Jornada Mundial da Juventude, tempo de graça para a Igreja no Brasil
[dropcap]O[/dropcap] Apóstolo Paulo, na I Epístola aos Coríntios, falando dos carismas, destaca também a palavra de sabedoria como um dos dons que se pode manifestar na comunidade (cf. I Cor 12,8). Existem acontecimentos na Igreja que não deixam dúvidas que a sua inspiração veio de Deus. A JMJ é um destes acontecimentos. Os frutos que ela tem produzido na Igreja, não deixam dúvidas de que foi uma palavra de sabedoria que o Espírito Santo concedeu à Igreja, através do Papa Beato João Paulo II.
A preparação remota
A JMJ surgiu a partir de encontros internacionais do Papa Beato João Paulo II com a juventude, que se deram nos anos de 1984 e 1985. Com o tempo a JMJ tornou-se um acontecimento de tal amplitude que passou a exigir uma longa preparação, principalmente no país onde ela é realizada.
Além da exigente preparação no aspecto organizacional, há uma preparação no âmbito da divulgação e da espiritualidade. Nestes aspectos, como pudemos verificar aqui no Brasil, a preparação se dá de modo privilegiado, através da peregrinação dos Símbolos da JMJ: a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora.
Por onde estes símbolos passaram houve um verdadeiro despertar na caminhada dos jovens e de toda a comunidade. Isto se constituiu como um verdadeiro marketing do evento. Mas o aspecto mais rico foi a preparação espiritual. As assembleias que se formaram em torno dos Símbolos da Jornada foram verdadeiras alavancas de oração em prol do evento.
A preparação imediata
A partir de 1997, as JMJ passaram a ter uma preparação imediata mais organizada. As experiências de acolhimento dos jovens, principalmente oriundos de outros países, nos dias que precediam as jornadas, deram origem às “pré-jornadas” ou “dias nas dioceses”. No Brasil, este período foi chamado de Semana Missionária.
A nossa diocese participou ativamente da pré-jornada, recebendo cerca de mil e quinhentos peregrinos, de dez países, durante a Semana Missionária, de 15 a 21 de julho. Foi uma experiência riquíssima de intercâmbio eclesial, que trouxe um novo ânimo aos nossos jovens. O encontro realizado no Parque da Cidade, em 20 de julho, chamado de Dia da Amizade, foi muito bem participado repetindo o sucesso do Bote Fé.
Expressamos os agradecimentos aos padres e suas comunidades que não mediram esforços para acolher bem os peregrinos. Agradecemos de modo especial às famílias que abriram as portas de suas casas e de seus corações, dando em nome de nossa diocese, um bonito testemunho de acolhimento e partilha.
O ponto alto, a jornada
Como todos puderam acompanhar através dos meios de comunicação social, especialmente da televisão, a Jornada é um acontecimento emocionante que causa um profundo impacto na vida daqueles que dela participam. Como participante da Jornada, pude escutar densos testemunhos de vida cristã da parte dos jovens e percebi o quanto eles estão sedentos de Deus.
É importante destacar que a realização da Jornada não se dá apenas através das grandes concentrações nos atos centrais, mas também de inúmeros encontros menores, nos quais é possível uma partilha e formação mais próximas. Na JMJ do Rio de Janeiro, houve duzentos e setenta e três locais de Catequese e Celebrações Eucarísticas, divididos por grupos linguísticos. Nestes encontros, cerca de trezentos bispos, oriundos não só do Brasil, mas também de outros países, ministraram temas catequéticos e presidiram Eucaristias.
A participação dos Papas nas Jornadas é fator de grande enriquecimento e contribui para que o evento tenha a amplitude que tem. No caso do Papa Francisco, com sua simpatia e capacidade de comunicação com as massas, isto foi ainda mais expressivo.
O desafio da Pós-Jornada
Um acontecimento transcendente como a JMJ deve motivar os trabalhos existentes e inspirar iniciativas evangelizadoras novas, principalmente em relação aos jovens. Neste aspecto são muito oportunas as palavras do Papa Francisco na Missa com os bispos, sacerdotes e seminaristas, celebrada na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.
“Ajudemos os nossos jovens a descobrir a coragem e a alegria da fé, a alegria de ser pessoalmente amados por Deus, que deu o seu Filho Jesus para nossa salvação. Eduquemo-los para a missão, para sair, para partir. Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados a si, como uma galinha com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta fora para procurar e encontrar”.
Padre Djalma Lopes de Siqueira
Administrador Diocesano