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Palavra do Pastor › 07/07/2017

Leigos e leigas na Igreja e na sociedade

Na Assembleia dos Bispos do ano de 2016 foi aprovado pelos Bispos do Brasil, depois de dois anos de estudos e de discussões o documento: “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14)”. Este também foi o tema da última reunião dos Bispos do estado de São Paulo, reunidos em Aparecida dias atrás. Será o grande tema para a Assembléia da Igrejas do Sul 1 da CNBB que acontecerá em Itaici, no mês de novembro.

Em nossa Diocese de São José dos Campos são milhares e milhares os leigos e leigas que participam da vida de nossa Igreja Particular e são milhares os que assumem diversos serviços na Igreja: ministérios, pastorais, serviços, novas comunidades, movimentos, associações, grupos os mais diversos, etc. São muitos os que assumem serviços, com sua fé católica, na Sociedade: nas diversas profissões, serviços sociais, partidos políticos, administração pública, conselhos públicos, tarefas e responsabilidades de indivíduos e grupos a favor dos outros, etc. É pois uma graça e motivo de darmos graças a Deus a presença de tantos batizados, cônscios de sua Fé, que assumem a palavra de Jesus de serem: ”sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14)”.

 Por isso, por toda esta beleza de participação e compromisso com o Evangelho a Igreja Católica no Brasil vai viver a partir da festa de Cristo Rei deste ano até a festa de Cristo Rei de 2018, o ANO DO LEIGO E DA LEIGA no Brasil. Que alegria podermos como Igreja celebrar a presença de nossos Leigos e Leigas na construção e desenvolvimento da Igreja e da Sociedade. Que alegria a presença, por causa do Batismo, de tantos Fiéis Leigos e Leigas comprometidos com o Evangelho, com o Reino de Deus, com suas comunidade, com sua Igreja, com a Sociedade, com a Criação, presente de Deus para todos nós.

Diz o documento acima citado: “A beleza e o sentido da Igreja vêm expressos na realidade fundada em um só Senhor, em uma só fé, em um só Batismo (Ef 4,5). Na Igreja, a dignidade de todos está na regeneração em Cristo, na graça comum de filhos e filhas, na vocação comum à perfeição. Todos vivem de uma só salvação, uma só esperança e uma caridade misericordiosa…A Igreja é uma realidade formada por um todo, não segundo a carne, mas no Espírito Santo” (Doc 105 apres.). “O presente documento tem como perspectiva a afirmação do dos cristãos leigos e leigas como VERDADEIROS SUJEITOS ECLESIAIS… Pretende-se animar a todos os cristãos leigos e leigas a compreenderem a sua própria vocação e missão e atuarem como verdadeiros sujeitos eclesiais nas diversas realidades em que se encontram inseridos, reconhecendo o valor de seus trabalhos na Igreja e no mundo. Como sujeitos eclesiais não são uma realidade pronta, mas um dom que se faz compromisso permanente para toda a Igreja, em sua missão evangelizadora, sempre em comunhão com os demais membros” (CNBB 105, 10).

O Concílio Vaticano II apresentou, com grande alegria e reconhecimento, o papel dos Leigos e Leigas na Igreja. E o pensamento do Concílio foi sendo traduzido em muitos outros documentos eclesiais dos Papas, dos Sínodos dos Bispos, das Assembléias continentais, das Conferências Episcopais, etc. Também o Catecismo da Igreja Católica, aproveitando toda esta corrente de proposições, tem uma secção que fale dos Leigos e da Leigas na Igreja e na Sociedade. Diz-nos o CIC: “Sendo Cristo enviado pelo Pai a fonte e a origem de todo apostolado da Igreja”, é evidente que a fecundidade do apostolado, tanto o dos ministros ordenados como o dos leigos, depende de sua união vital com Cristo. De acordo com as vocações, os apelos da época e os dons variados do Espírito Santo, o apostolado assume as formas mais diversas. Mas é sempre a caridade, haurida sobretudo na Eucaristia, “que e como que a alma de todo apostolado” (CIC 864)… “Uma vez que, como todos os fiéis, os leigos são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, eles têm a obrigação e gozam do direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em conta que é somente por meio deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que sem ela o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno efeito” (CIC 900)… Graças à sua missão profética, os leigos “são também chamados a serem testemunhas de Cristo em tudo, no meio da comunidade humana” (CIC 942)… Não cabe aos pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem por própria iniciativa com seus concidadãos. A ação social pode implicar uma pluralidade de caminhos concretos. Terá sempre em vista o bem comum e se conformará com a mensagem evangélica e com a doutrina da Igreja. Cabe aos fiéis leigos “animar as realidades temporais com um zelo cristão e comportar-se como artesãos da paz e da justiça” (2442)…”Assim, todo leigo, em virtude dos dons que lhe foram conferidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja “pela medida do dom de Cristo” (Ef 4,7) (CIC 913)…“Graças à sua missão régia, os leigos têm o poder de vencer o império do pecado em si mesmos e no mundo, por sua abnegação e pela santidade de sua vida” (CIC 943).

 Assim teremos a alegria de nos preparar para este ANO DO LEIGO E DA LEIGA e continuarmos, em toda a Diocese, nossa reflexão, oração e compromisso com este tema e com os estes “sujeitos eclesiais”. Vamos estudar o documento da CNBB nº 105 em todas as nossas comunidades e relembrar e atuar o que nos manda o Concílio Vaticano II e os documentos eclesiais sobre este assunto. Que Deus seja louvado por tantos Leigos e Leigas que servem a Jesus Cristo servindo seus irmãos e irmãs.

Dom José Valmor Cesar Teixeira, SDB
Bispo Diocesano

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