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Em entrevista coletiva, bispos falam sobre laicato, questão indígena e atual conjuntura

CNBB

Entre os temas abordados na coletiva desta quinta-feira, 16, estiveram a conjuntura social e eclesial, a questão indígena no país e o laicato. Concederam entrevista à imprensa o  arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani João Tempesta; o bispo do Xingu (PA) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Erwin Krautler; e o bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, dom Severino Clasen.

A entrevista foi conduzida pelo porta-voz da 53ªAssembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),  dom Dimas Lara Barbosa.

Na oportunidade, dom Dimas lembrou que o tema central da Assembleia de 2015 são as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) para o quadriênio de 2015 a 2019.

O também porta-voz da Conferência também mencionou que na sessão de hoje, os bispos cantaram parabéns ao papa Bento XVI que celebra, neste dia 15, 88 anos.

Conjuntura social e eclesial

Cardeal Orani João Tempesta retomou as análises de conjuntura social e eclesial, apresentadas na tarde de ontem, 15, respectivamente pelo ex-ministro Rubens Ricupero e pelo monsenhor Joel Portella Amado. Segundo dom Orani, “os dois assuntos ajudam a situar o trabalho dos bispos diante da necessidade de evangelização, de missão da Igreja na sociedade, como lembrou o tema da Campanha da Fraternidade 2015”.

 “A grande questão que temos na conjuntura eclesial diz respeito às mudanças culturais e ao aprofundamento das diretrizes, para que, de fato, a evangelização possa acontecer nesse cenário”, explicou o cardeal.

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Outro tema da 53ª Assembleia, “Os cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”, foi apresentado por dom Severino Clasen. “É uma satisfação poder compartilhar com a imprensa o que temos construído sobre os cristãos leigos e leigas”, adiantou o bispo.

“Ano passado chegamos a esse texto de estudos nº 107 da CNBB, ‘Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade – luz do mundo e sal da terra’. Agora, teremos uma nova versão, atualizada de acordo com sugestões e contribuições recolhidas de grupos, regionais e dioceses, ao longo do último ano”, disse dom Severino. Segundo ele, “o desejo dos bispos é que o texto 107 continue a trazer avanços, para que os leigos assumam seu papel no mundo e, assim, caminhem rumo a um mundo mais fraterno”.

O presidente da Comissão para o Laicato falou também, durante a coletiva, sobre os assassinatos de cristãos mundo afora e que são pouco divulgados. “Não podemos nos calar diante dessas injustiças”, pediu.

Questão Indígena

“Paixão é o que move”, respondeu dom Erwin Kräutler ao ser apresentado por dom Dimas como um bispo que mesmo vivendo sob ameaça de morte em decorrência de seu trabalho, não perde a paixão pelo que faz.

Dom Erwin falou à imprensa que até pouco tempo atrás o Xingu era sinônimo de presença indígena, mas “de um tempo pra cá o Xingu remete à usina de Belo Monte, hidrelétricas e até lava-jato”.

O bispo lembrou que, na época da Assembleia Constituinte, à frente do Cimi, esteve aliado aos índios na luta e conquista por direitos, que encheram o país de orgulho. Entretanto, dom Erwin ressalta que os direitos não são cumpridos.

“O tempo passa e apesar do prazo para a demarcação das terras indígenas terem expirado em 1993, permanecemos até hoje sem que tenha sido efetivamente feito. Deixar as terras indígenas sem demarcação é deixar escancaradas as portas para a exploração, qualquer ocupação. A grande parte das violências contra povos indígenas estão de certa maneira ligadas aos conflitos de terra”, disse. De acordo com o bispo do Xingu, a paralisação das demarcações de terras indígenas está ligada aos interesses do agronegócio, que cada vez conquista mais representantes no congresso.

“Eu me pergunto sobre o que é defender o interesse nacional. Interesse de quem, da nação ou de alguns? Eu acho que estão defendendo o interesse de alguns em detrimento dos mais fracos, dos povos que vivem lá, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, não fomos perguntados. Inclusive, a situação é inconstitucional, uma vez que as decisões interessadas à região são tomadas pelo Congresso, em Brasília, quando os povos indígenas deveriam ser consultados no que diz respeito às suas áreas”, defendeu dom Erwin.

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