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Artigos › 14/05/2018

Mãe, bendita entre as mulheres

Se existe uma figura que povoa o imaginário da humanidade desde os tempos imemoriais, essa figura é a da mãe. Ela representa a origem, uma referência existencial indispensável.

É em seu interior que a vida começa, é ela que nutre antes e, quase sempre, depois do parto. A figura materna é sinônimo de vida! Por isso, a veneração, o carinho, a necessidade de ressoá-la no coração.

Mesmo aqueles que, por inúmeras razões, não tiveram a oportunidade de gozar do carinho de uma mãe, o procuram em alguma “fonte” alternativa. De qualquer modo, essa referência parece estar latente: o ser humano busca pelo materno.

É verdade que, ao longo da história, com suas contradições e rupturas, houve momentos em que não se via nesta ou naquela mãe o que em geral se vê. Alguns trazem em sua história pessoal um verdadeiro trauma em relação à mãe. Todavia, essa não é a regra.

O fascínio diante da mãe atravessa gerações e gerações, alimentado pela ternura vivenciada por homens e mulheres ao longo dos séculos.

O relacionamento com a mãe e a própria maternidade constituem experiências de transcendência, nas quais se acessa algo que foge do meramente corriqueiro, despertando para um sentido mais profundo e decisivo. Logo, não deveríamos estranhar a famosa afirmação de João Paulo I em seu breve pontificado: “Deus é Pai, mas também é Mãe”.

Amparado por textos bíblicos que comparam Deus à figura feminina (cf. Is 46,3; 49,15; 66,13), o papa Luciani esclarecia que a compreensão judaico-cristã da divindade não pode ficar refém de uma concepção patriarcal, mas se expressa genuinamente a partir de tudo aquilo que se experimenta como verdadeiramente bom e belo.

Jesus de Nazaré, que nos revelou Deus como Pai, nos confiou, na hora da morte, o que tinha de mais precioso: sua mãe (cf. Jo 19,26-27). O discípulo de Jesus que a recebe, enxerga nela o cuidado de Deus, sempre concreto.

Assim, a experiência com a mãe nos põe em contato com o princípio divino da acolhida, da doação da vida, da comunhão intensa que aquece o coração e faz com que nos sintamos amados e aptos a amar.

Portanto, a figura da mãe deveria despertar em nós gratidão profunda: a Deus, autor e fonte da vida; e a tantas “Marias”, “Neides”, “Beneditas” e “Terezas” que, não somente num dia do ano, mas durante toda a vida, partilham de si, doando suas vidas através de um contínuo “martírio materno” (Oscar Romero).

Benditas sejam todas as mães!

Pe. Éverton Machado dos Santos
Vigário da Paróquia Coração de Jesus, em São José dos Campos

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