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A Voz do Pastor › 09/07/2023

Ministérios Leigos na Igreja

Realizamos na Diocese de São José dos Campos, à luz da solenidade de “Corpus Christi”, a RENOVAÇÃO DE MINISTÉRIOS LAICAIS em toda a Diocese. Foram renovados os ministérios extraordinários da Eucaristia, da Bênção, do Consolo e da Esperança. As celebrações se deram a partir das Regiões Pastorais, que são oito em nossa Diocese. Foram celebrações maravilhosas com a presença de milhares de ministros(as) renovando o seu compromisso com Jesus Cristo a serviço do Povo de Deus.

O leigo cristão tem a missão de ser o fermento de transformação profunda das realidades temporais, vivendo na comunhão da Igreja. Os Leigos são cristãos que têm uma missão especial na Igreja e na sociedade. Pelo batismo, receberam essa vocação que devem vivê-la intensamente a serviço do Reino de Deus. Na Igreja existem as diversas vocações: a sacerdotal, a diaconal, a religiosa e a leiga como temos celebrando neste mês eucarístico. Todas são importantes e necessárias, pois brotam do Batismo, fonte de todas as vocações.

Dentro da comunidade eclesial, os leigos são chamados a desempenhar diversas tarefas: catequista, ministro(a) Extraordinário da Comunhão Eucarística, ministro da consolação e da esperança, agente e coordenadores das diferentes pastorais, serviço aos pobres e aos doentes, novas comunidades, e tantos outros. São chamados também a colaborar no governo paroquial e diocesano, participando de conselhos pastorais e econômicos. Não como simples colaboradores do bispo e dos padres, mas como membros ativos da comunidade, assumindo ministérios e serviços para o engrandecimento da Igreja de Cristo.

O documento conciliar “SACROSANCTUM CONCILIUM” já apontava a ampliação da atuação dos leigos em alguns sacramentos e ministérios: “Providencie-se de modo que alguns sacramentos, pelo menos em circunstâncias especiais e a juízo do Ordinário, possam ser administrados por leigos dotados das qualidades requeridas” (SC, 79).

O Catecismo da Igreja Católica, no número 910 aponta assim: “Os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios pastores no serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, exercendo ministérios bem diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor quiser depositar neles”.  A atuação do leigo na comunidade é necessária e importante.

A concepção da Igreja como Povo de Deus, no qual cada um exerce ofícios e ministérios, segundo os carismas e dons de Deus, foi reforçada pelo Concílio Vaticano II. A partir daí se deu um aprofundamento do lugar que os batizados ocupam na Igreja, na responsabilidade deles na vida e no crescimento dela. Houve, portanto, o reconhecimento dos ministérios leigos, não somente por necessidade de suprir as lacunas dos sacerdotes, mas como direito natural em força do batismo e pelo sacerdócio comum dos fiéis leigos, do múnus sacerdotal, profético e régio, próprio de nosso batismo, como aponta o catecismo nos números 897 a 913.

No número 903 do Catecismo ainda afirma: “Se tiverem as qualidades exigidas os leigos podem ser admitidos de maneira estável aos ministérios’ de leitores e de acólitos. “Onde a necessidade da Igreja o aconselhar, podem também os leigos, na falta de ministros mesmo não sendo leitores ou acólitos, suprir alguns de seus ofícios a saber exercer o ministério da palavra, presidir às orações litúrgicas administrar o Batismo e distribuir a sagrada Comunhão de acordo com as prescrições do direito”.

O Ministério Extraordinário da Santa Comunhão nasceu da necessidade de apoio aos ministros ordinários (bispos, presbíteros e diáconos) na missão tão ampla de evangelização, como faziam as primeiras comunidades cristãs (At 6, 3). O Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão é um leigo ou leiga a quem é dada a permissão, temporária ou permanente, de distribuir a comunhão aos fiéis na missa ou em outras circunstâncias, tendo também outras funções.

O Concílio Vaticano II fez dar valor aos ministérios e valorizou a atuação do leigo na Igreja, também ao ministro extraordinário da Sagrada Comunhão. Popularmente é chamado de ministro da Eucaristia, o que não é uma linguagem correta. O ministro da Eucaristia é unicamente o bispo e sacerdote que administra a Santa Eucaristia. Antes do concilio não se podia imaginar um leigo tendo acesso ao sacrário e podendo levar o viático (a Eucaristia) nas casas ou nos hospitais.

Os ministros extraordinários da comunhão surgiram na Igreja Católica após o Concílio Vaticano II, como resposta à escassez de ministros ordenados, e à necessidade de pessoas que pudessem auxiliar os ministros ordenados na distribuição da comunhão em diversas circunstâncias, tarefa que para muitos se tornava demasiado extenuante devido ao tempo e esforço dispendido. A introdução de ministros leigos que pudessem auxiliar na ausência de outros ministros ordenados teve como finalidade trazer mais eficácia e dignidade à distribuição da Eucaristia.”

A Igreja não é uma associação de pessoas bem intencionadas, mas uma comunidade sacerdotal, isto é, não se está na Igreja, se é Igreja através de uma realidade ontológica, a graça. Efetivamente, alguns sacramentos imprimem caráter e seu impacto é tão forte que eles estruturam – com fundamento ontológico, isto é, no ser – essa comunidade sacerdotal. Efetivamente, o batismo (e a confirmação) cria o primeiro elemento da estrutura fundamental da Igreja, que chamamos de christifideles ou fiéis; o sacramento da ordem cria o segundo elemento da mesma estrutura fundamental, que chamamos ministri, o sagrado ministério.

A missão da Igreja é anunciar Jesus Cristo para que todos se salvem. Há, portanto, em toda a Igreja uma unidade de missão, mas diversidade de serviços que contribuem nessa única missão. “Os leigos, por sua vez, participantes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, compartilham a missão de todo o povo de Deus na Igreja e no mundo. (…) Já que é realmente característico do estado leigo viver em meio ao mundo e aos negócios seculares, são eles chamados por Deus para, abrasados no espírito de Cristo, exercerem o apostolado a modo de fermento no mundo” (AA, 2).

Vejamos os números dos ministros na Diocese de São José dos Campos: o total de Ministros que renovaram o Ministério é de 4.329 (Ministros da Comunhão). Dentro desse montante, 2.699 renovaram também o Ministério da Benção e 1.271, o Ministério do Consolo e da Esperança.

Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB

Bispo Diocesano

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