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A Voz do Pastor › 01/08/2020

A Pastoral Vocacional na vida da Igreja

Toda a Pastoral Vocacional da Igreja, nasce da experiência do encontro com Jesus e da vida vivida com Jesus. A Animação Vocacional em uma Diocese, é o coroamento de todo o trabalho missionário e evangelizador desta mesma Igreja. As vocações laicais, religiosas, diaconais e presbiterais, são o rosto da vida espiritual, missionária e evangélica de uma comunidade local, de uma paróquia e de uma diocese. São o espelho do trabalho evangelizador e pastoral de toda uma comunidade.

“Igreja sem vocações é como a figueira do evangelho que não tinha frutos”…

A Pastoral Vocacional segue os passos e a metodologia de Jesus: Ele chama os seus Apóstolos e os seus discípulos. Eles escutam a sua voz e O seguem. “Vinde após mim… quem quiser me seguir tome a sua cruz e me siga… eles foram até Ele e ficaram com Ele (Mt. 16,24).

Portanto, CHAMAR, anunciar, propor, testemunhar é o primeiro trabalho da animação vocacional. Depois Jesus forma os seus Apóstolos e Discípulos. Vive com eles, os ensina, faz sinais e milagres para que eles creiam, faz perguntas a eles para sentir se estão compreendendo o que Ele propõe e ensina. Assim a Pastoral Vocacional acompanha os chamados e convidados.

Depois Jesus propõe aos Apóstolos e Discípulos que “fiquem com Ele”. E vai escolhendo e propondo formas diversas de vida. Ficar com Jesus é assumir o seu Projeto de Vida: “Fazer a vontade do Pai” (Jo. 6, 38).  É pensar, agir, assumir, decidir à luz da Palavra de Deus. “A quem iremos, Senhor, só Tu tens palavras de vida eterna” (Jo. 6,68), diz Pedro falando em nome dos doze. Assim a Pastoral Vocacional vai ajudando os candidatos(as) a discernir o caminho e a forma de vida com Jesus.

Finalmente, Jesus, no dia da Ascensão envia: “Ide por todo o mundo e evangelizai todas as gentes” ((Mc 16, 15). Então é tempo de a Pastoral Vocacional encaminhar para os centros e casas de formação, aqueles que, chamados por Jesus, decidem assumir em sua vida pessoal a diversas formas de consagração batismal. Vocação é pois chamado de Deus e resposta Humana (“Vem e segue-me” Mt. 19,21).

Todos os anos, a Igreja do Brasil, escolhe o mês de agosto, como um mês especial, dedicado a rezar pelas VOCAÇÕES. Por todas as vocações. Por isso, a cada semana, agradecemos a Deus, as diversas vocações para as quais Ele nos chama:

Vocação À VIDA, valorizando a pessoa desde sua concepção até sua morte natural;

Vocação BATISMAL, que nos faz Filhos(as) de Deus, Irmãos de Jesus Cristo, participantes da Igreja, construtores do Reino de Deus;

Vocação MATRIMONIAL, onde o homem e a mulher, obedientes à Palavra de Deus se tornam “uma só carne”, isto é, uma união estável no amor para a vivência do afeto recíproco, para a geração de filhos, para a vivência da fé, para o desenvolvimento da sociedade;

Vocação RELIGIOSA/CONSAGRADA, onde homens e mulheres, à luz da Palavra de Deus e entregando livremente suas vidas, se decidem a seguir Jesus Cristo na tarefa de redenção e salvação da humanidade;

Vocação PRESBITERAL, quando batizados e consagrados, respondendo aos apelos de Deus, se dedicam com totalidade ao Povo que é de Deus, sendo “outro Cristo” e agindo na “pessoa de Cristo” para a animação de Bom Cristãos e Honestos Cidadãos, garantindo a santidade da vida eclesial e colaborando na construção do Reino de Deus.

Portanto, todos têm sua resposta pessoal a dar a Deus Nosso Senhor, que chama de tantas e diversas formas. Cada um de nós tem sua vocação pessoal, da qual deverá prestar contas a Deus. E todos nós vamos rezar de forma mais consciente e mais insistente para que não faltem as Vocações de especial consagração na Igreja e para que batizados e batizadas sejam colaboradores do Plano de Deus: “para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo. 10, 10).

Rezemos todos os dias: “Enviai Senhor, operários para a vossa messe, pois a messe é grande e os operários são poucos”.

O Papa Francisco indica alguns pontos para o dinamismo da Pastoral Vocacional. Em seu discurso, Francisco expressou seu temor em usar algumas expressões comuns da linguagem eclesial. Por exemplo, disse, Pastoral Vocacional poderia dar a impressão de ser um dos tantos setores da ação eclesial, um departamento curial ou a elaboração de um projeto.

O Papa afirma que tudo isso é importante, mas a Pastoral Vocacional é bem mais do que isto “É um encontro com o Senhor”. A acolhida de Cristo é um encontro decisivo, que ilumina a nossa existência, nos livra da angústia do nosso pequeno mundo e nos torna discípulos apaixonados pelo Mestre: “A Pastoral Vocacional é aprender o estilo de Jesus, que passa pelos lugares da vida cotidiana, se detém, sem pressa, e, olhando os irmãos com misericórdia, os conduz ao encontro com Deus Pai. Ele é o ‘Deus conosco’, que vive entre seus filhos, não teme misturar-se entre a multidão das nossas cidades”.

“A Pastoral Vocacional precisa de uma Igreja em movimento, capaz de ampliar seus confins, com base no grande coração misericordioso de Deus… Devemos aprender a sair da nossa rigidez, que nos tornam incapaz de comunicar a alegria do Evangelho, das fórmulas anacrônicas e das análises preconcebidas, que envolvem a vida das pessoas em esquemas frios”.

Neste sentido, dirigindo-se sobretudo aos pastores da Igreja, aos Bispos e aos Sacerdotes, o Papa disse: “Vocês são os principais responsáveis das vocações cristãs e sacerdotais; saindo, vocês podem ouvir os jovens, ajudá-los a discernir as ações dos seus corações e orientar os seus passos. Somos chamados a ser pastores no meio ao povo, a animar a pastoral do encontro e a dispor de tempo para acolher e ouvir os outros, sobretudo os jovens.

A seguir, o Santo Padre explicou o segundo verbo, “ver”: “Quando Jesus passa pelas ruas, para e cruza seu olhar com o do outro, sem pressa. Eis o que torna atraente e fascinante a sua chamada. Hoje, infelizmente, a pressa e velocidade dos estímulos nem sempre deixam espaço ao silêncio interior, no qual ressoa a chamada do Senhor”.

Às vezes, constatou Francisco, é possível correr este risco em nossas comunidades: pastores e agentes pastorais podem cair num ativismo vazio por causa da pressa e dos seus compromissos. Mas, o Evangelho nos ensina que a vocação inicia com um olhar de misericórdia.

E concluiu, exortando sobretudo os Bispos e Sacerdotes: “Perseverem em ser próximos, sair, semear a Palavra com olhares de misericórdia. Tenham coragem de promover a Pastoral Vocacional mediante métodos possíveis, exercendo a arte do discernimento. Não tenham medo de anunciar o Evangelho com generosidade, de encontrar e orientar a vida dos jovens”.

“Senhor da messe e Pastor do rebanho, dai-nos muitas e santas vocações e intrépidos vocacionados!”.

Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB

Bispo Diocesano de São José dos Campos

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