Leão XIV: é urgente acolher as grávidas com dignidade e os jovens com coragem
A audiência com o Papa encerrou o Jubileu da Esperança como comunidade acadêmica para o Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família. Leão XIV falou da urgência por “tempo e espaço ao amor” tanto às mulheres grávidas que merecem dignidade, proximidade e escuta por parte das comunidades civil e eclesial, quanto aos jovens que têm rejeitado o matrimônio: encontrem “a coragem para inventar novas palavras que toquem a consciência. É tarefa bela e urgente”.
“Buongiorno, buenos dias, good morning. Perguntaram como estou… Eu estou bem; o relógio é que está mal! (risos). Desculpem o atraso”, disse o Papa Leão XIV, entre o compromisso de uma série de audiências desta sexta-feira (24/10), ao receber um grupo de 300 professores e estudantes do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família – um centro internacional de reflexão e de alta formação acadêmica e pastoral dedicado a temas que promovem a família como escola de humanidade, além de tratar de bioética, ecologia humana, ensinamento social cristão, política e ética. A instituição com sede na Itália também está presente no Brasil, em Salvador/BA, como em outros países: Estados Unidos, México, Espanha, Benin e Índia. Na Sala Clementina, no Vaticano, a delegação encontrou o Papa para concluir o seu Jubileu da Esperança como comunidade acadêmica e humana, numa programação organizada em função da festa de São João Paulo II de 22 de outubro.
A urgência por “tempo e espaço ao amor”
Um discurso, após saudar representantes locais e internacionais do instituto, professores, estudantes e ex-alunos, “um único corpo acadêmico distribuído em diversos continentes para responder às exigências de formação, estando o mais próximo possível dos cônjuges e das famílias”, o Papa enalteceu a missão do centro, interpelado por diferentes desafios no mundo, mas que consegue contribuir com “a constante atualização do diálogo entre vida familiar, mundo do trabalho e justiça social”, inspirada pela Igreja e pela doutrina social. Uma vocação, que nasceu “da visão profética de São João Paulo II na esteira do Sínodo de 1980 sobre a família”, para promover ações de apoio à família, de pesquisa e testemunho de “fatores que influenciam a escolha de se casar e ter filhos”:
“Em uma sociedade que muitas vezes exalta a produtividade e a velocidade em detrimento das relações, torna-se urgente devolver tempo e espaço ao amor que se aprende na família, onde se entrelaçam as primeiras experiências de confiança, de doação e de perdão, que constituem o tecido da vida social.”
A maternidade merece dignidade, proximidade e escuta
Ao recordar “com emoção as palavras do Papa Francisco” na Exortação Apostólica Amoris laetitia sobre o amor na família e se dirigindo “com ternura às mulheres que esperavam um filho, pedindo-lhes que cuidassem da alegria de trazer ao mundo uma nova vida (cf. Amoris laetitia, 171)”, Leão XIV abordou sobre a vida humana, um dom que deve ser sempre acolhido com respeito, cuidado e gratidão:
“Diante da realidade de tantas mães que vivem a gravidez em condições de solidão ou de marginalidade, sinto o dever de recordar que a comunidade civil e a comunidade eclesial devem se empenhar com constância para devolver à maternidade a sua plena dignidade. Para tal, são necessárias iniciativas concretas: políticas que garantam condições de vida e de trabalho adequadas; iniciativas formativas e culturais que reconheçam a beleza de gerar juntos; uma pastoral que acompanhe as mulheres e os homens com proximidade e escuta. A maternidade e a paternidade, assim preservadas, não são de forma alguma um fardo para a sociedade, mas sim uma esperança que a fortalece e renova.”
Aprofundar o vínculo entre família e doutrina social da Igreja
Leão XIV também trouxe ao discurso a Carta Apostólica Summa familiae cura, do Papa Francisco, que instituiu o próprio centro internacional de alta formação acadêmica, para recordar sobre a missão junto às famílias para que “nunca falte a perspectiva pastoral e a atenção às feridas da humanidade”. E, através das indicações da Constituição apostólica Veritatis gaudium, também de Francisco, sobre as universidades e as faculdades eclesiásticas, Leão XIV encorajou a continuar explorando “uma teologia que cultive um pensamento aberto e dialógico, uma cultura ‘do encontro entre todas as culturas autênticas e vitais'”. Além disso, “como compromisso adicional”, disse ele, pediu para “aprofundar o vínculo entre a família e a doutrina social da Igreja”, através de duas direções complementares:
“A de inserir o estudo sobre a família como capítulo imprescindível do patrimônio de sabedoria que a Igreja propõe sobre a vida social e, reciprocamente, a de enriquecer esse patrimônio com as experiências e as dinâmicas familiares, para compreender melhor os próprios princípios do ensinamento social da Igreja.”
Atenção às ideologias que confundem os corações dos jovens
O Pontífice também encorajou professores e estudantes a prosseguir o “caminho sinodal como parte integrante da formação. Especialmente em uma universidade internacional, é necessário exercer a escuta recíproca para discernir melhor como crescer juntos no serviço ao matrimônio e à família”. No âmbito pastoral, continuou o Papa, “não podemos ignorar as tendências, em muitas regiões do mundo, de não apreciar, ou mesmo de rejeitar o matrimônio. Gostaria de convidá-los a estar atentos” no que tange à reflexão para os cônjuges se prepararem ao sacramento do Matrimônio: