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Dom João Justino: “O humanismo solidário representa a perspectiva antropológica da Igreja”

 

Os desafios éticos e humanos da era digital estiveram no centro de reflexões e debates do IV Congresso Brasileiro de Humanismo Solidário na Ciência, realizado entre os dias 15 e 18 de outubro, na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), em Goiânia (GO). O evento foi uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC) e da Comissão Episcopal para a Cultura e a Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A abertura do Congresso teve a presença do arcebispo de Goiânia (GO) e primeiro vice-presidente da CNBB, dom João Justino de Medeiros Silva. Como grão-chanceler da PUC Goiás e arcebispo local, ele manifestou a alegria e o reconhecimento por acolher o evento na capital goiana.

“Este congresso é resultado de um projeto de leigos, professores e professoras universitários que, vindos das experiências de pastoral universitária, sentiram a necessidade de levar para o nível acadêmico a relação entre ciência e fé. O humanismo solidário representa a perspectiva antropológica da Igreja, a maneira como, à luz da fé, ela vê o ser humano”, destacou.

O congresso integrou a programação do XI Congresso de Ciência, Tecnologia e Inovação da PUC Goiás. O tema central proposto foi “Humanismo e Esperança no Horizonte da Inteligência Artificial”, favorecendo um amplo debate sobre a dimensão ética das profissões, a integralidade do ser humano e a solidariedade cristã no contexto dos avanços tecnológicos.

O presidente da SBCC, professor Tiago Paulino, do CEFET-MG, destacou a relevância da iniciativa. Para ele, a importância do congresso é a possibilidade de trabalhar “com o paradigma do humanismo solidário e do humanismo cristão nas diferentes áreas do conhecimento acadêmico”.

“É fundamental começar a enxergar a pesquisa a partir dessa ótica [do humanismo solidário e do humanismo cristão], que permite desenvolver conhecimento em todas as áreas sob essa perspectiva”, afirmou.

Ao abordar o tema da edição, Paulino explicou que a inteligência artificial está no centro das discussões contemporâneas sobre ética e ciência. “Buscamos trazer para essa discussão as preocupações éticas que precisam estar por trás do desenvolvimento da IA. Além disso, queremos refletir sobre como podemos usar essas ferramentas no dia a dia para impulsionar a pesquisa e contribuir com o desenvolvimento acadêmico e social”, completou.

A pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da PUC Goiás, professora Priscila Valverde, que preside o XI Congresso de Ciência e Tecnologia, ressaltou que o evento reforça o papel da universidade como promotora do diálogo entre fé, razão e inovação científica.

“É um privilégio integrar na nossa programação um congresso que coloca em evidência a ética, a solidariedade e a esperança como fundamentos da produção científica. A discussão sobre a inteligência artificial, sob a ótica do humanismo solidário, é essencial para o futuro da ciência e da sociedade”, afirmou.

Desafios éticos e humanos na era digital

Com três grandes áreas temáticas — Ciências da Vida, Humanidades e Ciências Exatas e Tecnológicas —, o IV Congresso Brasileiro de Humanismo Solidário na Ciência reuniu pesquisadores, docentes e estudantes de diversas instituições para debater os desafios éticos e humanos da era digital.

Foram realizados diversos momentos de reflexão e intercâmbio acadêmico, incluindo conferências, mesas temáticas, minicursos, apresentações de trabalhos científicos, lançamentos de livros e atividades de espiritualidade.

A professora Sumaia Midlej, presidente do Congresso pela SBCC, destacou o caráter ético e humanista que norteou as discussões sobre as inteligências artificiais.

“Com a popularização das inteligências artificiais, a sociedade e o mundo acadêmico, além de experimentarem as suas potencialidades, também têm feito a experiência dos seus efeitos deletérios. É em razão disso que nestes dias estamos nos ocupando de refletir sobre como o humanismo cristão pode contribuir no desenvolvimento e no uso das inteligências artificiais em vista da construção de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna”, afirmou.

A jornalista e doutoranda em Geografia pela PUC Minas, Janaína Santos, ressaltou que o congresso foi um espaço valioso de aprendizado, permitindo conhecer iniciativas acadêmicas de cientistas, professores e estudantes católicos de todo o Brasil, que promovem um humanismo solidário guiado pela Doutrina Social da Igreja, influenciando a sociedade e a vida eclesial com respostas e caminhos diante dos desafios contemporâneos.

 

Balanço

Ao todo, o evento contou com 64 trabalhos apresentados, 125 autores, 16 horas de programações acadêmicas, 94 instituições participantes e aproximadamente 600 inscritos, configurando uma das edições mais representativas desde a criação do congresso.

Para a SBCC, o IV Congresso Brasileiro de Humanismo Solidário na Ciência reafirmou o propósito original da entidade de promover o encontro fecundo entre fé e razão, ciência e espiritualidade, oferecendo ao mundo acadêmico uma visão cristã do conhecimento e da dignidade humana. Ao reunir pesquisadores, professores e estudantes comprometidos com o diálogo entre a tradição da Igreja e os desafios contemporâneos, o congresso renovou a convicção de que o humanismo cristão permanece como caminho seguro para pensar a ciência a serviço da vida, da solidariedade e da esperança.

A Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos também realizou sua Assembleia Geral Ordinária, no último dia do encontro. Foram aprovadas a reforma do Estatuto Social e a eleição de novos vice-presidentes — o professor doutor Everton Oliveira, para a Vice-Presidência Científica, e o padre mestre Danilo Pinto dos Santos, para a Vice-Presidência Teológico-Pastoral.

A assembleia também consolidou a constituição dos representantes regionais da SBCC e a criação dos novos comitês de pesquisa, fortalecendo a estrutura nacional da entidade e ampliando sua presença acadêmica e pastoral em todo o país. Essas decisões marcam um avanço significativo na organização da SBCC, reafirmando seu compromisso com a excelência científica e a fidelidade à identidade católica.

 

Comissão para a Cultura e a Educação

Da parte da Comissão para a Cultura e a Educação da CNBB, participaram do evento o bispo de Luziânia (GO) e referencial do Setor Educação, dom Francisco Agamenilton Damascena, e o assessor do Setor Universidades, padre João Paulo dos Santos Silva.

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