“De geração em geração, a sua misericórdia”, é o tema da Mensagem que encontra numa passagem do Evangelho de Lucas a sua inspiração.

“O tema leva-nos a um encontro abençoado: o encontro entre Maria, jovem, e sua parente Isabel, idosa”, escreve o Papa logo no início da Mensagem recordando que Isabel “cheia de Espírito Santo, dirige à Mãe de Deus palavras que, dois milénios depois” são pronunciadas em oração: “Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”.

“O Espírito Santo, que já tinha descido sobre Maria, sugere-Lhe como resposta o Magnificat, onde proclama que a misericórdia do Senhor se estende de geração em geração”, ressalta o Papa no seu texto.

Guardar a memória e abrir à esperança

Francisco escreve ainda que “o Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos. De facto, Deus quer que os jovens, como fez Maria com Isabel, alegrem os corações dos anciãos e extraiam sabedoria das suas experiências. Mas o primeiro desejo do Senhor é que não deixemos sozinhos os idosos, que não os abandonemos à margem da vida, como hoje, infelizmente, acontece com demasiada frequência”, assinala o Santo Padre.

Nesta Mensagem o Papa Francisco ressalta com especial relevo a proximidade entre o Dia dos Avós e dos Idosos e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

“No tema de ambas, sobressai a «pressa» de Maria quando visita Isabel, levando-nos assim a refletir sobre a ligação entre jovens e idosos”, escreve o Papa.

“O Senhor espera que os jovens, ao encontrar os idosos, acolham o apelo a guardar as memórias e reconheçam, graças a eles, o dom de pertencerem a uma história maior. A amizade duma pessoa idosa ajuda o jovem a não cingir a vida ao presente e a lembrar-se que nem tudo depende das suas capacidades. Por sua vez, aos mais velhos, a presença dum jovem abre à esperança de que não se perderá tudo aquilo que viveram e se vão realizar os seus sonhos”, diz Francisco.

Para o Santo Padre, “o caminho de Maria e o acolhimento de Isabel abrem as portas à manifestação da salvação”. “Quero convidar cada um a pensar naquele encontro; mais ainda, a fechar os olhos e imaginar, como numa foto instantânea, aquele abraço entre a jovem Mãe de Deus e a mãe idosa de São João Batista; representá-lo na mente e visualizá-lo no coração, para o fixar na alma como um luminoso ícone interior”, escreve o Papa.

Francisco convida “a passar da imaginação à vida concreta” pedindo que seja feito “algo para abraçar os avós e os idosos”. “Não os deixemos sozinhos; é preciosa a sua presença nas famílias e nas comunidades: dá-nos a noção de partilhar a mesma herança e de fazer parte dum povo em que se preservam as raízes. Sim! São os idosos que nos transmitem a pertença ao santo Povo de Deus. A Igreja e de igual modo a sociedade precisam deles. É que os idosos entregam ao presente um passado necessário para construir o futuro. Honremo-los, não nos privemos da sua companhia nem os privemos da nossa. Não permitamos que sejam descartados”, diz o Santo Padre.

A visita dos jovens e a oração dos avós e idosos

Na sua Mensagem para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, o Papa convida as dioceses e as paróquias a colocarem “no centro a alegria transbordante dum renovado encontro entre jovens e idosos”.

Em particular, o Papa Francisco lança um desafio aos jovens que estão a preparar-se para a JMJ de Lisboa pedindo-lhes para visitarem os mais idosos.

“A vós, jovens, que estais a preparar-vos para partir para Lisboa ou que vivereis a Jornada Mundial da Juventude na própria localidade, quero dizer: antes de sair para a viagem, ide visitar os vossos avós, fazei uma visita a um idoso sozinho. A sua oração proteger-vos-á e levareis no coração a bênção daquele encontro”, escreve o Papa.

Francisco faz também um apelo especial aos idosos para que rezem pelos jovens “que estão prestes a celebrar a JMJ”.

“A vós, idosos, peço para acompanhardes com a oração os jovens que estão prestes a celebrar a JMJ. Aqueles jovens são a resposta de Deus aos vossos pedidos, o fruto daquilo que semeastes, o sinal de que Deus não abandona o seu povo, mas sempre o rejuvenesce com a criatividade do Espírito Santo”, pede o Papa.

Gratidão pelo apoio durante o internamento hospitalar

Recordemos que o Papa Francisco esteve hospitalizado de 7 a 16 de junho para uma intervenção cirúrgica a uma hérnia abdominal. Após este tempo no Hospital Agostino Gemelli em Roma, o Santo Padre já regressou ao trabalho no Vaticano tendo presidido à oração do Angelus no domingo 18 de junho, a partir da Janela do Palácio Apostólico. No início da sua alocução a todos agradeceu o apoio recebido nos últimos dias.

“Desejo expressar a minha gratidão a todos aqueles que durante os dias do meu internamento no Policlínico Gemelli me demonstraram afeto, cuidado e amizade. E asseguraram-me o apoio da oração. Essa proximidade humana e espiritual foi para mim de grande ajuda e conforto. Obrigado a todos. Obrigado a vós. Obrigado de coração”, disse o Papa.

Laudetur Iesus Christus