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Notícias da Diocese › 18/10/2018

Entrevista: Ser missionário

O mês de outubro nos chama atenção para a realização das atividades missionárias no Brasil e no mundo.

Nossa Diocese, há anos, se destaca no trabalho missionário em território diocesano, mas também fora dos limites geográficos de nossa região. Quantos padres, religiosas, leigas e leigos, que nesses 37 anos de história, participaram de missões na Amazônia, no Mato Grosso, em Dombe, no continente africano e outros cantos do mundo.

Atualmente a Diocese colabora com o Projeto Missionário “Sul 1 – Norte 1” da CNBB Estado de São Paulo, com as atividades do Padre Fabiano Kleber Cavalcante do Amaral, do clero de São José dos Campos, que assumiu, em fevereiro desse ano, como reitor, a Paróquia Santuário São Francisco, em Anamã/AM.

Conversamos com o sacerdote sobre suas atividades por lá e sobre o “ser missionário”. Confira a entrevista.

Jornal Expressão: Padre, como brotou a vontade de fazer missão? E como conheceu o projeto missionário do Regional Sul 1?

Pe. Fabiano: Essa vontade de fazer missão despertou ainda na época em que apenas participava dos encontros vocacionais da Diocese. Depois ela foi sendo alimentada no seminário, e cada vez mais, fui entendendo que essa possibilidade estava mais perto de mim. Quando me ordenei e comecei a participar de encontros de assessores da CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), fui conhecendo outros padres que viviam essa realidade missionária, e assim, comecei a me preparar para esse chamado da Igreja.

Quanto ao Projeto Missionário do Regional Sul 1, tive conhecimento já no período do seminário, pois cheguei a conversar com alguns professores, que me informaram sobre os projetos de Igrejas irmãs, que trabalham com missão, tanto no Brasil, como em outros continentes.  

Jornal Expressão: Desde a sua chegada em Anamã/AM, como tem sido os trabalhos por aí?

Pe. Fabiano: Eu cheguei dia 5 de fevereiro deste ano.  Nos dois primeiros meses tive que me adaptar à realidade, com o clima (muito quente), alimentação, cultura e até a religiosidade popular. Cheguei a ficar muito doente, quase quinze dias, com febre, dor na garganta e moleza no corpo, mas graças a Deus e aos cuidados do povo, melhorei. Depois desse período, fui me adaptando à realidade religiosa, com as missas, práticas devocionais, novenários, e festejos comunitários. Pois, todas as 17 comunidades da Paróquia tem dois santos padroeiros, e assim, realizam-se dois festejos ao ano, em cada comunidade.

Fui aos poucos me entrosando com as comunidades, e hoje já temos instituído na paróquia um CAEP (Conselho Administrativo Econômico Paroquial), um CPP (Conselho Pastoral Paroquial) e comissões de coordenação em cada uma das comunidades urbanas e ribeirinhas. Também, iniciamos, agora no segundo semestre, uma Escola da Fé, com aulas semanais, livre pra toda a comunidade. E agora, de 24 de setembro a 4 de outubro, estivemos todos envolvidos no festejo de São Francisco do Anamã, padroeiro paroquial e da cidade.

Jornal Expressão: Como definiria o “ser missionário” hoje?

Pe. Fabiano: Todos somos enviados por Deus para uma missão, e cada um responde a esse envio de uma forma diferente e em momento diferente. Acredito que a realidade de missão é ser para o outro e viver para o outro e no meu caso, é como se estivesse começando do zero: aprender a viver novamente, crescer junto, doando o tempo, as circunstâncias e às pessoas. Ser missionário é viver na prática a experiência realizada pelos Apóstolos, quando o Senhor os chamou: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”. Não há glória maior do que caminhar com Ele – Jesus, sabendo que está aprendendo na sua escola e que cada pessoa que você encontra, nela está sua felicidade, a razão pela qual o Senhor nos envia: “Ide por todo o mundo …”.

Jornal Expressão: Muitas pessoas ainda resistem ao chamado à missão. Qual seria sua mensagem para essas pessoas?

Pe. Fabiano: Gostaria apenas de dizer, que por mais que nossos medos nos prendam, o Senhor nos liberta: não tenham medo de caminhar e aprender com Jesus. Às vezes, a comodidade e a facilidade nos aprisionam e não nos fazem enxergar o quanto o mundo e as pessoas carecem de nós e precisam da nossa presença, da nossa escuta, da nossa companhia.

Façamos da nossa vida e do nosso ministério como fez São Francisco: “Vamos evangelizar, se preciso for, façam uso da palavra”. Creio que essa é a nossa missão, que bom seria se todos os sacerdotes pudessem viver essa experiência, que todos os cristãos, compreendessem que essa missão é de todos nós – batizados e batizadas, e de todos os seguidores de Cristo. Ele quer uma Igreja viva, missionária, que viva a adesão a Ele fora das nossas seguranças e comodidades. Paz e bem a todos! Que Deus os abençoe!

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