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Artigos › 26/09/2016

Humildade, uma virtude esquecida

Um famoso pintor de retratos disse que jamais encontrou uma pessoa que, enquanto “pousasse” para ser retratada, não estivesse constantemente a falar de si. É lógico que é um desejo inconsciente de impressionar o artista com a própria importância para que ele pudesse, quem sabe, colocar na tela a sua “alma”. É, porém, mais provável que o hábito do egoísmo já esteja tão profundamente enraizado, que o autoelogio seja automático e se exiba em qualquer lugar e diante de qualquer pessoa.

Os indivíduos ricos, talvez sejam os mais “exibidos” embora inconscientemente. Confundindo o “ter” com o “ser”, pensam eles que, desde que possuam bens materiais, são necessariamente grandes e importantes. Pessoas assim, dominadas pelo orgulho e pela presunção, estão mais sujeitas aos aborrecimentos e à ansiedade do que aqueles que não o são, pois toda e qualquer dificuldade, por pequena que seja, fere profundamente a sua sensibilidade doentia. Nada contribui tanto para o egoísmo, o orgulho, a vaidade, o amor próprio do que o complexo de inferioridade. Se, com o fim de esconder em si mesmo os seus medos e complexos o indivíduo pisa seus semelhantes para tomar o seu lugar, torna-se prisioneiro de um egoísmo que podemos dizer que é satânico. Dominado pelo mal, seu comportamento egoísta e competitivo torna-se o modelo de seu comportamento diário: depreciação dos esforços dos outros, excessiva sensibilidade para qualquer ofensa pessoal e dureza para com os sentimentos dos outros. Nos discursos modernos raras vezes se pronuncia ou se observa a palavra e a virtude da humildade, basta ver os “viva eu” dos políticos, que raramente reconhecem os feitos e os valores dos adversários. A humildade não é autodepreciação, pois um artista talentoso não pode negar que sabe cantar bem.

Humildade é ver-se a si próprio tal como é, e não como pensa que é, nem como o público crê que ele seja, ou como as notícias da imprensa o descrevem. O homem humilde não fica abatido perante as censuras ou indiferenças dos outros. A pessoa verdadeiramente humilde sabe perdoar e pedir perdão. A humildade não corre atrás de elogios, honrarias e aprovação. O elogio deixa o homem humilde constrangido, ele sabe que quaisquer dons que possua foi Deus que lhe deu. Ele recebe o reconhecimento tal como uma janela recebe a luz. O homem realmente humilde, embora seja importante, desde que possua esta virtude, não sopra as trombetas da fama, não solicita lisonjas, não pousa de “santinho” na imprensa e não faz alarde de sua própria honestidade, se é que a possui.

A humildade é caminho aberto para o conhecimento. Jamais o cientista teria descoberto os segredos do átomo se, na sua vaidade, ele dissesse ao átomo o que pensava que ele deveria fazer; mas apenas por aceitar a sua verdade.

Somente os humildes chegam ao conhecimento da verdade. Muitos não aceitam, por exemplo, a fé, porque o orgulho, os impede de aceitar aquilo que não podem explicar ou controlar. Somente os espíritos dóceis podem amar de verdade o seu próximo. O orgulho torna o homem insolúvel e, portanto, impede a sua fusão com os outros.

A humildade, pelo contrário, devido à sua receptividade básica para o bem do próximo, permite-lhe a possibilidade de receber as alegrias da união com Deus.

Eis porque Jesus sugere que os doutores voltem a ser crianças.

Padre Luís Fernando Soares
Pároco da Paróquia Espírito Santo, Jardim Satélite

1 Comentário para “Humildade, uma virtude esquecida”

  1. José Aldo Buarque de Mendonça disse:

    A humildade juntamente com a simplicidade é para o cristão um verdadeiro exercício diário de esvaziamento temporal, renunciando o que não é agradável a Deus e procurando, sempre, ter o seu coração agindo como imitador do agir de Cristo. Ele não fica procurando exibir o seu umbigo e sim mostrar o seu rosto transfigurado em Jesus. PAZ e BEM.

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