e bispos da Igreja no mundo inteiro.

Não podemos nos esquecer que a Igreja nasceu em contextos de cidades no mundo greco-romano. Mais tarde, com o advento da presença de novos povos neste mundo é que, seguindo os passos da sociedade humana, se alicerçou no meio rural.

Assim o desafio da Evangelização no meio urbano, tanto no sentido geográfico quanto no sentido cultural e de evolução da sociedade moderna, tornou-se uma tarefa para todos os batizados e batizadas, conscientes de sua vocação.

É por isso que as Novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) 2019 – 2023, apresentam linhas de inspiração e de ação para todas as nossas Dioceses e Instituições nesta perspectiva.

“Avançando neste processo, especialmente diante da cultura urbana, cada vez mais abrangente, as DGAE estão estruturadas a partir da Comunidade Eclesial Missionária, apresentada com a imagem de “casa”, “construção de Deus” (1Cor 3, 9). A Casa entendida como “lar” para os seus habitantes, acentua as perspectivas pessoal, comunitária e social da evangelização, inserindo no espírito da Laudato Si, a perspectiva ambiental. Em tudo convida todas as comunidades eclesiais a abraçarem e vivenciarem a missão como escola de santidade” (DGAE 4).

Deus vive na cidade, nos diz o Documento de Aparecida no número 514. Esta afirmação nos ajuda na coragem e na tarefa de nos interessarmos profundamente, com ardor apostólico, no conhecimento e no trabalho para a evangelização no mundo urbano.

É preciso acercarmo-nos, mais e melhor, das realidades urbanas que crescem a olhos vistos em nossa América Latina.

Hoje a maioria do povo de nossos países latino-americanos, especialmente no Brasil, vive nas cidades ou então completamente envolvidos pela mentalidade urbana. Isto coloca desafios para ação evangelizadora e para a Pastoral da Igreja.

No Documento de Aparecida são elencadas uma série de argumentos que sugerem iniciativas voltadas a uma pastoral urbana que ajudem os cidadãos a “encontrarem Cristo como plenitude de vida” (DAp 150).

Segundo os Atos dos Apóstolos a Igreja se difundia por simpatia, por atração, não por proselitismo. As pessoas diziam: “Vejam como se amam. E se faziam batizar” (Tertuliano).

É preciso, pois, desenvolver uma cultura do encontro, do acompanhamento e da comunhão.  Porque Deus quer que todos os homens se salvem. Certamente Ele tem uma “boa notícia” de salvação também para os homens e mulheres que vivem na cidade e que são a maioria do nossos contemporâneos.

Como Deus confiou a nós, homens e mulheres, a tarefa de evangelizar, somos desafiados a descobrir as formas e a linguagem mais adaptadas para fazê-Lo mais conhecido e amado.

Ajudemos as Comunidades Eclesiais Missionárias a serem sustentadas pelos quatro pilares: “Palavra” (iniciação cristã e animação bíblica); “Pão” (liturgia e espiritualidade); “Caridade” (serviço à vida plena); “Ação Missionária” (estado permanente de missão). Não deixemos para amanhã ou para mais tarde aquilo que o Espírito de Deus no impele a fazer hoje.

Juntos, em comunhão, na Igreja, por Jesus Cristo, anunciemos o Reino que é de Deus.

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Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo Diocesano

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