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A Voz do Pastor › 30/11/2017

Ano do Laicato

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil convocou para o ano que vem o ANO DO LAICATO NO BRASIL. O Ano do Laicato vai iniciar-se no dia 26 de novembro de 2017 e encerrar-se no dia 25 de novembro de 2018, SOLENIDADE DE CRISTO REI e Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas. Assim, em nossa Diocese, como em todas as Dioceses do Brasil, vamos viver com alegria e grande participação este Ano do Laicato.

Este ano visa, entre outras coisas, comemorar os 30 anos do Sínodo Ordinário sobre os Leigos (1987) e da Exortação Apostólica “Christifideles Laici”, de São João Paulo II, sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo (1988). Terá como eixo central a presença e a atuação dos cristãos leigos e leigas como “ramos, sal, luz e fermento” na Igreja e na sociedade. O tema será: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” e o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5,13-14).

Neste ano vamos dinamizar o estudo e a prática do Documento 105, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade”, e demais documentos do Magistério, em especial do Papa Francisco, sobre o Laicato. Ainda, estimular a presença e a atuação dos cristãos leigos e leigas, “verdadeiros sujeitos eclesiais” (DAp, n. 497a), como “sal, luz e fermento” na Igreja e na Sociedade.

Com o Documento 105 da CNBB, pretende-se animar a todos os cristãos leigos e leigas e fazê-los compreender a sua própria vocação e confiando a cada um a missão de batizado, para que viva fielmente sua condição de filho de Deus na fé, aberto ao diálogo, à colaboração e à corresponsabilidade com os pastores.  O cristão, sujeito na Igreja e no mundo, é discípulo-missionário, seguidor e testemunha de Jesus Cristo. É o cristão maduro na fé, que experimentou o encontro pessoal com Cristo e se dispôs a segui-lo com todas as consequências dessa escolha. É o cristão que adere ao projeto do Mestre e busca identificar-se sempre mais com Ele, com seu ser e agir. É o cristão que se coloca na escuta do Espírito e se percebe enviado à edificação da comunidade e à transformação do mundo como lugar do Reino de Deus, já iniciado, até a sua consumação definitiva.  O documento apresenta duas ênfases especiais: Queremos enfatizar a índole secular que caracteriza seu ser e agir, como propõe o Concílio Vaticano II: “O caráter secular caracteriza os leigos – a índole secular; e enfatizar, em consonância com o Documento de Aparecida, que “os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja” – a índole pastoral.

 Antes de deixar este mundo, Jesus Cristo enviou seus discípulos em missão, dizendo: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura!” (Mc 16,15). Insistimos que o anúncio do Evangelho a todos os povos e a todos os âmbitos da vida humana é missão especial dos cristãos leigos e leigas.

O decreto conciliar Ad Gentes ensina: “Os leigos colaboram na obra de evangelização da Igreja e participam da sua missão salvífica, ao mesmo tempo como testemunhas e como instrumentos vivos”. A Igreja é pois, uma comunidade missionária. A Igreja em “chave de missão” significa estar a serviço do reino, em diálogo com o mundo, inculturada na realidade histórica, inserida na sociedade, encarnada na vida do povo. Graças ao seu entusiasmo e ousadia missionária o cristão leigo colocará em prática o pedido do Papa Francisco: “Nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem-terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade”. Isso só será possível a partir de uma Espiritualidade viva e encarnada: passar de atitudes fechadas à formação de uma nova cultura, que constrói cidadania no diálogo e que não tem medo de acolher o que o outro tem a oferecer. Este espaço é aberto para os cristãos leigos e leigas, nesta sociedade dilacerada pelo desrespeito, pela intolerância e pelo medo do outro. Uma espiritualidade que responde ao desejo e à busca do rosto de Deus e da comunhão com Ele. Uma espiritualidade que se caracteriza pelo seguimento de Jesus, pela vida no Espírito, pela comunhão fraterna e pela inserção no mundo. A espiritualidade cristã sempre terá por fundamento os mistérios da encarnação e da redenção de Jesus Cristo. Este enfoque deve permear a formação laical desde o processo da iniciação cristã. A partir de Jesus Cristo, os cristãos leigos e leigas infundem uma inspiração de fé e de amor nos ambientes e realidades em que vivem e trabalham. Em meio à missão, como “sal, luz e fermento”, sempre cheia de tensões e conflitos, buscam testemunhar sua identidade cristã, como “ramos na videira” na comunidade de fé, oração e partilha.

O Concílio Vaticano II recomenda que os leigos alimentem sua espiritualidade na Palavra de Deus e na Eucaristia, “fonte e centro de toda a vida cristã”. Nela, os cristãos apresentam a Deus, por Jesus Cristo, o louvor de suas vidas, nutrem a fé, a esperança e a caridade, expressam a fraternidade e são enviados novamente em missão. O encontro com Jesus Cristo leva a uma espiritualidade integral. Esta contempla a conversão pessoal, o discipulado, a experiência comunitária, a formação bíblico-teológica e o compromisso missionário. “A experiência de um Deus uno e trino, que é unidade e comunhão inseparável, permite-nos superar o egoísmo para nos encontrarmos plenamente no serviço ao outro. A experiência batismal é o ponto de início de toda espiritualidade cristã que se funda na Trindade”. Faz parte integrante da formação dos Leigos o conhecimento da Doutrina Social da Igreja, precioso tesouro que oferece critérios e valores, respostas e rumos para as necessidades, às perguntas, e questionamentos da ordem social, em vista do bem comum. Ela ilumina a dimensão social da fé e a implantação do Reino na sociedade. Assim, oferecemos uma preciosa e concreta colaboração na formação de agentes para atuarem nos âmbitos sociais, políticos, econômicos e ecológicos, para transformação da sociedade.

Celebremos, pois, com grande alegria o ANO NACIONAL DO LAICATO, agradecendo a Deus, os milhares de leigos e leigas que constroem a Igreja em nossa Diocese e que dão sua valiosa contribuição na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo Diocesano

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