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Decretos e Comunicados › 14/02/2023

Decreto sobre a oferta da vida: Franz de Castro Holzwarth

No dia 17 de dezembro de 2022, o Papa Francisco assinou um decreto aceitando e confirmando os votos do Dicastério para as Causas dos Santos, e declarou: Constam a oferta da vida até a morte por motivo da Caridade, assim como as Virtudes cristãs exercidas pelo menos em grau ordinário, pelo Servo de Deus Francisco De Castro Holzwarth, Fiel Leigo, no caso e para os fins em questão. Com isso o Servo de Deus Franz de Castro, agora é classificado com o Venerável.

Confira abaixo o decreto na íntegra traduzido do Latim.

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DECRETO SOBRE A OFERTA DA VIDA

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«Ninguém tem maior amor do que este: dar a sua vida pelos seus amigos» (Jo 15,13)

Durante o estudo da causa de beatificação e canonização do Servo de Deus Franz de Castro Holzwarth, tornou-se cada vez mais claro que ele perseverou virtuosamente até a morte na oferta voluntária e livre de sua vida em nome da caridade. À luz do Motu proprio do Santo Padre Francisco Maiorem hac dilectionem de 11 de julho de 2017, decidiu-se, portanto, encontrar em sua história os elementos peculiares da oferta da vida.

Franz de Castro Holzwarth nasceu em 18 de maio de 1942 em Barra do Piraí, no estado do Rio de Janeiro. Após concluir os estudos universitários de direito e obter o título de advogado, inscreveu-se na Ordem dos Advogados do Brasil e passou a exercer a advocacia em Jacareí, no Estado de São Paulo, em 1968. Alguns anos depois, superada a recusa e o medo que sentia em relação ao ambiente carcerário, começou a colaborar com a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, fundada por Mario Ottoboni em São José do Campos, para recuperação e reintegração de presos. Ele entendeu que essa era sua vocação de leigo. Em 1975 ingressou formalmente na Associação, dedicando todo o seu tempo livre ao apostolado na prisão e preparando os presos para receberem o sacramento da Confirmação. Com profunda simplicidade, humildade e prudência, ouvia os presos e as suas histórias, rezava com eles e testemunhava-lhes a sua fé, numa relação crescente de confiança recíproca. Em nome da esperança cristã, ele estava firmemente convencido da possibilidade de sua reabilitação pessoal, social e religiosa. Ficou claro que o Servo de Deus não só fez suas as finalidades de caridade e promoção humana da Associação, mas, no papel de evangelizador, dava um cunho espiritual particular ao trabalho que realizava com os presos. Começou a exercer essa atividade apostólica, além de São José do Campos, também no presídio de Jacareí, pertencente à mesma circunscrição eclesiástica, onde a Associação ainda não estava presente. Ao optar por desenvolver o seu apostolado num ambiente notoriamente violento e turbulento como a prisão, o Servo de Deus aceitou expor-se a uma situação de habitual risco.

Em 14 de fevereiro de 1981, eclodiu no presídio de Jacareí uma revolta de doze presos que, exigindo meios e garantia de fuga, mantiveram com eles alguns reféns. Intervindo a Polícia Militar no local, foi pedido ao Servo de Deus e a Mario Ottoboni para assumirem um papel de mediação. Um primeiro grupo de reféns foi libertado. Vendo, porém, que a situação tinha chegado a um impasse e, de fato haviam certos atos de intimidação, de ambos os lados, e o clima se tornava cada vez mais tenso, Franz de Castro Holzwarth, para sair do impasse que se instalara e evitar desfechos piores para todos, deu um passo a mais na proposta, sem que ninguém lhe sugerisse ou impusesse, que ele mesmo assumisse o lugar de um dos reféns, um agente da Polícia Militar. Ele tinha plena consciência do risco que corria, ainda mais sabendo que, uma vez libertado o companheiro refém, nada poderia razoavelmente impedir a polícia de atirar nos presos rebeldes. E assim, uma vez que só o Servo de Deus ficou com os revoltosos, os soldados começaram a atirar e ele, junto com vários detentos, foi atingido por mais de vinte tiros e foi morto.

Em Franz de Castro Holzwarth, a oferta gratuita e voluntária da vida é o ápice de um autêntico exercício das virtudes cristãs. Com efeito, era um jovem leigo, capaz de testemunhar a sua fé sem vergonha nem hipocrisia. A caridade, em particular, era a alma de seu generoso serviço aos detentos. Seu amor por seus irmãos era concreto. Sua morte, que ocorreu no contexto de uma conclusão nefasta moralmente certa, foi considerada uma verdadeira e própria doação da vida por amor ao próximo. Em torno dele, portanto, desenvolveu-se constantemente tal fama de santidade que levou à abertura da sua causa de beatificação e canonização.

O inquérito diocesano decorreu na Cúria Eclesiástica de São José do Campos de 6 de março de 2009 a 22 de dezembro de 2010. A Congregação para as Causas dos Santos emitiu o Decreto de validade jurídica em 18 de maio de 2011. A Positio sobre a oferta da vida foi submetida ao exame dos Consultores Teológicos, que em 9 de março de 2021 se pronunciaram favoravelmente. Os Padres Cardeais e Bispos, reunidos em Sessão Ordinária em 11 de outubro de 2022, reconheceram a existência de todos os critérios, estabelecidos para comprovar o oferecimento de vida de Franz de Castro Holzwarth.

O abaixo-assinado Cardeal Prefeito relatou todas essas coisas ao Sumo Pontífice Francisco. Sua Santidade, aceitando e confirmando os votos do Dicastério para as Causas dos Santos, declarou hoje: Constam a oferta da vida até a morte por motivo da Caridade, assim como as Virtudes cristãs exercidas pelo menos em grau ordinário, pelo Servo de Deus Francisco De Castro Holzwarth, Fiel Leigo, no caso e para os fins em questão.

O Sumo Pontífice ordenou então que este decreto seja publicado e inserido nos atos do Dicastério para as Causas dos Santos.

Dado em Roma, no dia 17 de dezembro do ano de Nosso Senhor de 2022.

Marcello Card. Semeraro

Prefeito

X Fabio Fabene

Arciv. tit. di Montefiascone

Segretario

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1 Comentário para “Decreto sobre a oferta da vida: Franz de Castro Holzwarth”

  1. leandro francisco gimenez disse:

    louvado seja Deus pelo VENERAVEL Franz de Castro

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