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“Fazer-se o último de todos e o servo de todos”, exorta Papa

CN Notícias

Reflexão que antecedeu o Ângelus deste domingo, 23, aconteceu em Kaunas, na Lituânia; Francisco pediu aos fiéis servidão e encontro com os mais pobres

“Fazer-se o último de todos e o servo de todos; permanecer no lugar para onde ninguém quer ir, aonde nada chega, na periferia mais distante; e servir, criando espaços de encontro com os últimos, com os descartados”. O trecho é parte da reflexão do Papa Francisco que antecedeu a oração do Ângelus deste domingo, 23. A reflexão ocorreu no parque Santakos, em Kaunas, na Lituânia, e teve como base o livro da Sabedoria, primeira leitura da Santa Missa de hoje.

Sobre o texto, Francisco recordou o incômodo dos ímpios diante da presença do justo perseguido, e caracterizou o ímpio, segundo a descrição, como uma pessoa que oprime o pobre, não tem compaixão da viúva e não respeita o idoso.

“O ímpio tem a pretensão de pensar que a sua força é a norma da justiça. Submeter os mais frágeis, usar a força sob qualquer forma, impor um modo de pensar, uma ideologia, um discurso dominante, usar a violência ou a repressão para dobrar aqueles que, simplesmente com o seu agir honesto, simples, operoso e solidário de todos os dias, manifestam que é possível outro mundo, outra sociedade. Ao ímpio, não lhe basta fazer o que lhe apraz, deixar-se guiar pelos seus caprichos; também não quer que os outros, fazendo o bem, ressaltem este seu modo de proceder. No ímpio, o mal procura sempre aniquilar o bem”, observou.

O Santo Padre recordou a destruição do Gueto de Vilna, na Lituânia, ocorrida há cinco anos, que culminou no aniquilamento de milhares de judeus. “À semelhança do que se lê no livro da Sabedoria, o povo judeu passou por ultrajes e tormentos. Façamos memória daqueles tempos e peçamos ao Senhor que nos conceda o dom do discernimento para descobrir, a tempo, qualquer novo germe daquele comportamento pernicioso, qualquer aragem que atrofie o coração das gerações que, não o tendo experimentado, poderiam correr atrás daqueles cantos de sereia”, pontuou.

Diante das tentações, o Pontífice recordou situações que devem levar os fiéis a repensarem conceitos e atitudes. “Devemos vigiar atentamente: a ânsia de ser os primeiros, de predominar sobre os outros; tentação esta, que pode esconder-se em todo o coração humano. Quantas vezes sucedeu que um povo se julgou superior, com mais direitos adquiridos, com maiores privilégios a preservar ou conquistar!”, alertou Francisco que apontou a humildade e servidão como remédios propostos por Jesus diante de tais impulsos e mentalidades.

Para o Santo Padre, se o poder se deixasse guiar pelos ensinamentos de Jesus e se permitíssemos ao Evangelho de Cristo chegar às profundezas da vida humana, então a globalização da solidariedade seria verdadeiramente uma realidade. “Enquanto no mundo, especialmente alguns países, se reacendem várias formas de guerras e conflitos, nós, cristãos, insistimos na proposta de reconhecer o outro, de curar as feridas, de construir pontes, de estreitar laços e de nos ajudarmos a carregar as cargas uns dos outros”, suscitou.

“Na Lituânia, há uma colina das cruzes onde milhares de pessoas, através dos séculos, plantaram o sinal da cruz. Convido-vos, enquanto rezamos o Angelus, a pedir a Maria que nos ajude a plantar a cruz do nosso serviço, da nossa dedicação onde precisam de nós, na colina onde moram os últimos, onde se requer a delicada atenção aos excluídos, às minorias, para afastar dos nossos ambientes e das nossas culturas a possibilidade de aniquilar o outro, marginalizar, continuar a descartar quem nos incomoda e perturba as nossas comodidades”, exortou.

Depois do Angelus

Após a oração do Ângelus, Francisco agradeceu a Presidente e autoridades da Lituânia, bem como aos bispos e seus colaboradores pela preparação da visita apostólica. “Minha gratidão estende-se a todos aqueles que de muitas maneiras, incluindo a oração, prestaram a sua contribuição”, afirmou.

Na tarde deste domingo, 23, Francisco rezará diante do Monumento das Vítimas do Gueto em Vilna, no septuagésimo quinto aniversário da sua destruição. “O Altíssimo abençoe o diálogo e empenho comum pela justiça e a paz”, rogou.

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