Av. São João, 2650 - Jardim das Colinas, São José dos Campos - SP, 12242-000 - (12) 3928-3911
Artigos › 13/03/2017

“Cultivar e guardar a criação”

CAMPANHA DA FRATERNIDADE
“Cultivar e guardar a criação” (Gênesis 2,15)

O tempo litúrgico da quaresma comporta um forte apelo à conversão. A quaresma, na medida que celebra as últimas semanas de Cristo que voluntariamente foi à Jerusalém e voluntariamente se entregou pela nossa salvação, reforça ainda mais este apelo. Diante de um amor incondicional  Filho de Deus, não se pode ficar indiferente. Por outro lado, esta mudança de vida que a conversão exige, tem sempre uma perspectiva horizontal, pois a volta para Deus, passa necessariamente pela vivência da fraternidade.

Neste sentido a Igreja no Brasil desde a década de 60, promove cada ano no período da quaresma, a Campanha da Fraternidade. Esta iniciativa se deu em 1961, quando três padres que coordenavam a Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha de arrecadação que potenciasse os vários projetos assistenciais que a Cáritas mantinha. Assim em 1962, nascia em Natal, no Rio Grande do Norte, a Campanha da Fraternidade, que é um apelo a todos os católicos e às pessoas de boa vontade, para vivenciarem gestos de solidariedade, para que o nosso país seja mais justo e fraterno.

A Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema “Fraternidade, biomas brasileiros e defesa da vida” e como lema “Cultivar e guardar a criação” (Gênesis 2,15). “A expressão bioma vem de ‘bio’, que em grego quer dizer ‘vida’ e ‘oma’, sufixo também grego que quer dizer massa, grupo ou estrutura de vida. Um bioma é um conjunto de vida (animal ou vegetal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional. (…) No Brasil temos seis biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa” (Texto Base CF 2017, Introdução).

Um juízo superficial pode achar estranho que a Igreja trate de temas como este. No entanto ela entende que tudo o que toca a vida humana diz respeito à sua missão. A vida em plenitude que Cristo veio nos trazer (conferir João 10,10) é essencialmente vida na graça, mas esta existência espiritual comporta exigências e supõe também outras dimensões da vida humana. Santo Irineu disse: “a glória de Deus é a vida do homem”. Os biomas, além de serem lugares onde reside toda uma população, influenciam na qualidade de vida do nosso País e de todo o mundo.

Depois de 500 anos da chegada dos colonizadores nestas vastas terras que compõe o Brasil, precisamos nos perguntar sobre o tipo de cuidado que tivemos com os povos que aqui residiam, bem como com todo o ecossistema que aqui se achava.

Os bispos do Brasil, ao escolherem este tema para a Campanha da Fraternidade, demonstram estar em profunda sintonia com o Papa Francisco. Em maio de 2015, o Papa lançou a Laudato Si, sobre o cuidado da casa comum. Esta foi a primeira encíclica de um Papa a tratar especificamente da ecologia. Neste início do terceiro milênio em que cada vez mais aumentam as vozes que alertam para o grave perigo de um domínio desenfreado do homem sobre a natureza, a Igreja consciente que o pecado afetou a relação do ser humano, não só com Deus e com os seus semelhantes, mas também com a criação, convida os seus membros e todas as pessoas de boa vontade a uma conversão ecológica.

Atualmente no Brasil, somos mais de 200 milhões de habitantes. Desta população 80% vivem nas cidades, gerando um alto impacto no meio ambiente. Diante deste quadro desafiador, a Igreja sente a necessidade de apontar caminhos para uma ecologia integral ou seja, uma visão de respeito para com a criação que gere medidas não só no plano ambiental, mas também no plano econômico e social.

Os cristãos e todas as pessoas que reconhecem o imperativo da causa ecológica, são convidados a se apaixonarem pelo cuidado com a casa comum.  Para os discípulos e discípulas de Jesus Cristo, trata-se de “deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus” (Laudato Si, n. 217).

Pe. Djalma Lopes Siqueira
Vigário Geral da Diocese de São José dos Campos

1 Comentário para ““Cultivar e guardar a criação””

  1. Dác. Justo Baptista de Faria disse:

    Parabens Pe. Djalma, Sua colocação Sobre a Campanha da Fraternidade Foi uma verdadeira Aula Sob. a Campanha. Ótimo Adorei

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.


The reCAPTCHA verification period has expired. Please reload the page.